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contas externas têm saldo negativo de US$ 5,7 bilhões

    contas externas tem saldo negativo de US 57 bilhoes

    As contas externas tiveram saldo negativo de US$ 5,678 bilhões em setembro, informou hoje (24) o Banco Central (BC). É o maior valor da série para setembro, desde 2014, quando o déficit foi de US$ 8 bilhões em transações correntes, que são compras e vendas de bens e serviços e transferências de renda com outros países. No mesmo mês de 2021, o déficit havia sido de US$ 1,921 bilhão.

    Segundo o chefe do Departamento de Estatística do BC, Fernando Rocha, desde abril os resultados mensais das transações correntes têm sido superiores aos dos mesmos meses de 2021. Isso indica que os resultados já são comparáveis ​​com outros períodos da economia, superando os períodos de crise causada pela pandemia de covid-19.

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    “Isso decorre de dois fatores, o primeiro é a reabertura total da economia. Em abril de 2021 estávamos saindo daquela segunda onda da pandemia, Ômicron, ainda tínhamos muitas restrições. Agora em 2022 já temos uma reabertura total da economia. O outro ponto é o crescimento acima do esperado que vem acontecendo este ano, para as projeções que foram revisadas para cima”, disse Rocha.

    A diferença na comparação anual se deve ao superávit da balança comercial, que reduziu US$ 196 milhões, enquanto os déficits em serviços e renda primária (lucros e dividendos) aumentaram US$ 536 milhões e US$ 3,1 bilhões, respectivamente. Rocha destaca o crescimento do déficit de lucros e dividendos, resultado do aumento dos investimentos diretos no país e da maior rentabilidade das empresas. “É um resultado esperado com a melhora da economia”, explicou.

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    Nos 12 meses encerrados em setembro, o déficit em transações correntes é de US$ 46,153 bilhões, 2,56% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), ante saldo negativo de US$ 42,397 bilhões . (2,38% do PIB) em agosto de 2022 e déficit de US$ 23,428 bilhões (1,49% do PIB) no período equivalente encerrado em setembro de 2021.

    No ano, o déficit é de US$ 29,583 bilhões, contra um saldo negativo de US$ 11,356 bilhões de janeiro a setembro de 2021.

    Balança comercial e serviços
    As exportações de bens somaram US$ 30,608 bilhões em setembro, um aumento de 24,5% em relação ao mesmo mês de 2021. As importações somaram US$ 28,252 bilhões, um aumento de 28,2% em relação a setembro do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial fechou com superávit de US$ 2,356 bilhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 2,551 bilhões em setembro de 2021.

    O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) somou US$ 1,887 bilhão em setembro, alta de 39,6% ante US$ 1,352 bilhão no mesmo mês de 2021.

    Em linha com a expansão do volume de comércio exterior, as despesas líquidas de transporte aumentaram significativamente 101,1% na comparação anual, passando de US$ 372 milhões em setembro de 2021 para US$ 748 milhões em setembro deste ano.

    No caso das viagens internacionais, seguindo a tendência dos últimos meses, as receitas de viagens de estrangeiros ao Brasil cresceram em relação ao ano anterior e atingiram US$ 416 milhões em setembro, contra US$ 236 milhões no mesmo mês de 2021. Despesas dos brasileiros no exterior passou de US$ 474 milhões em setembro do ano passado para US$ 907 milhões no mesmo mês de 2022.

    Com isso, a conta de viagens encerrou o mês com aumento de 106,9% no déficit, atingindo US$ 491 milhões, ante déficit de US$ 237 milhões em setembro de 2021, contribuindo para aumentar o saldo negativo em serviços. Segundo Rocha, diferentemente do resultado geral das transações correntes, a conta de viagens ainda não pode ser comparada com os períodos pré-pandemia e a recuperação é muito mais gradual.

    No acumulado do ano, o déficit em conta quadruplicou, passando de US$ 1,326 bilhão de janeiro a setembro de 2021 para US$ 5,363 bilhões de janeiro a setembro deste ano. “Mas se olharmos para os últimos 12 meses até setembro de 2022, as despesas líquidas de viagem somaram US$ 6,3 bilhões, enquanto nos últimos 12 meses até setembro de 2019, antes da pandemia, o déficit foi de US$ 11,8 bilhões. ”, destacou Rocha.

    aluguéis
    Em setembro de 2022, o déficit da renda primária (lucros e dividendos, pagamento de juros e salários) atingiu US$ 6,534 bilhões, 92,7% superior aos US$ 3,391 bilhões do mesmo mês de 2021.

    Normalmente, essa conta é deficitária, pois há mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem lucros para o exterior, do que de brasileiros no exterior. E, mais uma vez, Rocha destacou que qualquer um dos valores da conta já são os mais altos da série histórica. “Aqui não estamos mais tentando compará-lo com um período de pandemia”, disse ele.

    No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos diretos e em carteira, houve déficit de US$ 5,326 bilhões no mês de setembro deste ano, ante o observado em setembro de 2021, de US$ 2,508 bilhões, com destaque para o lucro bruto carteira de investimentos de despesas, que passou de US$ 724 milhões em setembro de 2021 para US$ 3,020 bilhões em setembro de 2022.

    “A explicação é o crescimento do estoque de investimento direto, na faixa de US$ 73 bilhões nos últimos 12 meses, que está sendo remunerado. O crescimento dos estoques, mesmo com rentabilidade constante, contribui para o aumento da conta; se a lucratividade cresce, isso amplia esse processo”, explicou.

    As despesas líquidas com juros passaram de US$ 899 milhões para US$ 1,225 bilhão. O aumento dos juros concentrou-se nas operações de empresas do mesmo grupo econômico, segundo o BC.

    A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 388 milhões, contra US$ 270 milhões em setembro de 2021.

    investimentos
    A entrada líquida de investimentos diretos no país (IDP) totalizou US$ 9,185 bilhões no mês passado, ante US$ 4,600 bilhões em setembro de 2021. É a maior entrada líquida para setembro desde 2017, quando foi de US$ 9,3 bilhões.

    No mês passado, houve entradas líquidas em participação de capital de US$ 3,448 bilhões, como com a compra de novas empresas e reinvestimento de lucros. Já as operações intercompanhias (como empréstimos da controladora no exterior para a filial no Brasil) tiveram superávit de US$ 5,737 bilhões.

    Nos 12 meses encerrados em setembro de 2022, o IDP totalizou US$ 73,811 bilhões, correspondendo a 4,1% do PIB, ante US$ 69,226 bilhões (3,88% do PIB) no mês anterior e US$ 49,866 bilhões (3,17% do PIB) em setembro de 2021.

    Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiar o saldo negativo é o IDP, pois os recursos são aplicados no setor produtivo e geralmente são investimentos de longo prazo. Para o mês de outubro de 2022, a estimativa do Banco Central para o IDP é de ingressos líquidos de US$ 3,943 bilhões.

    As aplicações em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de US$2,638 bilhões em setembro de 2022, compostas por saídas de US$3,860 bilhões em ações e fundos de investimento e entradas de US$1,222 bilhão em títulos de dívida.

    O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 327,580 bilhões em setembro de 2022, um aumento de US$ 12,084 bilhões em relação ao mês anterior. O resultado deveu-se principalmente às variações de preços e paridades, que contribuíram para reduzir o estoque em US$ 6,452 bilhões e US$ 2,457 bilhões, respectivamente, parcialmente compensados ​​pela contribuição positiva das receitas de juros, de US$ 563 milhões.



    Fonte: Agro