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Energia solar distribuída cresce e já responde por mais de 4% do consumo regulado

    Energia solar distribuida cresce e ja responde por mais de

    Por Letícia Fucuchima

    SÃO PAULO (Reuters) – A geração própria de energia elétrica vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil, com o volume produzido em painéis solares instalados em residências, empresas e indústrias já representando 4,3% de todo o consumo no mercado regulado, segundo pesquisa pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) antecipada à Reuters.

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    O número de consumidores que possuem “geração distribuída” – micro ou mini usinas com até 5 megawatts (MW) de potência – ainda é relativamente pequeno, mas já está afetando o mercado das distribuidoras, pois esses clientes passam a consumir menos energia da rede .

    A participação do GD também se torna relevante para uma tecnologia que era incipiente até alguns anos atrás no Brasil, um dos países que lideram a expansão da energia solar no mundo, ao lado de China, Estados Unidos e Índia e União Européia.

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    Segundo dados da CCEE, no primeiro semestre, a produção de energia em micro e mini usinas solares atingiu uma média de 1.828 MW, um aumento de 80% na comparação anual.

    A CCEE considera que todo esse volume gerado foi consumido, correspondendo a 4,3% do consumo total de 42,6 mil MW médios no mercado regulado no período.

    Em termos de capacidade instalada, a geração solar distribuída atingiu 11.315 MW no país, equivalente à capacidade da usina de Belo Monte (PA), a maior hidrelétrica 100% brasileira.

    A potência alcançada no primeiro semestre do ano representa um acréscimo de mais de 2 GW em relação aos 9 GW do final de 2021, mostrando a adoção acelerada de uma tecnologia que, há quatro anos, não havia sequer ultrapassado a marca de 1 GW .

    “Por um lado, temos a demanda crescente da sociedade por mais sustentabilidade e, por outro, um grande apetite dos investidores, tornando este mercado ainda mais atrativo”, disse o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri.

    Segundo Altieri, a geração distribuída tem se tornado cada vez mais relevante na matriz nacional e certamente continuará ampliando sua representação. Ele ressalta a importância de acompanhar o crescimento da tecnologia, para que o setor elétrico possa alcançar “uma rede ainda mais robusta e um mercado muito equilibrado”.

    A energia solar também vem crescendo através da construção de grandes complexos geradores, classificados como “geração centralizada”. No semestre, esses projetos produziram uma média de 1.207 MW de energia, 64% acima do ano anterior.

    Grandes fazendas solares também estão por trás da geração distribuída de energia, somando pouco mais de 5 GW no país.

    NOVA LEI

    Já amplamente adotada nos EUA e na Europa, a geração distribuída ganhou um marco regulatório no Brasil em janeiro, o que vem ajudando a aumentar a adesão do consumidor à modalidade este ano, pois alguns benefícios serão mantidos para quem começar a gerar até janeiro de 2023.

    Hoje, os empreendimentos de geração distribuída operam com um sistema de compensação: o consumidor proprietário da usina recebe um crédito na conta de energia elétrica pelo saldo positivo da energia gerada e inserida na rede, após a dedução do seu consumo. Além disso, o segmento está isento do pagamento de determinados componentes tarifários, como a tarifa de uso do sistema de distribuição.

    De acordo com relatório de maio da Agência Internacional de Energia (AIE), o crescimento do mercado de energias renováveis ​​no Brasil deverá atingir um novo recorde em 2022, principalmente devido aos benefícios da adoção da energia solar distribuída.

    Os incentivos tecnológicos também levaram ao crescimento de todo o mercado de energia renovável na União Europeia e na Índia este ano, disse a AIE.

    DISTRIBUIDORES

    O crescimento das micro e mini usinas solares, com até 5 megawatts (MW) de potência, implica também na redução do mercado de distribuidoras de energia, que já vinha retraído devido à migração de consumidores para o mercado livre.

    As concessionárias vêm sentindo os impactos do avanço do “GD” em suas receitas, pois essas instalações deixam de consumir da rede quando estão produzindo sua própria energia.

    No caso da Copel, do Paraná, o mercado faturado da distribuidora cresceu 0,5% no segundo trimestre em base anual, para 7.798 GWh, considerando uma subtração de 255 GWh de mini e microgeração. Desconsiderando o efeito da DG, o mercado teria crescido 1,7% no período.

    Já na Cemig, que distribui energia em Minas Gerais, estado onde a geração distribuída mais cresce, a tecnologia representou 5,3% do total de energia consumida no primeiro trimestre, com 631 GWh. A Electric ainda não divulgou os dados do segundo trimestre.

    A Neoenergia, que controla cinco distribuidoras, também disse sentir os efeitos da DG nos negócios, principalmente no Rio Grande do Norte.

    Em teleconferência na semana passada, executivos da elétrica explicaram que, pela nova lei, esses impactos serão neutralizados para as distribuidoras na próxima revisão tarifária.

    Há, porém, efeito também na carteira de contratos de energia das concessionárias. Com menor consumo, as empresas ficam supercontratadas – o que pode se tornar um problema, já que em patamares acima de 105%, as distribuidoras não estão autorizadas a repassar os custos às tarifas e têm que arcar com eles.

    “Sobre a supercontratação, o impacto que ela gera, estamos exatamente em discussão com a Aneel sobre isso, deve ser considerado involuntário”, comentou Solange Ribeiro, diretora da Neoenergia, na semana passada.



    Fonte: Noticias Agricolas