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Brasil quer reciclar 20% de seus resíduos sólidos secos até 2040

No ano passado, o Brasil produziu 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), segundo o estudo Panorama dos Resíduos Sólidos 2022, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Estima-se, com base nos dados desse mesmo estudo em 2021, que pouco mais de 30% desse volume seja composto por materiais recicláveis, o equivalente a 24 milhões de toneladas de resíduos que poderiam passar por esse processo. Mas outro estudo, este feito pela International Solid Waste Association (ISWA), aponta que reciclamos apenas 4% de todo o lixo que poderia ser reaproveitado.

O percentual está bem abaixo do que é praticado por países com renda e nível de desenvolvimento econômico semelhantes ao nosso, como Chile, Argentina e África do Sul, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da ISWA. resíduos reciclados, o Brasil tem uma meta ousada a ser alcançada até 2040: reciclar 20% de todos os seus resíduos sólidos secos. O objetivo está previsto no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), principal instrumento previsto na Lei, que estabelece as estratégias, diretrizes e metas para o setor. Mas se depender de iniciativas como a Marajoara, indústria de laticínios localizada na cidade de Hidrolândia (36 quilômetros de Goiânia), essa meta pode ser alcançada.

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Há doze anos, o setor mantém uma parceria de sucesso com a Copel Recicláveis. Juntas, as duas empresas administram uma central de reciclagem exclusiva para coleta e pré-tratamento dos resíduos sólidos secos de Marajoara, que inclui papel, papelão, plástico e embalagens longa vida. De acordo com o diretor de operações da Copel, Roberto Domingos Junior, a fábrica instalada no terreno onde fica a sede da Marajoara serve para dar uma destinação ambientalmente sustentável aos resíduos pós-industriais. “A reciclagem reduz o volume de resíduos em aterros [sanitários]. E a longo e médio prazo conseguimos economizar mais recursos naturais como árvores, petróleo e minérios e gerar emprego e renda”, explica Roberto.

Ao todo, são oito toneladas de material reciclável por mês que são recolhidas, armazenadas e transformadas em mercadoria para as indústrias de reciclagem. ”, descreve o diretor da Copel.

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Para o gerente de compras da Marajoara, Vinícius Junqueira, além de trazer grandes ganhos ambientais com a redução da poluição, a central de reciclagem exclusiva para a indústria traz uma redução significativa nos custos de transporte e operação desse material. “Essa parceria com a Copel nos traz uma grande praticidade, pois não temos disponibilidade para levar esses resíduos para um aterro sanitário, ou para uma cooperativa de reciclagem, devido ao grande volume que é gerado. Assim, a própria Copel busca e realiza todo o procedimento, dentro de todas as normas ambientais necessárias”, aponta Vinícius.

Centro de reciclagem

O diretor de operações da Copel explica que os resíduos normalmente chegam misturados ao Centro de Reciclagem Marajoara. “Para atender as exigências do mercado, que são parametrizadas, como no caso do papel e papelão, pelas normas técnicas da ABNT (NBR 15483 e 15484), o material passa por um processo de separação. Eles, sendo separados, podem ser reaproveitados em processos específicos de reciclagem. Portanto, a segregação ou separação provoca uma transformação parcial do resíduo em matéria-prima, convertendo o resíduo em material reaproveitável”, explica.

Após a separação, a prensagem é realizada em equipamentos industriais de alta potência força/ton/hora. “O embrulho de balse é completado por amarração com fitas plásticas reforçadas feitas de matéria-prima reciclada”, diz Roberto Domingos Júnior.

Após esses processos, finalmente, todo esse material é transformado em matéria-prima secundária, pronta para ser reaproveitada. “O produto é transportado por empilhadeiras até uma área de armazenamento específica, dentro do almoxarifado (galpão) onde fica devidamente e obrigatoriamente protegido. Em seguida, os fardos são empilhados para aguardar o carregamento com destinação final para as indústrias de reciclagem, localizadas principalmente nos estados do Sul e Sudeste”, descreve.

Outras iniciativas

Mas o centro de reciclagem é apenas uma das iniciativas de sustentabilidade implementadas pela Marajoara. A gestora da empresa lembra de outros dois projetos já premiados: a biomassa gerada pela Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da indústria e que é utilizada como fertilizante para pequenos produtores cadastrados; e o projeto Fertirrigação, que destina toda a água tratada para irrigação de pastagens e reposição do lençol freático.

“Todo efluente de nossos processos fabris é tratado em nossa ETE. Esse tratamento gera uma biomassa rica em nitrogênio, fósforo e potássio, que são os principais nutrientes necessários para a pastagem, principalmente para o gado leiteiro. Há cerca de quatro anos aprovamos esse projeto junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e desde então já cadastramos alguns pequenos produtores que recebem essa biomassa gratuitamente”, explica Vinícius sobre o projeto que foi premiado em 2021, durante o 19ª edição do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente.

O projeto Fertirrigação, lançado há dois anos, é uma evolução do projeto Biomassa. “Essa água que tratamos em nossa ETE atinge um grau de tratamento com eficiência acima de 90%, muito acima dos 60% exigidos pela legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Com esse índice, poderíamos facilmente despejar essa água de volta no córrego da cidade. Mas optamos por uma solução ainda mais sustentável, que foi montar uma rede de fertirrigação que é utilizada em uma área de pastagem e ao mesmo tempo alimenta o lençol freático local”, descreve Vinícius Junqueira.



Fonte: Agro

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