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Em discurso na COP27, Lula menciona “luta imparável” contra crimes ambientais

    Em discurso na COP27 Lula menciona luta imparavel contra crimes

    O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu “combater sem trégua” os crimes ambientais no país, ao discursar na Conferência das Partes (COP27). Para atingir esse objetivo, ele citou novamente a criação do Ministério dos Povos Indígenas, além do fortalecimento dos órgãos de fiscalização e dos sistemas de monitoramento ambiental.

    “Esses crimes afetam principalmente os povos indígenas. Por isso, vamos criar o Ministério dos Povos Indígenas, para que eles próprios apresentem propostas de governo que garantam a sua paz e sobrevivência. Eles serão os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento local”, disse ao comentar a possibilidade dessas comunidades utilizarem as riquezas naturais para produzir remédios e outros produtos não prejudiciais ao meio ambiente.

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    Lula também citou os investimentos na transição energética do país para eólica, solar, biocombustíveis e também para a produção de hidrogênio verde, combustível 100% renovável que tem atraído cada vez mais o interesse de outros países.

    Cooperação internacional

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    O presidente eleito deu o tom de como será seu governo a partir do ano que vem: “Quero dizer que o Brasil está de volta para reatar os laços com o mundo; ajudar a combater novamente a fome no mundo; e cooperar com os países mais pobres, especialmente na África e na América Latina”, disse Lula.

    “A frase que mais ouvi dos líderes mundiais que conheci é: ‘o mundo sente falta do Brasil’”, disse o presidente eleito. “Voltamos a uma nova ordem pacífica de diálogo, multilateralismo e pluralidade. Pelo comércio justo e pela paz entre os povos”, acrescentou.

    Lula então voltou a defender a necessidade urgente de mecanismos financeiros para sanar perdas e danos causados ​​pelas mudanças climáticas. “Não podemos adiar esse debate. Não podemos continuar esta corrida rumo ao abismo”.

    Ele reiterou a proposta feita anteriormente, de que o Brasil, por meio de um Estado amazônico, sediasse a COP30, em 2025, e convidou os países sul-americanos a se reunirem para discutir “de forma soberana o desenvolvimento integrado da região com responsabilidade social e climática”.

    O presidente eleito também defendeu uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), para se adequar a um mundo já distante do contexto de sua criação. “Não é possível que a ONU funcione sob a mesma lógica da geopolítica da Segunda Guerra Mundial”, disse ele.

    “O mundo e os países mudaram e querem participar mais, e precisamos de uma governança global, principalmente na questão climática. Se há algo que precisa de governança global é a questão ambiental. Precisamos de fóruns mundiais para isso. É com esse objetivo que voltei a me candidatar, e é por isso que digo que não voltei para fazer o mesmo, mas para fazer mais”.

    emergência climática

    Falando na Zona Azul, área da Organização das Nações Unidas (ONU) no CO27, o presidente eleito comentou sobre as consequências das mudanças climáticas, que atingem todos os países. Entre os efeitos, citou os tornados e tempestades tropicais cada vez mais frequentes nos Estados Unidos; incêndios e fenômenos meteorológicos na Europa; e as secas e enchentes que afetaram o Brasil.

    Ele também citou os danos causados ​​aos países pobres. “Apesar de ser o continente com a menor taxa de emissões, a África tem sofrido com efeitos climáticos extremos. O aumento do nível do mar pode ser catastrófico para os egípcios no Delta do Nilo.” “Os países insulares estão ameaçados de desaparecimento. A emergência climática afeta a todos, embora seus efeitos sejam mais sentidos entre os mais pobres”.

    Para corroborar o argumento, Lula disse que 1% dos países – no caso, os mais ricos – emite 30 vezes mais dióxido de carbono do que os menos desenvolvidos, e que isso contribuirá significativamente para que o aumento da temperatura seja ainda mais intenso. mais, impossibilitando o cumprimento do que foi acordado nas edições anteriores da COP.

    “Por isso, a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo”, acrescentou, lembrando que a segurança climática está diretamente relacionada à proteção da Amazônia sul-americana – por isso assumiu o compromisso de “não medir esforços” para zerar o desmatamento neste e em outros biomas brasileiros.

    Lula reiterou a importância de que todos os participantes da conferência das partes cumpram os acordos feitos nas edições anteriores do encontro: “não podemos continuar prometendo e não cumprindo porque seremos vítimas de nós mesmos”, acrescentou ao relembrar os compromissos assumidos na COP15 , em Copenhague em 2009, no qual os países mais ricos se comprometeram a destinar, a partir de 2020, US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países menos desenvolvidos a enfrentar as mudanças climáticas. “Meu retorno é também para cobrar o que foi prometido”, acrescentou.

    agronegócio

    Sobre a agricultura, Lula disse que a meta de seu governo será equilibrar a produção, sequestrar carbono e proteger a biodiversidade, com aumento de renda para agricultores e pecuaristas.

    “Tenho certeza de que o agronegócio será um aliado estratégico na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com ênfase na tecnologia do campo. Existem vários exemplos bem-sucedidos de sistemas agroflorestais no Brasil. Temos conhecimento tecnológico para isso, para não desmatarmos um metro sequer. Esse é o desafio dos brasileiros e de outros países produtores de alimentos”, afirmou, reiterando seu objetivo de reduzir a fome no Brasil e no mundo.

    Segundo ele, o resultado das eleições mostrou que os brasileiros fizeram uma opção pela paz, pelo bem-estar, pela sobrevivência da Amazônia “e, portanto, pela sobrevivência do nosso planeta”.

    “A todo momento o planeta nos alerta que precisamos uns dos outros para sobreviver e que, sozinhos, somos vulneráveis ​​à tragédia climática. Ignoramos esses alertas gastando trilhões em guerras que só trazem morte, enquanto 900 milhões de pessoas não têm o que comer”, disse.

    “Entre 2030 e 2050, o aquecimento global pode resultar em 250.000 mortes a mais por ano por doenças relacionadas ao calor, e o impacto econômico desse processo é estimado entre US$ 2 e 4 bilhões anuais. Ninguém está seguro”, argumentou Lula.

    Da Agência Brasil

    Fonte: Agro