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Do desespero à virada de chave: conheça a história do agricultor Antônio

    Do desespero à virada de chave: conheça a história do agricultor Antônio

    A situação do agricultor Antônio Lima da Silva, de Boca do Acre (AM), era tão desesperadora que ele até “conversava” com as hortaliças perguntando por que elas não estavam se desenvolvendo.

    “Comecei fazendo canteiros para plantar cebolinha, repolho, alface, para vender e ajudar na renda, como alternativa à pesca. Eu comecei muito pequeno. Mas foi do meu jeito, à força, e a coisa não foi pra frente. Não gostei da produção. Chegou para trabalhar e até ‘conversou’ com as mudas. Eu pedi a eles: ‘Vamos, preciso da sua ajuda’. Mas os vegetais precisavam do meu conhecimento”.

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    A propriedade de Antônio está localizada na Comunidade Lago Novo, na zona rural de Boca do Acre, no sul do Amazonas, município mais próximo de Rio Branco (cerca de 220 km) do que de Manaus. É possível chegar à zona rural por via terrestre, mas dependendo da estação e do volume de chuva, o risco de alagamento é grande. Outro meio de transporte mais seguro é o barco.

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    Antonio e filho Thiago

    Antônio nasceu e cresceu no município, mas as dificuldades iniciais com a produção quase levaram o produtor a desistir e partir com a família. “Perguntei a Deus: como será o amanhã?”. Foram muitas noites de sono perdido, “a pensar em como pagar as despesas, como dar melhores condições à família”.

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    Thiago, um dos filhos de Antonio, viu toda a situação do pai, sem perspectivas, sem esperança. “Falei: ‘Pai, vou arrumar um emprego e vou embora porque quero ser alguém’”. O produtor se emociona ao lembrar daquela época e do filho que estava para partir.

    O que fez Antônio ficar na propriedade, “a virada”, como ele gosta de dizer, foi quando descobriu e contou com o atendimento do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Como acontece com muitos produtores, foi um amigo de Antônio quem falou sobre o trabalho do Senar para ajudar os produtores da região. Então ele conversou com Thiago e resolveram tentar novamente.

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    Priscila, técnica de campo do Senar

    Na ocasião, conheceram a técnica de campo do Senar, Priscilla Pacheco, que passou a dar todo o suporte necessário na propriedade. E havia muito trabalho pela frente. “Conheci Seu Antônio desmotivado e desacreditado. Quando cheguei, a alface estava pequena e muito doente”, revela Priscilla.

    Antônio viu no conhecimento da técnica de Senar a chance que precisava. “Nasceu uma esperança dentro de mim. Parece que criei sangue novo”, lembra.

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    E as mudanças vieram. O técnico implementou outros procedimentos na propriedade e, entre os diagnósticos, recomendou variedades de sementes. Priscila também teve o papel de acalmar Antônio, conter sua ansiedade. Para melhorar a produtividade, muito baixa na época, o produtor teria que contar com a técnica de dar “um passo de cada vez”.

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    Antonio, Thiago e Priscila

    Com o passar do tempo, a confiança cresceu. A orientação de Priscilla e a dedicação de Antonio logo surtiram efeito e os primeiros resultados apareceram. Os canteiros foram substituídos por estufas. A alface ganhou vitalidade e mais qualidade. A produtividade, de menos de 30 pés de alface por semana, mais que dobrou em apenas alguns meses.

    A velocidade da transformação surpreendeu até o próprio Antonio. “Na primeira venda, fomos para 70 pés por semana. Minha vida estava acelerando tão rápido que eu estava com medo. Hoje, o cliente vem até nós e fala: ‘menino, essa alface é linda. Olha o tamanho dessa folha!’ É orgulho”.

    Em pouco tempo, o barco de Antônio transportava mais de 180 pés de alface para vender na cidade. “Hoje a média é de 250 a 320 pés de alface por semana”, explica o técnico de campo.

    Com maior produção e alface de excelente qualidade, a clientela pediu outras hortaliças e Antônio passou a explorar mais seu lado empreendedor e variar sua produção.

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    A produção é transportada de barco até a cidade

    “A gente chegava com alface no mercado e eles falavam: ‘você não tem repolho?’ Então, eu e meu filho tivemos a ideia de investir em outras variedades. Tínhamos pouco repolho e aumentamos a produção. Outros perguntaram se tinha rúcula. Não tínhamos, mas plantamos. Hoje temos alface, repolho, salsinha, rúcula, coentro, almeirão, cebolinha, maxixe, pepino, abóbora, mamão, mandioca, graças ao crescimento que tivemos”.

    Raimunda, esposa de Antônio, é testemunha do que o marido enfrentou antes de receber ajuda do Senar. “Foi tudo muito sofrido para chegar onde está. Não tínhamos dinheiro nem para comprar sapatos ou roupas. A renda era baixa”.

    Thiago, que acompanhou todo o processo desde o início e acompanhou o sofrimento do pai, orgulha-se das conquistas. “Hoje podemos bater no peito e dizer que temos um produto de qualidade. Da situação que vivíamos para a situação que estamos hoje, mudamos de patamar”, define o filho que não pensa mais em deixar o imóvel. Pelo contrário, faz planos com o pai para melhorar a produção.

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    Antonio, sua esposa e dois filhos

    “A situação anterior me fez pensar em sair. Com o trabalho de Senar na propriedade e com os resultados, meu pai me convenceu a ficar. Graças ao Senar, me aproximei ainda mais do meu pai e, juntos, vimos que poderia dar certo, que poderíamos evoluir e melhorar ainda mais”.

    Priscila, técnica do Senar, comemora o resultado. “Fechamos uma parceria que deu certo”. Antonio agora diz com certeza. “Eu sei para onde quero ir”.

    A história de Antônio foi contada neste domingo (5) no programa Domingão com Huck, do programa “Agro. Do pequeno ao grande. Do campo para você”.

    (com CNA)

    (Emanuely/Sou Agro)


    **Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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