Pular para o conteúdo

Argentina, Brasil ou EUA: Onde irão os compradores buscar soja neste novo…

    Argentina Brasil ou EUA Onde irao os compradores buscar soja

    As vendas semanais para as exportações norte-americanas vieram fracas na divulgação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (22). Os números ficaram abaixo do esperado tanto para soja, derivados e milho. No caso do cereal, as vendas de 2022/23 são apenas metade do volume do mesmo período do ano comercial anterior.

    Na semana encerrada em 15 de setembro, os EUA venderam 446,4 mil toneladas de soja, enquanto as projeções do mercado variavam de 500 mil a 1 milhão de toneladas, sendo o Egito o maior comprador da oleaginosa americana. A China foi responsável por compras de 152,2 mil toneladas. No entanto, o relatório ainda indica que existem 55 mil trocas de ‘destinos desconhecidos’. Ao mesmo tempo, o relatório também trazia o cancelamento por destinos desconhecidos de 184,7 mil toneladas.

    A demanda por soja norte-americana está mais contida no momento, já que a Argentina é muito competitiva devido ao estímulo do ‘dólar da soja’. A medida do governo argentino que garante um câmbio específico para a comercialização da commodity promoveu, desde o início deste mês, uma aceleração significativa das vendas, que vinham sendo bastante bloqueadas nos últimos meses, justamente pela pouca vantagem em a venda de grãos contra o peso tão desvalorizado.

    Estimativas da Bolsa de Comércio de Rosário indicam que, de 5 a 19 de setembro, já foram comercializadas 9,3 milhões de toneladas de soja. Desse total, segundo informações do portal local Infocampo, 6,2 milhões de toneladas de negócios são negócios novos e 2,6 milhões são apenas operações de fixação de preços para volumes já comprometidos.

    Vendas de Soja na Argentina - BCR
    Gráfico: Bolsa de Valores de Rosário

    Assim, essa competitividade intensificada da soja argentina em relação aos seus demais concorrentes se reflete, portanto, nos números norte-americanos. E deve continuar surtindo efeito, conforme explica o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. “As próximas semanas devem ser muito fracas. A Argentina está muito barata para embarcar em outubro, e a China comprou vários barcos nas últimas duas semanas”, diz.

    Vanin complementa alertando sobre o quanto a Argentina pode tirar do programa de soja dos EUA daqui para frente.

    “Lembrando que o programa americano iniciou a temporada com 24,4 milhões de toneladas, o segundo mais forte da história. Se o Brasil tiver algum problema de produção ou logística em fevereiro, o programa americano poderá chegar perto de 50 milhões na virada da segunda metade da temporada , no início de março, o que pressionaria o USDA por revisões para cima na demanda”, explica.

    A análise de Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach Ag Marketing, é semelhante e também levanta a questão de quanto tempo ainda tem essa presença argentina no mercado. O importante será entender se o espaço que foi alcançado neste mês é algo específico, de curto prazo, ou se é algo que pode ser ampliado.

    “Hoje acredito que são notícias de curto prazo, que não afetarão a relação de oferta e demanda de longo prazo”, diz. “O comprador quer comprar da Argentina enquanto está disponível e depois encher com soja dos EUA até chegar a nova safra brasileira. Para mim, é mais um ajuste nesse sentido. E se for o caso, os EUA devem voltar a exportar. entre outubro e dezembro, até a chegada da safra brasileira. Então, as exportações americanas continuarão fortes, só está tendo uma pequena queda agora no curto prazo”, detalha Edwards.

    E explica ainda que, apesar de sinalizar impacto pontual, o movimento merece monitoramento constante, pois pode ter algumas consequências para as três principais origens mundiais da oleaginosa. A consultora destaca ainda que os compradores continuam a ponderar quem tem o produto disponível agora, a que preços e em que condições logísticas também são mais atractivas.

    “A Argentina ‘ganhou’ a rodada de setembro, imagino que os EUA vão ganhar espaço de outubro a dezembro, e o primeiro semestre no Brasil, dependendo de quando começar a chegar a nova safra de soja, o país vai ganhar muito espaço nas exportações. apenas encaixando na exportação e não muito diferente do ritmo normal de exportação de soja”, diz o consultor americano.

    A grande dúvida sobre o cenário de oferta e demanda, na análise de Aaron Edwards, é se haverá demanda no mercado atual por toda essa soja nos níveis de preços atuais ou os valores praticados agora já comprometem o consumo.

    “E minha opinião é que ainda não estamos ‘destruindo’ as demandas nesses níveis de preços, pelo menos não significativamente. Isso é positivo para as exportações dos EUA, para o Brasil, e enquanto tivermos estoques apertados isso não muda. em termos de preços e quando cada um exportar, mas haverá demanda de soja do Brasil e dos Estados Unidos”, acrescenta.

    Assim, o próximo momento de maior atenção será um cenário de possível desaceleração da demanda, com estoques mais elevados, que pode ser quando os exportadores começarem a competir com mais veemência. “E esta não é a foto de hoje, na minha opinião.”



    Fonte: Noticias Agricolas