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Danos com mastite atingem R$ 6 bilhões na produção de leite no Brasil

A mastite, inflamação da glândula mamária, é uma das doenças que mais resulta em prejuízos aos pecuaristas leiteiros no Brasil e no mundo. Segundo os últimos levantamentos da Embrapa Gado de Leite, a doença causa prejuízos equivalentes a R$ 6 bilhões por ano.

Para Petterson Sima, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Kersia, essas perdas se devem à redução da produção de leite, altos custos de tratamento e descarte prematuro de vacas com mastite crônica. “E as propriedades mais afetadas são aquelas com baixa e média tecnologias, principalmente por não terem conhecimento das ferramentas, recursos e/ou mão de obra especializada para analisar a saúde de cada animal. São esses fatores que levam os criadores a terem mais perdas. Se tivessem mais conhecimento ou condições de aplicar os métodos de controle, poderiam detectar a doença mais rapidamente e evitar perdas dispendiosas. Sabemos que é uma doença traiçoeira, principalmente porque fica escondida por semanas, até meses”, aponta.

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Como identificar a mastite clínica? É mais fácil perceber, pois o leite apresenta grumos visíveis com o auxílio do teste da caneca de malha (ou caneca com fundo preto). Em casos mais graves, pode haver pus ou sangue no leite, além de o úbere ficar inflamado, intensificando os danos e, em alguns casos, inutilizando o espaço mamário. “É muito importante que, antes de cada ordenha e em cada vaca, seja feito o teste da caneca. Lembrando sempre que devem ser retirados três jatos de leite, o que garante um diagnóstico eficaz e a exclusão de leite residual contaminado”, enfatiza Sima.

Difícil diagnóstico de mastite subclínica – Esse tipo de mastite é silenciosa, dificultando sua detecção a olho nu. Segundo a Embrapa, a estimativa de queda na produção de leite nessa fase fica entre 25% e 42%. “Estudos científicos, com análises individuais de leite em fazendas de Minas Gerais, por exemplo, já detectaram perdas superiores a 900kg de leite para vacas primíparas e 1.100kg para vacas multíparas com mastite subclínica durante a lactação, ou seja, uma média superior a 3kg por dia em perdas de produtividade durante o ciclo de produção.

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“Por afetar um número maior de animais e ser de difícil diagnóstico, fatalmente resulta em gastos ainda maiores do que os casos clínicos, podendo representar 2/3 de todos os prejuízos causados ​​pela doença”, alerta Petterson. Devido à falta de sinais evidentes da doença, são necessários testes auxiliares para o diagnóstico da Contagem de Células Somáticas no Leite (CCS), por meio de testes clínicos na própria fazenda, com ferramentas de contagem eletrônica ou reagentes químicos para estimativas ou análises laboratoriais de alta precisão das amostras de leite. Mas, para que haja uma análise assertiva e confiável, é importante que ela seja realizada em laboratórios credenciados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Tecnicamente, considera-se que vacas saudáveis ​​têm contagens de até 200.000 células/ml.

Como proteger seu gado leiteiro da mastite? A mastite é uma doença multifatorial, ou seja, existem várias causas para sua incidência, como baixa imunidade, desnutrição, estresse térmico devido ao calor, trauma, máquina de ordenha sem revisão periódica, entre outros. Mas, provavelmente, o que mais se destaca é o cuidado com os tetos antes e depois da ordenha.

Conhecidos como pré e pós-dipping, os procedimentos de preparo dos tetos do úbere com auxílio de soluções químicas especializadas antes e após a ordenha trazem benefícios à saúde dos animais e ao bolso do produtor de leite. Promover tetas livres de contaminantes e pele saudável tem um impacto direto na prevenção da mastite e na melhoria dos índices CCS e CBT (Total Bacterial Count).

O CBT é bem controlado por equipamentos de limpeza. Mas o pré-dipping pode ser um grande aliado na busca por um melhor nível deste índice, diminuindo a sujeira presente nos tetos e captada pelo maquinário de ordenha. Além disso, vacas com mastite também contribuem para um aumento do CBT no leite, afinal a mastite promove maior CCS e essa alta concentração de células no leite é contabilizada no CBT. Da mesma forma, a CCS é afetada por tetos mal limpos antes e depois da ordenha, pois novos casos de mastite podem surgir quando esses processos são deficientes e expõem o canal do teto a patógenos presentes na sujeira e na pele.

Higiene significa limpar e desinfetar os tetos. É na limpeza que a maioria dos microrganismos são eliminados. Mas o uso de água para lavar os tetos não é recomendado, principalmente porque na tentativa de lavar apenas os tetos, várias outras partes do úbere também ficam molhadas. Essa água não é enxugada e escorre para as teteiras durante a ordenha, levando muitos microorganismos para o leite e expondo os quartos mamários a novas infecções. O melhor manuseio para remover a sujeira pesada é com toalhas de pano embebidas em soluções desinfetantes, mas as toalhas de papel também são uma boa alternativa e as mais comuns.

A desinfecção, por outro lado, visa eliminar o máximo de microrganismos da pele do teto antes da ordenha, principalmente aqueles que permaneceriam na pele após a limpeza. “Existem diversos princípios ativos com eficácia comprovada, mas lembre-se sempre que o tipo de ativo e sua concentração são apenas dois fatores que conferem eficiência ao produto. A formulação é o que garante o resultado, pois outros elementos da composição podem potencializar ou atrapalhar a ação do princípio ativo, além do fato de alguns ativos perderem eficiência ao entrarem em contato com a matéria orgânica. Portanto, produtos com o mesmo ativo e concentrações semelhantes podem ter desempenhos diferentes. A tecnologia de formulação faz a diferença”, destaca Petterson.

Além da desinfecção, é preciso garantir que os produtos e o manuseio não agridam a pele dos tetos das vacas. E mais do que isso, promovem benefícios cosméticos com compostos hidratantes, emolientes, suavizantes e curativos (cicatrizantes e esfoliantes). Além dos benefícios exclusivos de cada categoria de compostos, existem relações de equilíbrio entre agentes hidratantes e emolientes que, se não forem respeitados, podem prejudicar ao invés de beneficiar a saúde da pele. Segundo o gerente, diversos estudos já comprovaram a grande relação entre lesões nos tetos e aumento de CCS e casos de mastite. “Tetas machucadas acumulam mais sujeira e microorganismos em feridas e rachaduras na pele, dificultando a limpeza e desinfecção, mesmo com produtos mais eficientes e tecnológicos”, explica.

Após a ordenha, a higiene ainda é muito importante para evitar que patógenos permaneçam na pele, esfíncter e canal do teto, decorrentes de contaminação cruzada nos bicos dos bicos ou no ambiente. Petterson acrescenta que “este é o momento certo para potencializar o combate com o auxílio de soluções que não apenas eliminem os microrganismos, mas garantam o efeito barreira. Utilizar produtos que aderem bem ao teto gera economia e eficiência. Quanto mais tempo essa barreira permanecer na superfície do teto, sem pingar ou pingar, maior será o tempo para ação higiênica e também melhor ação dos compostos cosméticos. Por fim, todo esse produto aderido à pele torna-se uma barreira física e química de proteção contra contaminantes ambientais, o que reduz novos casos de mastite que impactarão na CCS e na CBT”. Se a barreira deve ser mais espessa ou mais fina, mais úmida ou mais seca, dependerá do ambiente de vida dos animais. Por isso, orientações técnicas específicas para cada fazenda são de extrema importância. Bolo não tem receita”, alerta.

Dados de mercado – Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo, segundo o MAPA – com mais de 34 bilhões de litros de leite por ano, com produção em 98% dos municípios brasileiros. As pequenas e médias propriedades são as principais responsáveis ​​pela produção do país, empregando cerca de 4 milhões de pessoas. Atualmente, o Brasil conta com mais de 1 milhão de propriedades produtoras de leite e as projeções do agronegócio da Secretaria de Política Agrícola estimam que, até 2030, permanecerão os produtores mais eficientes, adaptando-se à nova realidade de adoção de tecnologia, melhorias na gestão e maior capacitação técnica e econômica eficiência.



Fonte: Agro

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