O Gold Brake Proof 2022 tem tricampeão pela primeira vez na história. O grupo formado por Colibri Matrero e o piloto Gabriel Marty, do camarote uruguaio La Pacifica, foi o grande vencedor da prova realizada neste domingo (04).
Freio Dourado 2022
No local onde os 40 grupos finalistas se reuniram antes e depois de cada evento, o clima era de companheirismo. Abraços e saudações efusivas uniram aqueles que gritaram de alegria com o desempenho de todos os animais na areia da competição.
Mais uma vez, Matrero assumiu a liderança apenas no dia decisivo. O pódio masculino foi composto pelo freio prata, Guarani 61 da Sorsul e pelo freio bronze, Campana Echo a Mano.
Abaixo você pode assistir a fase final do Golden Brake 2022. Aperte o play!
Entre as éguas, o título ficou com a Acquavia, comandada pelo cavaleiro Eduardo de Quadros, do camarote Capanegra, em Montenegro. A égua Labareda da Maior ficou em segundo lugar, e a outrora renegada India Guapa, em terceiro.
Bronze com sabor de ouro
Com raros olhos brancos azulados e pelagem colorida, a égua India Guapa não parecia ter jeito para a coisa. Dois centros de treinamento aconselharam os donos do animal a deixá-lo “dar a luz” – ela teve até dois filhotes entre 2017 e 2019. Apenas aos 8 anos de idade, três anos depois do que normalmente os cavalos começam a competir no Golden Brake, a Índia encontrou aqueles que apostaram nela mais uma vez.
“Um dia eu a vi correndo no campo e achei ela linda, acreditei que poderia tentar montá-la novamente” lembra Charles Sum Fagundes, 34, com Guapa há dois anos.
O cavaleiro também foi encontrado pelo animal. Charles, natural de Bagé, trabalha com cavalos desde 2005. Desde 2009 participa das finais do Freio de Ouro sem chegar ao pódio. Nas costas do India Guapa e com o apoio dos amigos de Carazinho, chegou às duas últimas provas como líder do ranking.
“Quando comecei a trabalhar com ela, percebi um certo medo dela ao obedecer aos nossos comandos, o que a impedia de treinar. Crescemos muito, e eu sabia que se trabalhasse na mangueira, cresceria ainda mais nas outras duas provas, pois são tarefas em que ela é muito aderente.” projetou o piloto, antes de ser ultrapassado por dois competidores e pegar o Freio de Bronze.
Durante toda a manhã de domingo, o amigo Igor Santos da Silva, 23 anos, ex-cuidador da Índia, acompanhou o irmão e sobrinho de Charles nos cuidados do atleta de quatro patas. Dóceis como devem ser os crioulos do Freio de Ouro, ela não se surpreendeu nem quando o repórter, sem costume de cavalos, se aproximou para entrevistar o cavaleiro. Nos julgamentos de Bayard Sarmento e Paleteada, ela cumpriu sua parte no trato com Charles e retribuiu o carinho de Cabanha Tombini
“Só tenho a agradecer, ela defendeu meu ano. Estou muito feliz por ter apostado nela e por ela ter crescido como eu esperava nesta final.“, declarou Charles, que também monta outros animais na cabine, entre lágrimas e abraços dos colegas, após o resultado ter sido oficializado pela organização pelos alto-falantes.
Alívio e Celebração
Antes de ouvir as notas dos últimos competidores na paleta, Charles vivia com a expectativa de estar no pódio, mas ainda podendo ser superado. Mesmo com o quarto lugar, o pior cenário naquele momento, a alegria já estava garantida. Ele saiu da Índia, pulou a cerca de madeira e deixou os abraços para depois. Ele tirou um cigarro da carteira e quis fumar.
Antes de pegar o isqueiro, a confirmação do resultado histórico para o set trouxe uma onda de alívio. Com o cigarro entre os dedos e um sorriso tomando seu lugar na boca, foi puxado pelos companheiros e avisado que precisaria desfilar uma última vez pela mangueira da arena. A viagem que fizera duas vezes, apertando as costelas de um novilho, seria agora uma cavalgada prazerosa, inédita, sem pressa ou pressão, como o terceiro melhor cavaleiro de éguas crioulas do Rio Grande do Sul.
Aplaudido, ele acenou com o chapéu de volta para a multidão, sem nem se lembrar onde havia guardado o cigarro naquele momento. De volta aos amigos, mais abraços, mais uma enxurrada de lágrimas graças a todos os envolvidos na campanha. O irmão e sobrinho, esposa e cuidadores da Índia participaram da festa entre cavalos na pista de areia secundária.
“eu preciso de um pouco de água“, disse Igor, iniciando o movimento em direção à geladeira da cabine.
“E eu preciso de fogo“, insiste Charles, finalmente encontrando um lugar onde pudesse parar e assimilar o que acabara de vivenciar.
O canal Em busca do cavalo crioulo fez um podcast com os campeões do Golden Brake 2021 e contou com a participação de Gabriel Viola Marty e Daniel Teixeira. Reveja este momento interessante logo abaixo. Aperte o play!
Fonte: GZH
AGRONEWS® é informação para quem produz
