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Custo de produção sobe 62% e produtores abandonam atividade

    Custo de producao sobe 62 e produtores abandonam atividade

    De acordo com o levantamento, muitos produtores deixaram a atividade e outros destinaram animais para abate, após sucessivos aumentos nos custos de produção. E agora?

    O O preço do leite coletado em junho/22 e pago aos produtores em julho/22 aumentou 19,1% em relação ao mês anterior, atingindo R$ 3,1932/litro na rede “Brasil Médio” do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse valor é um verdadeiro recorde na série histórica do Cepea, teve início em 2004, e está 24,7% acima da média registrada no mesmo período do ano passado. Mas estes sucessivos aumentos de preços sãoem parte, reflexo da saída dos produtores da atividade e consequentemente, oferta mais baixa do produto no campo.

    Não é apenas a entressafra que explica a inflação de laticínios no Brasil. Segundo Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, a principal causa do aumento é a menor oferta do produto no laticínio, que se deve principalmente à extensão dos custos de produção. De acordo com uma avaliação realizada, a produção dos produtores da atividade nos últimos anos supera os 25%, dependendo da região.

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    Embora o litro de leite UHT tenha atingido o valor de R$ 8,00 em alguns estabelecimentos, até a chuva chegar na maioria das regiões produtoraso produto continuará em alta, dada a sazonalidade da produção no país. Com essa sexta alta mensal consecutiva, o leite no campo acumula valorização real de 42,7% desde janeiro (valores deflacionados pelo IPCA de junho/22).

    O aumento dos preços dos insumos agrícolas aumentou consideravelmente os custos de produção desde 2019, pressionando as margens do produtor por muitos meses. Nesse cenário, muitos pecuaristas reduziram os investimentos ou abandonaram a atividade. Assim, o potencial de oferta vem diminuindo há algum tempo.

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    Especialistas do Centro de Inteligência Leite da Embrapa analisam os motivos do alto preço do produto.
    Além da entressafra, nos primeiros meses de 2022, os custos ao produtor aumentaram 62%.
    Os laticínios brasileiros compraram 10,5% menos leite dos produtores no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021, marcando o quarto declínio trimestral consecutivo.
    Esses fatores somados fizeram o preço dos laticínios disparar nos supermercados.
    Mesmo assim, leite e frutos são alimentos de origem animal que lembram os últimos dois anos.

    Resumo

    A entressafra começa em abril, mas, segundo o investigador, “o leite da vinha estava fraco desde meados de agosto e aumentou nos primeiros meses de 2022”, Carvalho. Além disso, a entressafra foi acentuada pelo leite no mercado. Nos últimos anos, houve um aumento de 62% nos custos para o produtor, gerando uma ferramenta de 43% nos preços ao consumidor.

    Segundo Carvalho, o preço, mesmo em alta, é suficiente para cobrir os custos, o que piorou a rentabilidade das fazendas e levou o produtor a reduzir a oferta, não precisando alimentar as vacas. Primeiros meses de pesquisa sobre a compra de leite no primeiro trimestre do ano, dados do Instituto Brasileiro de Geografia ( IBGE ) apontou queda de 10,51% em relação a 2021 ( veja a figura 1 ).

    Figura 1 sem legenda e sem fonte editada
    Figura 1 – Variação do volume de leite comprado pelo laticínio: trimestre contra igual trimestre do ano anterior (%). Fonte: IBGE/Embrapa Gado de Leite

    Essa quarta queda trimestral foi observada em cinco anos consecutivos e a maior pesquisa trimestral desde que uma avaliação trimestral começou em 1997 em termos de ingestão de leite, explicou ele.

    A previsão é para os números do segundo trimestre, que coincidem com o início da previsão do primeiro trimestre. Mas de acordo com o início do período de lucro do produtor, haverá o início do período de lucro do produtor. “Os preços ao produtor estão subindo e isso será um incentivo para melhorar a produção”, acredita Carvalho.

    No entanto, o pesquisador destaca que muitos produtores deixaram a atividade e outros destinaram os animais ao abate. “O impacto disso na recuperação da oferta é difícil de quantificar”, conclui.

    A escalada de custos passados ​​vem ocorrendo desde o ano passado, impactando a rentabilidade dos produtores. De janeiro a junho deste ano, o preço médio do leite pago ao produtor, deflacionado pelo custo de produção, caiu cerca de 3,8% em relação ao mesmo período de 2021. Entre os insumos que mais subiram de preço, fertilizantes e grãos para a guerra ucraniana. Até o frete marítimo internacional, também em alta, está incluído nessa conta.

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    Foto: Divulgação

    Mas o insumo que mais pesou no caixa do produtor é volumoso, apresentando alta de 51% na comparação de maio deste ano com o mesmo mês de 2021. A uréia no mercado passou de R$ 2,3 mil por tonelada no início do ano passado para R$ 6,3 mil/t brasileiro em 2022. Esses produtos foram precificados pela Europa, que tem a Rússia como um dos principais exportadores.

    produto sazonal

    Mas o período de entressafra, como sempre, também carrega parte da culpa pelo boom dos laticínios. O leite no Brasil é um produto sazonal, com claros períodos de colheita e entressafra. O aumento da oferta devido à sazonalidade explica o aumento do preço pago pelo consumidor em parte da temporada outono/inverno. No lado oposto, a oferta de preços ocorre com o crescimento na primavera/período.

    Os dados do IPCA-15/IBGE, de janeiro do ano passado, em plena safra, mostram que os produtos lácteos ao consumidor tiveram queda de preço, o que é normal. As coisas começam a sair do normal com a ascensão de commodities invertendo a tendência de preços baixos a partir de fevereiro, em plena safra.

    Segundo Paulo do Carmo Martins pesquisador da Embrapa, a demanda por lácteos também oscila ao longo do ano, o que resulta em um setor com preços voláteis. “Em alguns períodos, são os produtores que reclamam dos preços baixos dos laticínios; em outros, são os consumidores que estão insatisfeitos com o valor que estão pagando pelos laticínios”, diz.

    Para Martins, esse fato dá a impressão de que o leite é sempre um problema na cesta básica.

    Com a volta da inflação de dois dígitos, as atenções se voltam para os maiores gêneros alimentícios, o que impacta as populações de baixa renda e o leite assume seu protagonismo, mas a alta inflação tem se mostrado um fenômeno mundial.

    “Isso é reflexo do arranjo das cadeias produtivas em descontinuidade global, impactado pela continuidade da produção e transporte durante a pandemia de Covid-19”, conclui. O que confirma essa conclusão é o índice da Comércio global de laticínios (plataforma mundial que realiza leilões de lácteos) que caiu um pouco, mas permanece em patamares elevados (US$ 4.600/t) desde que atingiu seu maior valor em fevereiro. Os índices GDT mostram que em dois anos, uma tonelada de Leite Integral em Pó varia de US$ 1.900 a US$ 5.300.

    Para promotores e pesquisadores da Central de Preços do Leite (Cileite/Embrapa), a crise econômica que mais força o poder de compra da população passa a ser a crise de produtos mais acessíveis. Ainda assim, o leite não pode ser visto como o “maior vilão” da inflação de alimentos. De acordo com dados do IPCA, entre os produtos de proteína animal (carne, frango, ovos e laticínios), os laticínios apresentam o menor aumento nestes dois anos ( veja a figura 2 ).

    Figura 2 editada sem fonte e sem legenda para escrever
    Figura 2 – Variação de preços do grupo de alimentos e alimentos à base de proteína animal durante a pandemia (abril/2020 a abr/22), expresso em números índices (mar/2020=100) – Fonte: Cileite/Embrapa com base no IPCA/IBGE

    Para os integrantes da Cileite/Embrapa, o desafio dos produtores de leite em termos de custo nas fazendas é enorme. A queda observada na oferta do produto ilustra bem isso. O resultado é a pressão para modernizar o setor.

    “Vimos que os produtores tiveram um processo mais acelerado de melhoria no setor, com modernização tecnológica da produção, demanda por maiores investimentos e pressão por uma escalada da economia”, Bellini Lei.

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    Fonte: Noticias Agricolas