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Análise mensal | Cana | Fevereiro 2023

Dr. Marcos Fava Neves

Victor Nardini Marques

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Vinícius Cambaúva

Abaixo estão nossas reflexões sobre os fatos e números da cana-de-açúcar em janeiro/fevereiro e o que se seguirá em março.

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na bengalaa moagem na região Centro-Sul atingiu o valor acumulado de 542,39 milhões de toneladas, considerando o intervalo do início do ciclo 2022/23 até 1º de fevereiro, o que representa uma variação positiva de 3,78% na comparação com o ano anterior, segundo pesquisas quinzenais da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar). Permanecem em operação 13 unidades, das quais 3 utilizam a cana-de-açúcar como matéria-prima e as outras 10 utilizam o milho. Enquanto isso, neste mesmo período da safra 2021/22, havia nove unidades em operação.

Relativo qualidade da matéria-primamedido em ATR (Açúcar Total Recuperável), o índice acumulado registrou valor de 141,15 kg/t, configurando uma queda de 1,29% em relação ao ciclo anterior (era de 142,99 kg/t). Por sua vez, o mix de produção está em 54,08% para o etanol e 45,92% para o açúcar, com o adoçante ganhando uma pequena participação de quase 1% sobre o biocombustível na comparação com a safra 2021/22 (quando tínhamos 54,97% para o etanol e 45,03 % para açúcar).

Acompanhamento do mercado de Créditos de Descarbonização (CBios), até o dia 8 de fevereiro, as distribuidoras já haviam adquirido 36,67 milhões de títulos, mas vale lembrar que, com a prorrogação da meta do ano passado, a parcela obrigatória do programa deve adquirir e quitar 72,17 milhões de créditos acumulados entre 2022 e 2023 (36,72 milhões para 2022 e 35,45 milhões para a meta deste ano), para que o compromisso de redução de emissões seja cumprido.

A boa distribuição das chuvas nos meses de dezembro e janeiro tem gerado expectativas positivas para a próxima safra, que se inicia em abril.

Os próximos números da estimativa da safra 2022/23 devem ser maiores. Vamos acompanhar e trazer nas próximas edições!

em açúcar, com maior disponibilidade de matéria-prima a ser processada em relação a 2022, a produção acumulada do adoçante cresceu 4,49%atingindo a marca de 33,5 milhões de toneladas (contra 32,06 milhões), ainda segundo dados da Unica.

Em janeiro, exportações de açúcar e melaço somaram 2,12 milhões de toneladas, alta de 57,0% em relação ao mesmo mês de 2021, quando vendemos 1,35 milhão de t. No faturamento, o aumento foi ainda maior, 75,5%, totalizando US$ 912,09 milhões. O maior aumento na receita é explicado pelo preço da t embarcada 11,0% maior, que fechou o mês cotada a US$ 430,30/t. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

De acordo com a Archer Consulting, Usinas brasileiras fixaram 3,34 milhões de toneladas de açúcar entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, com preço médio em torno de R$ 2.399/t (FOB). Segundo a consultoria, a aceleração das fixações no período está relacionada à alta dos preços em Nova York, que voltaram a ficar em torno de 20 centavos de dólar por libra-peso.

Não acumulado de 2023/24, As usinas já fixaram 18 milhões de toneladas do adoçante até 31 de janeiro, a um preço médio de 17,57 centavos de dólar por libra (sem prêmio de polarização), volume equivalente a 75% de todo o volume de exportação estimado para o período. Nos últimos três meses (na ordem: novembro, dezembro e janeiro) foram negociados 2,65, 2,81 e 2,07 milhões de toneladas de açúcar na Bolsa de Nova York; as análises são de Archer.

E no último dia 10 de fevereiro, Futuros de açúcar negociados na ICE (Intercontinental Exchange) atingiram o maior valor em seis anos, informou a Reuters. As negociações para março fecharam em 21,58 centavos de dólar por libra. O açúcar branco (vencimento em março) foi cotado a US$ 570,80/t.

Na Tailândia, o governo local aumentou as projeções para as exportações de açúcar em mais 17,0%, que deve atingir 9 milhões de t no total em 2022/23. Com uma moagem estimada de 106 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produção de 11,5 milhões de toneladas de açúcar e consumo interno de apenas 2,5 milhões de toneladas, esse volume certamente impactará a dinâmica de oferta/demanda global.

Na data de fechamento de nossa coluna, os contratos futuros de açúcar estavam sendo negociados a 19,66 centavos de dólar por libra-peso (Bolsa de Nova York) e a US$ 558,80/t (Londres).

não etanol, ainda em função do maior nível de oferta de cana-de-açúcar em relação à safra 2021/22, a produção acumulada de biocombustível também aumentou 3,45%, atingindo um volume acumulado de 27,89 bilhões de litros. Desse total, 11,89 bilhões de litros são equivalentes ao anidro (+9,29%) e 16,00 bilhões ao hidratado (-0,49%). Os números foram calculados e divulgados pela Unica.

Produção de etanol de milho já chega a 3,64 bilhões de litros no acumulado desta safra, o que representa um avanço incrível de 26,23% na comparação com o mesmo intervalo do ciclo anterior. O biocombustível de cereais já representa mais de 10% do volume total produzido e deve ganhar ainda mais espaço no próximo ciclo.

Seguindo o comportamento do mês de dezembro, Janeiro também foi muito positivo no contexto das vendas de biocombustíveis: foram vendidos 2,17 bilhões de litros, o que representa um aumento de 23,10% em relação ao ciclo 2021/22. Desse volume total, 1,98 bilhão (91,07%) foi destinado ao mercado interno, enquanto 193,82 milhões (8,93%) foram destinados à exportação.

Em relação às vendas de janeiro para o mercado interno (1,98 bilhão de litros | +15,5%), 49,54% foram referentes à venda de etanol anidro (979,42 milhões de litros | +23,24%) e os 50,46% restantes ao hidratado (997,79 milhões de litros | +8,83%).

Acumulado da safra 2022/23, as usinas do Centro-Sul foram responsáveis ​​pela comercialização de 24,70 bilhões de litros (+7,23%), sendo 10,61 bilhões de litros equivalentes ao anidro (+17,06%) e 14,06 bilhões ao hidratado (+0,85%). Os tipos representam 43,00% e 57,00%, respectivamente.

Por fim, fechando nosso análise de biocombustível com preços. Segundo o Cepea/Esalq, o etanol hidratado no dia 10 de fevereiro atingiu R$ 2,6481/l em São Paulo, permanece de 2,2% não comparativo semanal. Há um mês, o preço estava em R$ 2,5896/l, ou seja, 2,2% menor. A média de fevereiro registra até o momento o preço de R$ 2,6776/l, 0,6% superior ao mês passado (janeiro), mas 3,5% inferior a dez/22; 5,5% menor que nov/22; e 0,1% menor que a cotação Out/22. Em relação a fevereiro passado, os preços estão 15,3% menores (era R$ 3,1596/l em fev/22). É claro que a maior oferta (produção) de etanol no ciclo 2022/23 e o final tardio da moagem ajudaram a manter os estoques em patamares mais elevados. Para o consumidor, esperamos que continuem assim; logo, começamos 2023/24.

  1. Com o fim da moagem na região Centro-Sul, agora vamos monitorar o clima e as chuvas. Vale lembrar que nem sempre a alta pluviosidade é positiva, pois estimula o desenvolvimento vegetativo da cultura e pode prejudicar os estoques de açúcar acumulados (ou seja, a qualidade e consequente eficiência produtiva da cana-de-açúcar).
  2. Reações do mercado futuro de açúcar. Como vimos, os preços atingiram altas significativas nos últimos dias, mas as boas perspectivas para a safra 2023/24 no Brasil, o aumento da oferta na Tailândia e também a chance de redução da demanda global podem impactar as negociações. Vamos ver como esse movimento vai impactar também a oferta de etanol (mix de produção).
  3. CConsumo de etanol e impactos nos preços. Em janeiro, as usinas venderam 23,1% a mais que em janeiro passado (2,17 bilhões de litros de biocombustível). Esse volume adicional pode ajudar a segurar os preços (oferta x demanda), vamos ver como serão as próximas semanas.
  4. Veja também o comércio de petróleo no mercado global. Desde nossa última coluna, o preço do barril de WTI Crude oscilou de $ 81,00 (23/01) para $ 73,00 (03/02) e agora está em $ 79,35 (13/02), no final de nossa coluna. O Brent estava cotado a US$ 85,83, mas foi para US$ 79,94 no início de fevereiro. As variações estão relacionadas principalmente às medidas adotadas pelos países do G7 para estabelecer um teto para o petróleo russo, enquanto a Rússia anuncia cortes na produção em resposta. Vamos acompanhar os novos capítulos.
  5. Finalmente, vale ficar de olho nas estimativas de produção, produtividade, mix de produção e outras relacionadas ao ciclo 2023/24. Março será o último mês antes do início da moagem, quando esses indicadores serão ajustados para níveis mais realistas.

Valor do ATR: em janeiro de 2023, o valor do ATR (Açúcar Total Recuperável) atingiu R$ 1,1562/kg, nova queda de 0,2% em relação ao mês anterior. Segue abaixo o histórico da safra 2022/23, até o momento: abril, R$ 1,2453/kg; maio, R$ 1,2212/kg; junho, R$ 1,1860/kg; julho, R$ 1,2037/kg; agosto, R$ 1,1387/kg; setembro, R$ 1,0662/kg; outubro com R$ 1,1079/kg; novembro a R$ 1,1518/kg; dezembro a R$ 1,1588/kg; e agora em janeiro com R$ 1,1562/kg. No acumulado, chegamos a R$ 1,1677. Nossa estimativa é que fique em R$ 1,18 até o final da safra, em março.

Marcos Fava Neves É Professor Titular (meio período) das Escolas de Negócios da USP de Ribeirão Preto e da EAESP/FGV de São Paulo, especialista em planejamento estratégico para o agronegócio. Acompanhe outras matérias na página DoutorAgro.com, no canal do Youtube e no MarketClub Sicoob Credicitrus, a quem agradeço o apoio na elaboração deste texto, bem como a coautoria de Victor Nardini Marques e Vinícius Cambaúva.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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