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Juros médios cobrados pelos bancos chegam a 42,2% ao ano em outubro

A taxa média de juros do crédito livre aumentou 10 pontos percentuais nos últimos 12 meses e atingiu 42,4% ao ano em outubro. No mês, o aumento foi de 1,7 ponto percentual, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas hoje (28) pelo Banco Central (BC).

Nas novas contratações para empresas, o custo médio do crédito atingiu 23,5% ao ano, alta de 0,5 ponto percentual no mês e de 4,6 ponto percentual em 12 meses. Nos contratos com famílias, o custo médio do crédito atingiu 56,6% ao ano, alta de 2,6 pontos percentuais no mês e de 13,4 pontos percentuais em 12 meses.

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No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. O crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, destina-se basicamente aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoa física ficou em 10,8% aa em outubro, variação positiva de 0,1 ponto percentual no mês e alta de 3,1 ponto percentual em 12 meses. Para as pessoas jurídicas, a taxa subiu 0,4 ponto percentual no mês e caiu 1 ponto percentual em 12 meses, passando para 9,8% ao ano. Assim, a taxa média do crédito direcionado atingiu 10,6% ao ano, com alta de 0,2 ponto percentual no mês e de 2,1 ponto percentual em 12 meses.

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O aumento das taxas médias de juros bancários ocorre no momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, está no maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em março do ano passado, o Banco Central iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.

A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para atingir a meta de inflação. Em outubro, a inflação subiu 0,59%, após três meses de deflação. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,7% no ano e de 6,47% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para novembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que é a prévia da inflação, também aumentou 1,17%.

A entidade avalia que a alta da Selic foi repassada para as taxas finais das diversas modalidades de crédito e não descarta a possibilidade de novas altas caso a inflação não caia conforme o esperado. A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque afeta os preços, já que os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.

Cartão de crédito
Para pessoa física, o destaque do mês foi o cartão de crédito, cujas taxas subiram 5,2 pontos percentuais no mês e 30,4 pontos percentuais em 12 meses, atingindo 95% ao ano.

No crédito rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando ele paga menos que o valor total da fatura do cartão e tem duração de 30 dias, houve alta de 8,8 pontos percentuais em outubro e alta de 57,3 pontos percentuais em 12 meses, passando para 399,5% ao ano. Após 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. No caso do cartão parcelado, os juros caíram 1,1 ponto percentual no mês e subiram 11,9 pontos percentuais em 12 meses, para 184,5% ao ano.

No cheque especial, o aumento foi de 1,8 ponto percentual em outubro e de 4,3 ponto percentual em 12 meses, passando para 132,5% ao ano. O crédito consignado cresceu 2,2 pontos percentuais no mês e 7,9 pontos percentuais em 12 meses (27,6%). E os juros do crédito pessoal consignado subiram 1,9 ponto percentual em outubro e caíram 0,1 ponto percentual em 12 meses (83,5% ao ano).

Aumento de contratações
Mesmo com a manutenção dos juros altos, em outubro, o estoque do total de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de R$ 5,214 trilhões, com aumento de 1% em relação a setembro. O resultado refletiu a redução de 0,1% no saldo das operações de crédito contratadas com pessoas jurídicas (R$ 2,097 trilhões) e o aumento de 1,8% no de pessoas físicas (R$ 3,117 trilhões).

Na comparação com iguais períodos do ano anterior, a expansão do volume de crédito desacelerou de 16,4% em setembro para 15,8% em outubro. Por segmento de crédito, o BC notou arrefecimento tanto no crescimento interanual do volume de crédito para empresas, que passou de 11,5% para 10,4%, quanto no destinado às famílias, de 20,1% para 19,7%, na mesma ordem.

O saldo credor correspondia a 54,9% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços que o país produz.

O crédito concedido ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independentemente da fonte (bancos, mercado de títulos ou dívida externa), atingiu R$ 14,568 trilhões, crescendo 1,5% no mês e 10,8% em 12 meses .

Endividamento familiar
Segundo o BC, a inadimplência (considerando atrasos superiores a 90 dias) vem se mantendo estável há muito tempo, com pequenas oscilações, e registrou 3% em outubro. Nas operações de crédito livre para pessoa física, está em 5,9% e para pessoa jurídica em 2%.

O endividamento das famílias, relação entre saldo de dívidas e receitas acumuladas em 12 meses, ficou em 49,9 em setembro, patamar que reflete o aumento das concessões de crédito. Estabilidade no mês e alta de 2,4% em 12 meses. Excluindo o financiamento imobiliário, que demanda um volume considerável de receita, era de 31,7% em setembro.

O comprometimento com a receita, relação entre o valor médio para pagamento de dívidas e o rendimento médio apurado no período, ficou em 28,7% em setembro, crescimento de 1% no mês e de 3,3% em 12 meses, recorde da série iniciada em janeiro de 2005 Para esses últimos dados, há um atraso maior no mês de divulgação, pois o Banco Central depende dos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



Fonte: Agro

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