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Brasil tentará conquistar o título mundial de exportação de algodão já em 2023, diz…

    Brasil tentara conquistar o titulo mundial de exportacao de algodao

    Por Roberto Samora

    SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil tem chance de buscar pelo menos uma taça em 2023, a de campeão mundial em exportação de algodão, ao prever aumento da área plantada, enquanto os Estados Unidos devem enfrentar a concorrência local por área com outros mais rentáveis lavouras, segundo avaliações de produtores brasileiros.

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    Segundo eles, o cenário de liderança brasileira no mercado mundial pode se confirmar se os EUA reduzirem algo como 30% do plantio, para dar lugar a culturas concorrentes como milho, soja e trigo. É um corte drástico, mas não totalmente descartado.

    A meta de liderança que um dia os cotonicultores do Brasil acreditam alcançar pode, assim, ser antecipada. Já o setor brasileiro se diz preparado para avançar com a produção no ano que vem, apesar dos custos mais altos, para não perder mercados na Ásia, principalmente na China, conquistada recentemente.

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    Enquanto os brasileiros iniciam o plantio da safra 2022/23 (com colheita no ano que vem), os americanos terminam de colher o produto do mesmo ciclo e se preparam para a safra 2023/24, com colheita no ano calendário de 2023, que deve ser o campo em que será travada a disputa entre Brasil e EUA.

    “Em um curto espaço de tempo, seremos os maiores exportadores. E em um período um pouco mais longo, seremos também os maiores produtores. Talvez sejamos os maiores exportadores já no ano que vem”, disse o produtor Júlio Cézar Busato à Reuters, antes de entregar a presidência da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) a Alexandre Pedro Schenkel, que presidirá a entidade no biênio 2023-24.

    China e Índia disputam de igual para igual a posição de maior produtor mundial de algodão, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), enquanto o Brasil aparece em quarto lugar, com cerca de metade do volume produzido pelas líderes, mas hoje um pouco atrás os americanos, que tiveram problemas climáticos com a safra deste ano.

    Em termos de exportação, o Brasil está em segundo lugar atrás dos Estados Unidos e espera aumentar os embarques em mais de 22%, disse a Abrapa esta semana, confiante em uma produção próxima do recorde – a maior parte da pluma brasileira é da segunda safra, plantada após a colheita da soja no início de 2023, com Mato Grosso e Bahia liderando a área.

    “Tenho certeza que ano que vem teremos oportunidades. Enquanto os outros vão recuar, nós não vamos recuar”, disse Busato.

    A produção de plumas deve crescer 18% em 2022/23, para quase 3 milhões de toneladas, segundo a associação, com recuperação da produtividade após alguns problemas climáticos no ciclo anterior, já que a área plantada deve crescer pouco mais de 1%.

    “Matematicamente, devemos diminuir a área plantada de algodão”, disse ele, citando custos de produção 27% maiores após um aumento nos valores dos insumos em 2022. concluído.

    A trajetória do algodão seria semelhante à da soja, mercado em que o Brasil já ultrapassou os Estados Unidos como maior produtor e exportador há algum tempo, enquanto no milho há quem acredite que as exportações brasileiras também possam ganhar a liderança em breve, condição que dá mais peso para a nação na formação de preços no mundo.

    Segundo análise da empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets, a expectativa é de aumento da área de algodão no Brasil em relação a 2021/22 e “plantio dentro da janela ideal”, considerando as condições climáticas atuais.

    Na análise, o especialista David Silbiger não se deteve sobre o que isso pode representar para o mercado global. Mas ele disse que o preço atual deixa a indústria dos EUA “perto ou mesmo abaixo do custo de produção”, enquanto as safras concorrentes oferecem melhores possibilidades de margem”.

    “Assim, embora seja muito cedo para quantificar quanta área o algodão vai realmente perder (nos EUA), fica claro que essa cultura já está em desvantagem”, declarou, citando que a fibra sofre concorrência de milho, soja, amendoim, arroz e trigo.

    A CHINA É “AVENIDA ABERTA”

    A cultura do algodão é uma das mais exigentes em investimentos, com uma colhedora custando cerca de 7 milhões de reais, e tal equipamento tem que se pagar, o que também explica o fato de muitos produtores brasileiros se manterem fiéis ao fiapo para honrar os compromissos financeiros.

    Para tempos difíceis, Busato cita a competitividade do algodão do Brasil, que, segundo ele, dobraria a produtividade dos EUA, além de contar com certificações de qualidade e rastreabilidade, diferencial que o concorrente do norte não tem em escala do produto brasileiro.

    No campo externo, o Brasil já exportou mais de 700 mil toneladas para a China (em 2020/21), tanto quanto consome internamente, mas também embarca grandes volumes, principalmente para países asiáticos, como Vietnã, Bangladesh, Paquistão, Indonésia e Malásia, além da Turquia.

    Busato lembrou que na guerra comercial entre EUA e China, que atingiu seu auge há cerca de três anos, os chineses, tributados pelos EUA, “abriram uma avenida (mercado para os brasileiros)”, e entramos com um trator de 500 cavalos “. E agora esse mercado precisa ser mantido.

    Segundo Schenkel, novo presidente da Abrapa, o país é o único capaz de atender a demanda adicional por algodão nos próximos anos, já que outros concorrentes teriam limites de terras para avançar. Além disso, disse, o Brasil “tem a vantagem de não ser inimigo de ninguém”.

    “A receptividade que temos tido nas viagens à Ásia é sempre muito positiva.”

    (Reportagem de Roberto Samora)



    Fonte: Noticias Agricolas