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Agro pode buscar novos caminhos para ampliar a conciliação entre agendas de conservação e produção

    Agro pode buscar novos caminhos para ampliar a conciliacao entre

    As mudanças climáticas trouxeram novos paradigmas que demandam diferentes formas de continuar no caminho de conciliar produção agrícola e conservação ambiental. Desta forma, os debatedores do Agronegócio: Meio Ambiente e Mercadosdo 21º Congresso Brasileiro de Agronegócios, avaliou a necessidade de ampliar o diálogo entre todas as partes interessadas; de investimentos para conservar ainda mais; de líderes para inspirar outras empresas e setores; e ciência para resolver os problemas.

    O evento híbrido é uma realização de Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)em parceria com o B3 – a bolsa de valores brasileirae acontece nesta segunda-feira, 1º de agosto, com o tema Integrar para fortalecer. Acompanhe a transmissão em tempo real, via Internet, através do site oficial.

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    Nesse sentido, Fabiana Perobelli, superintendente de Relacionamento com Clientes da B3, comentou que o agronegócio brasileiro precisa se posicionar como protagonista dessa integração. “Já temos um caminho asfaltado para investimentos, o que pode ajudar muito no financiamento desses projetos socioambientais e do mercado de carbono”, disse. No entanto, ela ressaltou que é preciso evoluir mais, principalmente na previsibilidade das regras, ou seja, investir na regulação do mercado verde e de carbono, o que permite trazer ao país um fluxo de capital estrangeiro para compra de títulos.

    Outros pontos citados por Fabiana foram o aumento da capacidade de certificação e a democratização do CRA (Certificado de Receíveis do Agronegócio), por meio do Fiagro, instrumento que possibilitou a captação de pessoas físicas e varejo. “À medida que melhorarmos nossa comunicação, teremos um universo melhor, que não está sendo explorado no agronegócio e será possível financiar mais projetos com temas socioambientais e de carbono”.

    Durante o painel moderado por André Guimarães, Diretor Executivo do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), Prof. Gonçalo Pereira, coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da UNICAMP, destacou a ciência como fundamental para solucionar problemas e fomentar a inovação nos mais diversos segmentos. “O professor universitário é um ativo que os empreendedores precisam aproveitar para resolver seus desafios. Mas é preciso interação e diálogo”, destacou. Para ele, o que o Brasil tem de sobra é a fotossíntese. “A energia torna a planta capaz de fixar e tirar COdois da atmosfera, então o alvo não deve ser um país neutro, mas um país carbono negativo. Ser neutro não é ambicioso.”

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    Liege Correia, diretor de Sustentabilidade da Friboi/JBS e vice-presidente da Abag, avaliou que para ter desenvolvimento é preciso ser sustentável, portanto, sustentabilidade é a estratégia da JBS. “Os setores líderes precisam ser os exemplos, demonstrar as iniciativas, para que os demais sigam no mesmo caminho”, disse. Ela também ponderou sobre a importância de incluir toda a cadeia produtiva, que é bastante dispersa, e a necessidade da implantação definitiva do Código Florestal.

    o embaixador José Carlos da Fonseca Junior, co-facilitadora da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura, trouxe como exemplo o segmento florestal, pois enquanto produz mais de 9,5 milhões de hectares para fins industriais, conserva mais de 6 milhões de hectares de floresta nativa. Ele afirmou que no país existem experimentos em termos de carbono e florestas nativas. “O mundo precisa de madeira e fibras vegetais. E o país tem um grande potencial ativo, com o crédito de carbono, podendo ser líder no mercado voluntário”, explicou. Ele comentou também que o Brasil é um país que já conheceu altos e baixos, e que precisa estar na mesa de negociações do mundo.

    Geopolítica e segurança alimentar


    Em termos de geopolítica, o embaixador Alexandre Parola, representante permanente da Missão Brasileira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou que o equilíbrio internacional que existe hoje é entre cooperação e competição. Este tema foi discutido no primeiro painel Geopolítica, Segurança Alimentar e Interesses do 21º Congresso Brasileiro de Agronegócios.

    “A diplomacia defende interesses criados a partir de realidades e o Brasil aposta em novas formas de negociação, principalmente agrícolas, mais ágeis. Há uma reforma do sistema chegando e o Brasil faz parte dessa reconstrução”, disse Parola.

    Em tempos de conflito, o futuro é incerto, mas o Brasil, como protagonista e líder na produção mundial de alimentos, mostra-se capaz não apenas de apoiar a segurança alimentar e energética, mas também de ser exemplo de economia sustentável, marcando seu DNA verde na nova estrutura. global. na opinião de Gideão Pereiravice-presidente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a preocupação do agro com a demanda de produtos em nível internacional está ligada à sustentabilidade.

    “Nos últimos 25 anos nos tornamos o maior exportador líquido de alimentos do mundo e, dentro das questões ambientais, há uma grande preocupação com as imposições vindas da Europa. “Há uma demanda global crescente por alimentos e precisamos continuar abrindo mercados no exterior com um olhar atento ao meio ambiente. O produtor é quem nele vive e, por isso, tem grande interesse em sua preservação. Mas não basta sermos preservadores, temos de mostrar que somos”, sublinhou Pereira.

    Jacyr Costa, presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), também citou a promoção do comércio como parte importante da segurança alimentar e reforçou a integração da produção agropecuária com a indústria para superar barreiras e consolidar a posição do Brasil no cenário global. “A fome aumentou no mundo e, para garantir a segurança alimentar, é preciso mais comércio, o que não significa apenas exportar, mas saber importar, ou seja, facilitar acordos comerciais e inserir o país nesse cenário com a promoção de produção”, destacou, citando o Plano Nacional de Adubos como estímulo a uma indústria local mais competitiva.

    “Estamos em um momento de transformação do uso de fertilizantes fósseis para renováveis. A agricultura vai crescer e não pode depender de poucos países para esse crescimento”, concluiu Costa. O painel foi moderado pelo presidente da ABAG, Luiz Carlos Correa Carvalho.

    A programação continua com os painéis: Agronegócio: Tecnologia e Informação; e Agronegócio: Perspectivas 2023/2026. Durante o evento, a ABAG entregará o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio para Arnaldo Jardim, criador do Fundo de Investimento do Setor Agropecuário – Fiagro; e o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade, o Mariangela Hungria da Cunhapesquisador da Embrapa Soja.

    Fonte: Conexão Agro