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Embrapa: Bioinsumo reduz nitrogênio em 25% na adubação de milho em cobertura

    Embrapa Bioinsumo reduz nitrogenio em 25 na adubacao de milho

    Foto: Divulgação/Faep/CNA

    “A utilização de microrganismos promotores do crescimento vegetal – capazes de substituir, parcial ou totalmente, os fertilizantes químicos – representa uma estratégia fundamental para o Brasil, que importa a maior parte dos fertilizantes utilizados na agricultura”, afirma a pesquisadora da Embrapa Mariangela Hungria

    Resultados de pesquisas realizadas pela Embrapa Soja (PR) nos últimos dez anos mostram que a inoculação de sementes de milho com a bactéria Azospirillum brasilense (cepas Ab-V5 e Ab-V6) permite uma redução de 25% na adubação nitrogenada de cobertura , considerando a dose de 90 quilos (kg) por hectare (ha) de N-fertilizante. “A utilização de microrganismos promotores do crescimento vegetal – capazes de substituir, parcial ou totalmente, os fertilizantes químicos – representa uma estratégia fundamental para o Brasil, que importa a maior parte dos fertilizantes utilizados na agricultura”, argumenta a pesquisadora da Embrapa Mariangela Hungria.

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    Segundo Mariangela Hungria, a tecnologia de inoculação do milho com a bactéria Azospirillum brasilense proporciona redução na adubação nitrogenada em cobertura e também permite um aumento médio de 3,1% na produtividade de grãos. “Todos os experimentos realizados confirmam esses benefícios, em diferentes níveis de rendimento, condições tropicais e subtropicais, solos argilosos e arenosos, com altos e baixos teores de matéria orgânica”, aponta o cientista.

    Dez anos de resultados positivos

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    Durante dez anos, a Embrapa Soja realizou 30 ensaios de campo (26 deles na primeira safra) para avaliar a inoculação de 12 genótipos comerciais (híbridos e variedades) de milho com as cepas Ab-V5 e Ab-V6 de A. brasilense. O pesquisador Marco Antonio Nogueira explica que as plantas receberam a mesma adubação de base com macro e micronutrientes e a inoculação foi feita na semeadura, quando também foram aplicados 24 kg/ha de nitrogênio (N). Segundo ele, cerca de 35 dias após a emergência do milho, foram fornecidos 0%, 50%, 75% e 100% de N em cobertura, sendo 100% correspondente a 90 kg/ha de nitrogênio, aos tratamentos inoculado e não inoculado. . “O rendimento de grãos das plantas inoculadas com 75% de adubação nitrogenada em cobertura foi igual ao das plantas não inoculadas que receberam 100% de adubação nitrogenada, o que indica que é possível reduzir em 25% a adubação nitrogenada em cobertura, sem perda de produtividade”, comemora Nogueira.

    Para os pesquisadores, esses resultados são reflexo de dois processos microbianos complementares, coordenados por bactérias promotoras do crescimento vegetal (BPCP). Uma delas é a fixação biológica de nitrogênio, que, embora modesta, geralmente é capaz de atender de 5% a 20% das necessidades da planta. O outro processo favorece o crescimento radicular do milho, por meio da síntese de fitohormônios, principalmente ácido indolacético, que melhora a exploração do solo por água e nutrientes. “O inoculante aumenta a eficiência do uso da adubação nitrogenada, que nas condições brasileiras raramente passa de 50%, boa parte se perdendo por lixiviação, contaminação de águas de rios e lençóis freáticos e pela emissão de gases de efeito estufa”, ele relata. .

    A Embrapa lançou as primeiras cepas comerciais de A. brasilense para as culturas de milho e trigo; e os primeiros inoculantes comerciais foram lançados na safra 2009/2010. Segundo pesquisa de mercado, o uso de inoculantes com essas bactérias já ultrapassa dez milhões de doses anuais.

    Benefícios ambientais e econômicos

    Mariangela Hungria destaca ainda que a tecnologia de inoculação do milho na semeadura com A. brasilense (cepas Ab-V5 e Ab-V6) proporciona importante redução na emissão de gases de efeito estufa. Considerando a dose de 90 kg/ha de N em cobertura, a redução de 25% de N implica uma mitigação de 236 kg/ha de equivalentes de CO2 (considerando a taxa de conversão de 1 kg de N = 10,5 kg de equivalentes de CO2). Em termos econômicos, considerando o preço médio da uréia no mercado brasileiro em julho de 2022, a economia foi da ordem de R$ 260/ha.

    Processo de inoculação de campo

    Apesar dos benefícios da inoculação do milho com as cepas Ab-V5 e Ab-V6 do A. brasilense, os pesquisadores alertam para a necessidade de adoção de boas práticas de inoculação, que envolvem cuidados desde a compra até o uso do inoculante no campo.

    “É importante verificar a procedência e a qualidade do inoculante, principalmente se contém as cepas recomendadas pela pesquisa na concentração indicada, se o produto possui registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para esse fim, bem como se o produto fosse mantido em condições adequadas de transporte e armazenamento, com temperatura máxima de 30º C”, enfatiza o pesquisador. “Como o inoculante contém seres vivos, sensíveis ao calor, após a compra é preciso guardar o produto em local protegido do sol e arejado até o momento do uso”, recomenda.

    Bactérias promotoras do crescimento vegetal

    Mariangela Hungria explica que os BPCP correspondem a um grupo de microrganismos benéficos capazes de colonizar tecidos de raízes, caules, folhas, frutos, sementes e nódulos de leguminosas. O BPCP pode estimular o crescimento da planta por meio de vários processos, como fixação biológica de nitrogênio (que contribui para a nutrição do nitrogênio), síntese de fitohormônios (que afeta o crescimento das raízes), aumento da disponibilidade de fósforo (P ) e potássio (K), tolerância a estresses bióticos que podem ser causados ​​por organismos vivos (insetos e microrganismos) ou abióticos (como temperatura, alta irradiação e restrição hídrica), entre outras funções.

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    Efeitos da inoculação com cepas de Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 sobre (A) o crescimento radicular; (B) teor de clorofila; (C) altura da planta; (D) nutrição nitrogenada; (E) uniformidade de espigas de milho. Fotos A, B e C: Total Biotecnologia; (D) Fábio Bueno dos Reis Júnior; (E) os autores.

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    Benefícios econômicos e ambientais da inoculação de milho com as cepas Ab-V5 e Ab-V6 de Azospirillum brasilense.

    Da Embrapa Soja

    Fonte: Agro