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Das geadas do Paraná ao café de 90 pontos e mais caro do Cerrado Mineiro:…

Há mais de 40 anos produzindo café, a 22ª safra se destacou pela qualidade e pelo recorde de R$ 62.017,00 no leilão de prêmios, sendo o café mais caro do ciclo

você seguiu aqui Notícias Agrícolas que o ano de 2022 foi marcado pelos 50 anos do café no Cerrado Mineiro. Conhecemos algumas histórias que fizeram a região se tornar a potência que é na produção de cafés de qualidade, mas ainda há muito o que explorar com quem, lá atrás, desbravou terras desconhecidas, ainda com potencial duvidoso e que meio século depois tornou-se uma das principais áreas de produção de arábica no mundo.

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O Cafezal entre as linhas Hoje, ele volta ao coração do Cerrado Mineiro, no município de Patrocínio, para conhecer a história da família Naimegque além de fazer parte de uma trajetória de sucesso, também se consagrou como o café mais valioso da 22ª safra, batendo o recorde de valores de todos esses anos de cafeicultura na região.

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Mas para entender como a família chegou ao ápice atual, como sempre, é preciso voltar no tempo. Como parte das histórias do Cerrado, tudo começou no Paraná. Foi em 1962 que a família comprou a primeira área destinada ao agronegócio. Mas foi em 1965 que o primeiro cafeeiro foi plantado no norte do Paraná.

O primeiro susto com a geada foi em 1975, depois em 1978 e depois em 1981. Jorge Naimeg, um dos filhos hoje à frente dos negócios da família, lembra que depois de seis anos de frio intenso, o pai decidiu procurar novas áreas para segue com a cafeicultura.

Nessa época, começaram a chegar os primeiros produtores para explorar o Cerrado Mineiro. Foi uma terra na microrregião do Pântano pela qual seu pai se apaixonou e iniciou uma plantação de café que, desde o primeiro plantio, já é de qualidade, característica intrínseca do Cerrado.

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“Procurando outras fronteiras para plantar café, meu pai conheceu a região do Pântano e se apaixonou pela região, aos poucos foi plantando café”, conta. Nos primeiros anos, a família se dividia entre Paraná e Minas Gerais.

A partir de 1988 todos se mudaram para Minas e até meados de 1992 a produção era focada apenas em quantidade, até que a primeira participação no concurso de qualidade da illy “virou a chave” para o café de qualidade – que já era produzido pela família, mas com potencial ainda desconhecido para eles .

Foi também em 1992 que a primeira amostra de café da família Naimeg foi enviada para análise pela illy – desde então, uma das principais responsáveis ​​por levar o café brasileiro ao redor do mundo. Reconhecendo o potencial de qualidade da copa e as oportunidades de mercado, a família passou a investir mais também em infraestrutura.

Em 1999 começou a trabalhar na produção de cereja descascada, em 2002 investiu no terreiro suspenso e em 2011 investiu na estrutura de classificação e degustação no próprio negócio. Em 2017, foi a vez dos testes de levedura. “Estamos sempre em busca de inovar, sempre em busca de melhorar os processos e há 30 anos, sem parar, somos fornecedores de café para a illy”, afirma.

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O mapeamento da qualidade da safra também se tornou uma parte crucial do planejamento da safra da família Naimeg. Com base nesses dados, todo o processo é planejado, sempre com foco na qualidade. “O que é importante deixar claro é que não paramos a fazenda para fazer um “lote de concurso”. Todo o processo envolve muita pesquisa, muito conhecimento e as premiações acabam sendo um reconhecimento do trabalho que fazemos em diariamente”, diz Jorge.

Atualmente, quatro irmãos comandam a agroindústria cafeeira da família. Mas a curiosidade de sempre inovar é uma herança do pai. Segundo Jorge, muito simples, mas sempre muito curiosos, essa busca pela constante inovação é uma característica da família.

“É a nossa forma de trabalhar: sempre em busca de aperfeiçoamento, sempre estudando, antenado, sabendo como anda o mercado, entendendo o que o consumidor quer. Hoje o consumidor quer experimentar tudo que é diferente, ele tem um perfil sensorial, nós temos continuar estudando as alternativas. Ainda mais que um café da mesma variedade, dependendo do processo, apresenta características diferentes na xícara”, comenta.

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Café mais valioso do Cerrado Mineiro na safra 2022/23

Os resultados foram ainda mais surpreendentes na safra de 2022, após dois anos de muito impasse climático com estiagem prolongada e até geadas atingindo a região no período.

De variedade natural, com notas sensoriais que remetem a frutas vermelhas, cana-de-açúcar, floral, açúcar mascavo, o café Jorge Fernando recebeu nota 90,75 na escala da SCA (Specialty Coffee Association). Além disso, atingiu valor recorde de negociação, com R$ 62.017,00 no leilão de premiação, sendo o café mais caro da safra 2022/2023.

“Uma curiosidade sobre esse café é que o quilo torrado também valorizou a excepcionalidade, que custou R$ 1.240,34. É o que chamamos de recompensa pela qualidade e complexidade dos aromas e sabores da bebida”, destaca Maurício Maciel, Gerente e Barista da Cafeteria Dulcerrado.

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10º Prêmio Região do Cerrado Mineiro

Para Juliano Tarabal – Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, o resultado da família Naimeg é motivo de orgulho para todos os envolvidos na cadeia cafeeira da região.

“A família Naimeg tem uma carreira brilhante no Cerrado Mineiro. Como imigrantes e pioneiros que são, liderados pelo patriarca Gerson Naimeg, eles se estabeleceram na microrregião do Pântano, no município de Coromandel, conseguiram “domar” esse belo terroir e hoje fazem alguns dos melhores cafés de lá, não só no Cerrado mineiro mas no Brasil, com um know-how muito particular, fruto da dedicação de todos os filhos do Gerson que hoje estão envolvidos no negócio. Eles sempre foram muito atuantes junto às associações e cooperativas do sistema RCM, por isso seus resultados e consistência não são por acaso e nos deixam muito orgulhosos”, afirma.

Para Jorge, os desafios continuam e é hora de pensar nas próximas safras. “Hoje todo mundo faz café. A fasquia da qualidade subiu muito, para você se surpreender tem que se dedicar e continuar tentando. O prêmio 2022 é fruto de um trabalho de longa data, de fazer o processo certo e saber que cada ano é diferente. a certeza que temos é não abrir mão do café, está no sangue, o café sempre esteve na nossa família e agora vamos trabalhar para tornar esse negócio ainda mais atrativo para nossos filhos. O trabalho continua” , conclui.



Fonte: Noticias Agricolas

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