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Casa do Aluno ESALQ: 60 anos de história, de José Otávio M. Menten

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José Otávio M. Menten, Eng.° Agro.° Professor Sênior da USP/ESALQ e Presidente do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável)

Morei na Casa do Aluno da ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”), na USP (Universidade de São Paulo) de 1970 a 1973. Cheguei em Piracicaba muito jovem, vindo de Jundiaí, depois Várzea Paulista, morando na Granja Santa Terezinha e vindo do Ginásio e Científico de uma escola pública. Não conhecia Piracicaba. Vim fazer o vestibular e, sendo aprovado, tive que procurar um lugar para morar. Procurei a Casa do Estudante e fui bem recebido.

Inicialmente, fiquei em quarto compartilhado, aguardando o processo seletivo. Sendo aceito, fui para um “quarto de canto”, sem banheiro. Usei o banheiro do quarto de um “veterano” que me deu a chave. Mais tarde, me mudei para o melhor cômodo da casa: no meio do corredor do terceiro andar. Os quartos tinham uma cama, mesa, cadeira e armário. A cada dois quartos havia um banheiro compartilhado. E foi nessa “nova casa” que estudei, fiz estágios, cursos extracurriculares, etc. Além da formação profissional, ministrada pelos professores da ESALQ, aprendi muito nesta casa. Não apenas sobre agronomia, mas sobre a vida. Mal cheguei em casa. Passei muitos finais de semana em Piracicaba, ou fui a colegas que moravam em cidades diferentes.

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Éramos 130 residentes, dos diferentes anos do Curso de Engenharia Agronômica. Naquela época a casa se chamava CEA (Casa do Estudante de Agronomia). Só recebia homens. A partir de 1976, com o início de outros cursos na ESALQ, passou a se chamar CEU (Casa do Estudante Universitário), nome que permanece até hoje. Começou a aceitar alunas a partir de 1979, tornando-se habitação mista. A diversidade, que já era muito grande, ficou ainda mais intensa.

A ESALQ/USP, tradicionalmente conhecida como “Escola Agrícola”, tornou-se referência nacional e internacional desde o início de suas atividades em 1901. Além de atender alunos piracicabanos, sempre atraiu jovens interessados ​​em todo o Brasil e no estrangeiro. Ao chegarem a Piracicaba, a maioria deixando suas famílias e casas pela primeira vez, buscaram moradias coletivas, as “Repúblicas”. Estes tornaram-se as suas “novas casas”: locais onde aprenderam muito, partilharam responsabilidades e fortaleceram amizades, que duram a vida inteira!

Graças à iniciativa do CALQ (Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz”) desde 1949, e com o apoio do professor Dr. José Benedito de Camargo, então diretor da ESALQ, foi realizado o projeto de construção da Casa do Estudante: em 14 de setembro , 1962, (para alunos da Escola Agrícola), foi inaugurada a maior moradia coletiva de Piracicaba! Um prédio de três andares: no térreo, salas de leitura, televisão, atividades esportivas e culturais, além de um espaço para preparar refeições rápidas (o “Barbada” funcionou por um tempo, coordenado por colegas que serviam comida a baixo custo ). Nos três pisos superiores, existem 125 quartos, divididos em seis “alas”, cada uma com uma fonte de água.

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O professor José Benedito de Camargo, que dá nome à Casa do Estudante, não participou da inauguração. Nascido em 26 de outubro de 1911, um Paraibuna – SP, criado em Piracicaba por um tio, faleceu em 18 de outubro de 1960, atropelado por um carro desgovernado em uma avenida de São Paulo – SP. Esteve a serviço da ESALQ, buscando recursos para a construção da Casa do Estudante. Ele tinha apenas 48 anos. Como Diretor da ESALQ/USP, sucedeu ao Prof. Dr. Walter Ramos Jardim e foi sucedido pelo Prof. Dr. Hugo de Almeida Leme.

Da mesma forma que Luiz de Queiroz, não pôde ver sua grande obra concluída. Mas está eternizado, sendo seu nome atribuído à casa de estudantes; uma justa homenagem, sempre sendo reverenciada por moradores e ex-moradores.

Foi neste espaço físico, recentemente remodelado, tornando-o mais confortável e seguro, que os alunos selecionados desfrutaram e usufruem de uma vida saudável.

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Nestes 60 anos, muitas experiências foram vividas por seus antigos moradores e estão sendo vividas pelos atuais moradores, sempre com muita tolerância, fraternidade e liberdade. Pelo CEA, depois CEU, passaram pessoas que se tornaram grandes profissionais, construíram famílias e contribuíram para a transformação da agricultura brasileira. Fomos protagonistas da maior revolução agrícola tropical do mundo. Passamos de importador de alimentos para uma potência agrícola e ambiental, fornecendo alimentos, fibras naturais e bioenergia para quase um bilhão de pessoas. O Brasil é atualmente reconhecido como um dos maiores produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo.

A agricultura é fundamental para o PIB do país, para a balança comercial e para a geração de emprego e renda para a população.

Muito mais do que um espaço físico, a Casa do Estudante vem proporcionando um ambiente de grande camaradagem, apoio mútuo e crescimento individual. As amizades criadas durante os cursos de graduação na USP/ESALQ foram mantidas ao longo da vida, permanecendo até hoje.

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Um pouco dessa história foi tratada em um livro recém-lançado, de autoria de um ex-residente (1967 a 1971), o Agro.o Eng.o Ivan Chaves de Souza: “Contos, Recontos e Vivências” – Casa do Estudante Universitário, CEU – ESALQ/USP. São mais de 350 páginas com a “história não oficial” do CEU. Há testemunhos e memórias de antigos moradores e atuais moradores, incluindo algumas “lendas”.

O objetivo principal do livro foi possibilitar aos moradores da “maior casarão da ESALQ” “matar a saudade, saboreando alguns dos bons momentos vividos entre tantos colegas, de diferentes origens e culturas”, com amizades consolidadas que permanecem até hoje. este dia!

No dia 17 de setembro de 2022, as comemorações dos 60 anos da Casa do Estudante Universitário “Prof. José Benedito de Camargo”: lançamento do livro sobre o CEU no Museu Luiz de Queiroz, sessão solene no Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, inauguração da placa comemorativa no CEU e almoço. O evento contou com a presença de um número significativo de ex-moradores e atuais moradores, diversas autoridades e transporte em ônibus que atendeu estudantes nas décadas de 1960-1970.

Foi um dia que entrou para a história da USP/ESALQ em Piracicaba. A importância de um local que, ao longo de 60 anos, acolheu e fortaleceu cerca de 2.000 moradores, alguns já falecidos, que superaram dificuldades, morando longe de suas famílias, com poucos recursos, mas vivendo alguns dos melhores momentos de suas vidas, com boas desempenho acadêmico e formando cidadãos importantes para todo o Brasil e para o mundo.



Fonte: Noticias Agricolas

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