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Ibovespa fecha em baixa e confirma segundo mês de queda

    Ibovespa fecha em baixa com Bolsonaro fazendo barulho em mercado scaled

    Por Paula Arend Laier

    SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, em meio a movimentos de realização de lucros após cinco altas consecutivas, com Lojas Renner entre as maiores quedas, com analistas do Citi enxergando um cenário desfavorável para a varejista, enquanto Cogna foi destaque positivo após ” atualização” do JPMorgan.

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    Os investidores também continuaram avaliando as linhas gerais do novo quadro fiscal do país apresentado na véspera pelo governo, com alguma desconfiança em relação às metas propostas, mas também com avaliações de que o plano reduz os riscos para a trajetória da dívida.

    Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 1,77%, a 101.882,2 pontos, após subir 5,9% nas cinco sessões anteriores. Na semana, ainda apresentou desempenho positivo de 3,09%, mas no mês registrou queda de 2,91% – a segunda consecutiva no vermelho. No ano, perde 7,16%.

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    O volume financeiro desta sexta-feira somou 26,3 bilhões de reais.

    Para Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, após uma reação mais positiva ao anúncio do quadro na véspera, analisa que a proposta não está tão boa suportada a correção negativa, principalmente após uma sequência de cinco pregões de alta.

    “Muitos comentários foram de que o plano não era tão bom quanto o esperado”, acrescentou.

    A proposta do novo arcabouço inclui uma trava para evitar que as despesas cresçam mais que as receitas, mas também terá um limite mínimo para a evolução das despesas e metas flexíveis para o resultado primário. Também prevê resultado primário zero em 2024 e superávit em 2025 e 2026.

    “Nossa avaliação é que as metas de resultados primários demandam aumento de receita para serem alcançadas”, afirmou o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, chefiado por Fernando Honorato Barbosa, em relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.

    “De qualquer forma, o quadro reduz o risco de uma trajetória não convergente da dívida pública nos próximos anos e pode contribuir para uma maior harmonização entre política fiscal e política monetária”, acrescentou.

    Para o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, a regra que limita o crescimento das despesas a 70% do aumento da receita é teoricamente uma medida positiva, mas o quadro é permissivo em relação ao aumento das despesas e abre espaço para o governo expandir gradativamente a arrecadação de impostos.

    “É um fato que vemos com grande preocupação”, disse ele em um comunicado. “Inicialmente, parece um plano um tanto otimista e ousado, principalmente considerando a deterioração do atual cenário macroeconômico”, acrescentou.

    Além das dúvidas sobre a nova regra, que ainda precisa passar pelo Congresso Nacional, março termina com dados da B3 ainda mostrando a saída de estrangeiros da bolsa paulista. Até o dia 28, o saldo era negativo em 2,566 bilhões de reais. Em fevereiro, as vendas também superaram as compras.

    No exterior, Wall Street desfrutou de uma sessão positiva depois que dados mostraram que a inflação americana diminuiu em fevereiro, reforçando as esperanças de uma política monetária mais branda por parte do Federal Reserve. O S&P 500 fechou em alta de 1,44%.

    DESTAQUES

    – LOJAS RENNER ON recuou 6,07%, para 16,57 reais, com analistas do Citi cortando a meta de preço das ações de 30 para 22 reais e citando que a unidade de crédito Realize luta com taxas de inadimplência mais altas desde o segundo trimestre do ano passado, enquanto o cenário macro e as condições climáticas também não estão ajudando. No setor, o GRUPO SOMA ON perdeu 7%.

    – B3 ON caiu 4,17%, para 10,35 reais, com analistas do UBS BB cortando a recomendação de ações para “neutra” e reduzindo o preço-alvo para 12,50 reais, de 15 reais anteriormente, vendo um ambiente mais ameno difícil para ações com taxa Selic mais alta para um período de tempo mais longo, incertezas relacionadas ao cenário macro/fiscal e fraca atividade no mercado de capitais.

    – COGNA ON avançou 2,75%, para 1,87 reais, favorecida por relatório de analistas do JPMorgan, que elevou a recomendação do jornal para “neutra”, citando que terminou a “reviravolta” em seu negócio de ensino superior, que retomou o crescimento das receitas no segundo semestre de 2022 e que deve continuar expandindo em 2023, enquanto o ciclo de recebíveis se normaliza.

    – A VIBRA ON fechou em alta de 1,55%, a 14,41 reais, no dia do leilão de privatização da Companhia de Distribuição de Gás do Espírito Santo (ES GÁS) nesta sexta-feira, vencida pela Energisa com oferta de 1,423 bilhão de reais. O Espírito Santo detinha 51% do capital votante e a Vibra, 49%. A UNIDADE ENERGISA teve alta de 0,63%.

    – VALE ON fechou com variação negativa de 1,87%, a R$ 80,29, apesar de nova alta nos contratos futuros de minério de ferro na China. A Justiça Federal de Belo Horizonte decidiu que Vale e BHP devem fazer depósito judicial de R$ 10,3 bilhões, em processo relacionado ao rompimento da barragem de Mariana (MG) em 2015. As empresas informaram que ainda não foram notificadas.

    – PETROBRAS PN caiu 2,17%, para R$ 23,45, apesar da alta do preço do petróleo no exterior. O ministro Dias Toffoli, do STF, pediu revisão e suspendeu o julgamento da liminar que reduziu as restrições à indicação de políticos para as estatais. Assim, a liminar permanece em vigor. O caso pode ter repercussão na eleição de diretores da Petrobras marcada para 27 de abril.

    – ITAÚ UNIBANCO PN valorizou 0,49%, a 24,74 reais, mas BRADESCO PN perdeu 1,57%, a 13,17 reais.



    Fonte: Noticias Agricolas