Evolução do confinamento no Brasil

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Evolução do confinamento no Brasil:

Sem sombra de dúvida, o confinamento de hoje é uma ferramenta essencial em qualquer projeto de intensificação. O que antes era uma simples estratégia de entressafra para explorar o “aumento” do valor pago pela arroba, agora, confinar os animais tornou-se uma forma natural, uma evolução do confinamento para otimizar o sistema pecuário. Retirar os animais pesados ​​do pasto, dando espaço para uma categoria mais leve e menos exigente, é uma das muitas vantagens que o confinamento confere ao sistema de produção.

Desde sua implantação no Brasil, a atividade passou por uma série de adaptações, decorrentes da mudança no cenário econômico e produtivo, tornando-se hoje um segmento de alta produção que demanda cada vez mais processos, rotina e gestão de riscos.

Imagem da matéria sobre a evolução do confinamento no Brasil mostrando trator e bois

Com a redução das margens da atividade, como todas mercadoria, vimos o dimensionamento da produção acontecer. A atividade, que no passado era feita de forma “amadora”, ganha cada vez mais volume. Uma análise dos levantamentos realizados na última década demonstra a evolução da operação, em que apenas 3,2% dos confinamentos tinham mais de 10.000 animais, e hoje esse número já ultrapassa 20% (Figura 1).

Imagem do tamanho médio das operações de confinamento no Brasil
Figura 1. Tamanho médio das operações de confinamento.

Em detrimento do aumento da dimensão média das operações, vários fatores tiveram de ser ajustados a esta nova realidade, com o objetivo principal de facilitar a gestão operacional e otimizar o dia-a-dia. A primeira grande mudança que podemos destacar foi no perfil da dieta, em que a quantidade de volumoso foi reduzida de 30 para 20% (Figura 2). Essa redução na quantidade de volumoso incluído na dieta deveu-se principalmente a dois fatores: 1) aumento da necessidade de área para produção de silagem; 2) volume de dieta versus número de tratamentos por dia.

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Nessa nova perspectiva, a forragem é o ingrediente que compõe a dieta, proporcionando saúde ruminal ao animal. A “eficácia” da dieta é discutida ao invés da “digestibilidade” da silagem. É claro que a digestibilidade de uma silagem – especialmente de milho – é importante, mas quanto mais densa é uma dieta (menos forragem é incluída), menos se fala sobre a digestibilidade da fibra e mais se fala sobre eficácia.

Podemos lembrar que essa mudança no perfil da dieta foi possível devido à mudança na produção e comercialização de grãos no país, quando saímos de um país importador para se tornar um importante exportador mundial, dando maior competitividade aos insumos e permitindo sua utilização em produção animal.

Imagem sobre o nível de inclusão de volumosos na evolução do confinamento no Brasil
Figura 2. Nível de inclusão de forragem.

Com a maior inclusão de grãos na dieta, a melhor forma de processamento passou a ser discutida, visando maior aproveitamento dos alimentos utilizados e maior desempenho animal. A partir dos três levantamentos, do segundo em diante, observa-se o uso da silagem de grãos úmidos na dieta, e seu uso aumenta ao longo do tempo, o que deixa clara a preocupação em aproveitar ao máximo o amido dos grãos da dieta, otimizando a custo da arroba engordada (Figura 3). Ainda no perfil da dieta, é notável a participação de subprodutos da indústria na dieta dos animais, e entre os mais utilizados estão: caroço de algodão (36,4%), polpa cítrica (27,3%), soja (21,2%) e algodão bolo (15,1%) – (Pinto e Millen, 2016).

Imagem sobre o processamento de grãos na evolução do confinamento no Brasil
Figura 3. Processamento de grãos.

Junto com as mudanças nos perfis nutricionais dos confinamentos, os manejos operacionais diários foram se adaptando às novas realidades, exigindo cada vez mais manejo e rotina, permitindo cada vez menos erros. Esse cenário fica claro quando avaliamos a evolução da gestão da distribuição da dieta, em que, no primeiro, mais da metade das operações utilizavam o sistema “bica run”, ou seja, não sabiam a quantidade de alimento fornecida por lote, enquanto no último, esse número já caiu para menos de 40% (figura 4). Ressalta-se aqui a importância de conhecer a quantidade de alimento utilizada na operação, pois esta informação é a primeira variável a chegar ao custo de produção.

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Vemos no campo uma grande preocupação por parte dos pecuaristas com o valor de venda, porém, muitos desconhecem o custo da arroba engordada, o que torna praticamente impossível qualquer análise econômica da atividade. Lembre-se que: receita não é lucro, e esse lucro é o que sobra quando descontamos o custo de produção do valor de venda.

Gestão da distribuição da dieta na evolução do confinamento no Brasil.
Figura 4. Gestão da distribuição da dieta.

Tais mudanças ocorridas permitiram uma melhor gestão dos processos e maiores controles, permitindo uma melhor avaliação dos resultados obtidos.

Sabendo da quantidade de ração fornecida aos animais, chamou a atenção para o desperdício de dieta, o que levantou a preocupação com a quantidade de sobras no cocho de um dia para o outro. A adoção da leitura e manejo do cocho permitiu a busca pelo manejo de um cocho limpo (Figura 5), ​​em que o foco passa a ser: fornecer ao animal a quantidade de alimento que ele necessita, evitando assim sobras e desperdício de alimentos.

A gestão da leitura em calha é uma prática simples de ser adotada – o que ajuda a explicar seu crescimento -, porém, para que sua implementação seja bem sucedida, recomenda-se que o treinamento seja realizado com o responsável pela leitura, sendo este responsável para agir diariamente. Dependendo do grau atribuído ao cocho antes do primeiro tratamento, a quantidade de alimento que será fornecida no dia é ajustada.

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A gestão da calha sobre a evolução do confinamento no Brasil
Figura 5. Gestão de cochos.

A análise dos principais desafios enfrentados nas operações de confinamento também mudou ao longo do tempo, demonstrando a evolução de alguns segmentos. Na primeira pesquisa, o principal problema enfrentado no dia-a-dia do confinamento foi a questão do treinamento dos funcionários. Na segunda, o principal problema apontado foi em relação ao maquinário utilizado, e, na última, o maior problema residiu na falta de gestão (Figura 6). Ainda assim, podemos dizer que: grande parte dos problemas atribuídos à falta de gestão se deve à falta de coleta e interpretação dos dados.

Maiores desafios enfrentados por nutricionistas no artigo sobre a evolução do confinamento no Brasil
Figura 6. Maiores desafios enfrentados pelos nutricionistas.

Vemos que todas essas mudanças fizeram com que a pecuária de corte evoluísse para chegar ao seu cenário atual, contribuindo para torná-la uma atividade econômica importante para o país hoje.

Cada vez mais, veremos crescer a necessidade de controles de produção, com o objetivo de conhecer os números obtidos dentro do portão para buscar “fechaduras” no mercado e, com isso, reduzir os riscos da atividade. Será cada vez mais imprescindível a gestão de processos, pessoas e a profissionalização de todos os elos envolvidos nesta cadeia para que a atividade continue produtiva e rentável.

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Fonte: Agro

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