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Balança comercial tem superávit de US$ 61,8 bilhões em 2022

    Balanca comercial tem superavit de US 618 bilhoes em 2022

    O valor total exportado pelo Brasil em 2022 cresceu 19,1% e o valor importado foi 24,3% superior ao registrado em 2021. Assim, o superávit na balança comercial do país fechou o ano em US$ 61,8 bilhões, pouco acima dos US$ 61,4 bilhões em 2021.

    Os dados foram divulgados hoje (16), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), no Indicador de Comércio Exterior (Icomex).

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    Segundo a instituição, o saldo de novembro e dezembro surpreendeu com a melhora das vendas para a China, com destaque para a agropecuária. O superávit do setor extrativo caiu e o déficit da indústria manufatureira aumentou.

    “Restrições de oferta agrícola associadas à guerra na Ucrânia e questões climáticas elevaram os preços agrícolas, pois o aumento do volume exportado foi 2,6% menor que o da indústria de transformação. Nos extrativos, os preços e o volume das exportações recuaram com o desempenho desfavorável do minério de ferro. O déficit da indústria de transformação é recorrente na balança comercial do Brasil desde 2009”, informou o FGV/Ibre.

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    cenário mundial
    Para este ano, o instituto projeta um crescimento menor da economia mundial, com taxa de expansão do Brasil abaixo de 1% e redução tanto das exportações quanto das importações.

    No cenário internacional, o crescimento mundial pode ser afetado positivamente pelo relaxamento da política de zero covid na China, que projeta crescimento de 5% em 2023. Na União Europeia, a crise energética pode levar a um crescimento menor.

    “Os preços do petróleo continuarão afetados por questões geopolíticas e a recuperação das exportações extrativas depende também da recuperação das vendas de minério de ferro para a China. No caso dos manufaturados, a crise argentina não favorece o aumento das exportações de maior valor agregado do setor automotivo. Em primeira leitura, o saldo comercial de 2023 deve ser menor que o de 2022”, destacou o FGV/Ibre.

    Resultados
    A principal contribuição para o aumento dos valores do comércio exterior foi a variação de preços, com alta de 13,7% para as exportações e de 21% para as importações na comparação de 2022 com relação a 2021. Em volume, as exportações cresceram 4,4% e as importações subiram 2,7%.

    A participação das commodities (mercadorias) exportadas permaneceu a mesma com 68% do valor total e aumento de 13,9% nos preços e de 4,4% na quantidade. As não commodities variaram 13,5% em valor e 4,7% em volume.

    O índice de preços ficou em 130,2, queda de 6,7% em relação a 2011. O índice de volume de exportação de commodities atingiu seu pico em 2022, alta de 2,4% em relação ao nível anterior mais alto registrado em 2020: 180,2.

    Nas importações, as commodities passaram de 8,5% para 11,7% em participação em valor, com alta de preços de 47,9% entre 2021 e 2022. Em volume, a variação foi de 15,3%. Para não commodities, as variações foram de 18,3% nos preços e de 1,4% nas quantidades.

    Segundo o instituto, o aumento dos preços de importação das commodities foi o maior registrado na série histórica, iniciada em 2008.

    “A guerra na Ucrânia, os efeitos climáticos nas lavouras e os gargalos herdados e ainda não totalmente superados pela covid 19 explicam o aumento dos preços das importações, que impactou a inflação mundial e brasileira”, explicou FGV/Ibre.

    Setores
    Na avaliação da fundação, o valor agregado da agropecuária deve cair no ano, afetando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – soma de todos os produtos e serviços finais produzidos no país). Mas, segundo o instituto, o setor deu uma contribuição positiva para a balança comercial, com o saldo do setor passando de US$ 46,5 bilhões para US$ 65,8 bilhões entre 2021 e 2022.

    Na indústria extrativa, houve queda no superávit, que passou de US$ 63 bilhões em 2021 para US$ 45,5 bilhões em 2022. O setor foi responsável por 22,8% das exportações do país. A indústria de transformação aumentou o déficit de US$ 45,3 bilhões para US$ 48,5 bilhões, respondendo por 55,7% das exportações brasileiras. A agropecuária correspondeu a 21,3%.

    Setorialmente, a agropecuária teve variação de 34% nos preços e o volume cresceu 2,6%. Na indústria de transformação, os preços subiram 15,7% e os volumes, 8%. Na indústria extrativa, a queda foi de 3,6% no preço e de 0,4% na quantidade.

    A soja continua sendo o principal produto exportado, seguida do petróleo bruto e do minério de ferro, apesar das vendas terem caído 35,3% com queda de preço e volume.

    Importar
    No ano, a indústria de transformação foi responsável por 86% das importações brasileiras, seguida pela mineração (11,3%) e agropecuária (2%). Os extrativos aumentaram 79,6% em relação a 2021, com aumento de 75,1% nos preços e de 3,8% no volume.

    O FGV/Ibre aponta que o resultado se deve à compra de petróleo bruto, que teve valorização de 148,2%, devido ao aumento de preços de 47,5%.

    A importação de bens de capital na agropecuária subiu 54,2% em volume, indicando que o setor espera um resultado melhor para 2023 na safra. Na indústria de transformação, o volume de bens intermediários importados desacelerou devido à expectativa de menor crescimento da demanda.

    Mercados
    Com relação aos mercados com os quais o Brasil mantém relações comerciais, o superávit com a China caiu US$ 11,3 bilhões em relação ao ano anterior. O déficit com os Estados Unidos aumentou US$ 5,7 bilhões. Com isso, esses dois países contribuíram para uma queda de US$ 17 bilhões na balança comercial de um ano para o outro.

    Houve aumento no volume exportado para todos os mercados, exceto China, que registrou queda de 2,8%, afetada pela queda do minério de ferro. A carne bovina, por outro lado, teve um aumento de 81% nas exportações para a China.

    Em relação à Argentina, o agravamento da crise no país e as restrições cambiais levaram a uma redução de 22,1%. Já para a União Européia, houve crescimento nas exportações de 15,8% na comparação anual.

    Em volume importado, a China subiu 12,6% e a União Europeia, 3,8%. Quanto aos preços de importação, os Estados Unidos subiram 33,1%, a União Européia, 19,6%, a Argentina, 16,9% e a China, 13,6%.



    Fonte: Noticias Agricolas