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Commodities sentem peso da aversão ao risco com novo colapso de bancos em…

    Commodities sentem peso da aversao ao risco com novo colapso

    A aversão ao risco tomou conta dos negócios das commodities nesta segunda-feira (13), principalmente agrícolas e petrolíferas, refletindo as preocupações que surgiram a partir do fim de semana com a anunciada falência de dois grandes bancos americanos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank. “Os mercados ficaram muito atentos ao cenário macroeconômico de aversão ao risco após a quebra do SVB na semana passada”, alertou a equipe da Agrinvest Commodities.

    Na Bolsa de Chicago, o mercado da soja aprofundou sua queda e passou a operar com perdas de dois dígitos entre os principais vencimentos, encerrando o dia com perdas de 13 a 17,25 pontos, levando o mercado a, mais uma vez, perder o patamar de US$ 15,00 por alqueire. Maio fechou o dia cotado a US$ 14,91 e julho a US$ 14,79. Os contratos futuros de farelo e óleo de soja encerraram o primeiro pregão desta semana perdendo mais de 1%.

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    Ao longo do dia, principalmente pela manhã, as perdas entre outras commodities foram ainda mais intensas, com o petróleo liderando o recuo, perdendo quase 5%. No entanto, as mínimas foram amenizando, com perdas passando agora de pouco mais de 2% – tanto no WTI quanto no brent, assim como algumas já passando para o campo positivo, como o algodão – que sobe mais de 3% na Bolsa de Nova York .

    Na edição da manhã desta segunda-feira do Bom Dia Agronegócio, abertura do mercado Notícias Agrícolas, um dos destaques foi a necessidade de monitorar o contágio de um momento como este às commodities, sejam elas agrícolas ou não. Análise:

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    Ao mesmo tempo, o índice do dólar cedeu quase 1% para retornar aos 103,190 mil pontos. Ante o real, por volta das 15h20 (horário de Brasília), a moeda americana fez o contrário e subiu 0,7% e foi cotada a R$ 5,24.

    Todos os olhos do mercado estão agora voltados para os desdobramentos que esta nova crise pode trazer aos mercados em todas as esferas, desde commodities como matéria-prima, até commodities “apenas” como investimentos. Mais do que isso, o cenário também provocou alertas aos mercados sobre o futuro da política de juros do Federal Reserve – o banco central americano – e como ela deve impactar outros mercados.

    E segundo a agência internacional de notícias Reuters, os mercados que arrefeceram as perdas ou mesmo transitaram para o campo positivo refletiram justamente essa possibilidade de contenção no avanço da taxa de juros norte-americana diante do ocorrido.

    “O fechamento repentino do SVB Financial na sexta-feira, após um aumento de capital fracassado, levantou preocupações sobre os riscos para outros bancos devido aos aumentos acentuados dos juros pelo Fed no ano passado, mas também estimulou especulações sobre se o banco central poderia desacelerar o ritmo de seu aperto monetário “, informou a Reuters.

    Decretada a falência, a Reserva Federal, o Tesouro norte-americano e o Insurance Deposit trouxeram, nas últimas horas, uma “garantia conjunta” aos clientes bancários, que também foi, ainda que parcialmente, bem recebida pelo mercado.

    Para o operador de mercado Maurício Bellinelo, “ainda não se viu toda a história”, e os efeitos ainda podem ser graves e profundos, já que esta é a pior quebra de banco em 25 anos nos Estados Unidos, conforme explicou em seu comentário nesta segunda-feira no programa Tempo & Dinheiro. E também explica que as ações recentes do Federal Reserve são insuficientes para conter o que pode vir pela frente diante das últimas notícias. “Me parece muito mais uma sensação de alívio, não de euforia. O mercado não tem a leitura de que as coisas melhoraram claramente. Se isso tivesse acontecido, teríamos visto as ações subirem 4%, 5%.”

    Assim, Belinello acredita que esse episódio é o mais grave da história econômica americana desde 2008 e o que acontecerá a seguir é uma grande incógnita, gerando uma grave crise de desconfiança. “Tenho plena convicção de que o que aconteceu na sexta-feira tem os efeitos mais graves que estão por vir”, disse, reforçando que uma menor exposição ao risco agora e uma dose extra de cautela não devem prejudicar ninguém.

    Embora todo esse cenário possa afetar o consumo americano, as commodities negociadas nas bolsas internacionais tendem a sentir o impacto e a turbulência nos preços. Mais do que isso, o monitoramento constante deve ser intensificado. “Não há efeito direto sobre soja, milho, trigo. Mas se a recessão americana se agravar ou acelerar por conta dos efeitos disso, provavelmente todas as commodities vão sentir e o petróleo deixou esse sinal claro hoje”, disse o operador.

    O especialista também aponta que com essa possibilidade de aumento dos juros nos EUA, o dólar pode começar a recuar não só em relação ao real, mas também a outras moedas.

    MERCADO DE SOJA NO BRASIL

    No Brasil neste início de semana, mais uma vez, o destaque é a condição de prêmios para a soja nacional. “Os prêmios voltaram a cair hoje, porém a queda é maior na ponta curta. O contrato de abril e maio continuam caindo mais fortemente em relação aos embarques de julho e agosto”, explica a equipe da Agrinvest.

    Segundo especialistas da consultoria, os contratos mais longos de soja na Bolsa de Chicago estão caindo mais do que os curtos, e “a explicação seria o perfil de comercialização no Brasil. Produtores e cooperativas estão vendendo apenas no local, devido à necessidade por espaço, o que acaba pressionando muito a ponta da curva premium”.

    Por outro lado, ainda de acordo com a Agrinvest, junho, julho e agosto ainda apresentam prêmios firmes, o que pode sinalizar que os produtores não estão vendendo. “A capacidade de escoamento da soja está atrasada, confirmando que os produtores venderão apenas o necessário, carregando estoques para meses à frente”.

    Diante disso, o que se vislumbra é a possibilidade de uma maior oferta da soja brasileira ser levada para o segundo semestre, que deverá ter maior concorrência com a soja americana. “Desenha-se um quarto trimestre de grande competição entre Brasil e Estados Unidos, um cenário potencialmente baixista para Chicago e para os prêmios”, explica a Agrinvest.



    Fonte: Noticias Agricolas