Languiru continua o projeto de reorganização de suas atividades. A partir de um planejamento e estudo de viabilidade, realizado por um consultor externo e uma equipe interna, a Cooperativa reuniu Conselheiros e Conselheiros Fiscais, lideranças de Núcleos, associados, colaboradores, lideranças políticas, sindicatos rurais e imprensa para comunicar a descontinuidade da suinocultura pecuária de corte, além da abertura do comércio em sua rede varejista. As reuniões para anunciar as medidas para a sustentabilidade da Cooperativa começaram na tarde de sexta-feira, dia 26, e continuaram no sábado, dia 27 de maio.
“De posse dos números e prospectando cenários futuros, estamos trabalhando com um novo modelo de negócios. Diante da atual conjuntura, é fundamental que a Languiru reveja suas estruturas, em todos os segmentos em que atua, buscando administrar a questão financeira por meio da descontinuidade de atividades ou negócios que não gerem resultados ou, ainda, que estejam drenando recursos ”, explica o presidente da Languiru, Paulo Birck.
Além das mudanças em seu modelo de negócios e porte de atuação, a Cooperativa intensifica ainda mais a busca por parcerias para prestação de serviços ou venda de ativos, renegociações com instituições financeiras e apoio nas esferas políticas municipal, estadual e federal. “É um momento muito difícil para todos, mas há decisões que precisam ser tomadas. Os prazos são muito apertados e a situação é extremamente difícil. Além de todo o processo de reorganização, a busca por apoio financeiro é urgente”, alerta o vice-presidente Fábio Secchi.
Suínos e bovinos de corte
Segmento com maior prejuízo em Languiru, a suinocultura será descontinuada. Em caráter de urgência, a Cooperativa deu prazo até 12 de julho para encerrar o abate em seu Frigorífico Suíno, em Poço das Antas, processo que pode até ser antecipado. Até lá, a planta deve intensificar o volume diário de industrialização, o que contribui para acelerar a redução do estoque de campo.
Ao mesmo tempo, as equipes da Languiru continuarão com as negociações em busca de potenciais parceiros para a atividade suinícola, apoio aos associados no encaminhamento para outras empresas e venda de animais para outras organizações.
“Desde o campo, passando pela indústria até a venda, toda a cadeia será descontinuada. Estamos correndo contra o tempo para frear as perdas neste setor, a sobrevivência da Languiru depende da interrupção deste ciclo produtivo para reduzir o custo e as perdas diárias que nos paralisam. Não temos uma solução perfeita, não é uma decisão fácil, mas estamos tentando fazer o possível para ajudar os membros. Em até 180 dias todo o ciclo deve ser descontinuado”, acrescenta Birck, acrescentando que já há produtores que conseguiram fechar negociações com outras empresas.
Com isso, o abatedouro deve ser negociado (venda ou aluguel) ou utilizado para quitar as dívidas da Languiru. Fazendas próprias e outros ativos da cadeia suína também devem ser vendidos. Com relação aos empregados, já estão em andamento conversas com os sindicatos da categoria. “Se houver alguma empresa interessada no negócio, certamente os funcionários poderão continuar trabalhando para a nova organização. Mas até encontrarmos um comprador, trabalhamos na busca de ajuda do governo e conscientização dos parceiros. As ações pesadas na suinocultura podem pelo menos salvar a cadeia avícola, não podemos esperar pela sorte”, avalia Secchi.
As mesmas medidas estão sendo tomadas para a pecuária de corte, outra atividade que será descontinuada. O Beef Frigorifico, em Teutônia, será negociado. “A relação com produtores e animais no campo é mais simples, pois é apenas uma negociação de compra e venda, cuja produção pode ser destinada a outros frigoríficos que tenham demanda pela matéria-prima”, explica Secchi.
avicultura
A Languiru reduzirá o volume de produção de aves, buscando o equilíbrio na cadeia. Para atingir o resultado operacional do Frigorífico de Aves, em Westfália, o volume de abate deve ser reduzido para 60 mil frangos/dia e outros 15 mil frangos/dia por meio da prestação de serviços à empresa parceira com negociações avançadas. Com a consequente redução do rebanho no campo, a Cooperativa reduz também a necessidade de nutrição animal.
“A demanda nutricional dos frangos interfere no peso, o que também afeta diretamente a agregação de valor ao mix de produtos. Com a redução do volume de produção, temos condições de negociar melhores preços para os produtos de frango Languiru. A redução do volume de abate também contribui para o processo logístico, sem a necessidade de estrutura terceirizada nos centros de distribuição”, explica Birck.
Como o ciclo de produção na avicultura é mais curto, a Cooperativa estima uma melhora no cenário a partir do terceiro mês. “Neste momento, precisamos secar para sobreviver. Se continuarmos com o atual volume de abate de 100.000 frangos/dia, continuaremos tendo prejuízos neste segmento. Ao reduzir os volumes, temos melhores condições de comercialização de nossos produtos. Além disso, seguimos com o desafio de buscar parcerias para este segmento, que possam melhorar nossa condição financeira e contribuir para a retomada da capacidade produtiva instalada em nosso abatedouro, que é de 140 mil frangos/dia. Precisamos fazer ‘movimentos cirúrgicos’, ou a avicultura também para”, enumera Secchi.
Cientes de que esse movimento também atinge o campo, os associados da Languiru estão sendo orientados para que esses impactos sejam minimizados. Situações envolvendo funcionários da unidade também estão sendo intermediadas pelo sindicato da categoria.
Leite, grãos, nutrição animal e hortifruti
A rede de laticínios Languiru tem parceria firmada e vigente com a empresa Lactalis do Brasil, com unidade industrial localizada em Teutônia. A produção de leite in natura das propriedades dos cooperados está sendo industrializada na Lactalis. Parte da matéria-prima também está sendo destinada à Indústria de Lácteos Languiru, em Teutônia, para a fabricação de derivados.
A Languiru seguirá com suas atividades no segmento de grãos, com estrutura na zona portuária da Estrela. Também mantém um posto de atendimento no Bairro Alesgut, em Teutônia, e próximo à Fábrica de Rações, em Estrela.
A Fábrica de Rações continua com a nutrição animal para os cooperados e com a prestação de serviços de industrialização para os parceiros. Entre elas está a Cooperagri, de Teutônia, cujo acordo de intercooperação foi assinado no dia 25 de maio. A Languiru também negocia com outras empresas possíveis parcerias na prestação de serviços.
O segmento de hortifruti não muda. A produção dos associados abastece o Languiru Supermercados.
Varejo
A venda ou desativação das unidades Agrocenter, Supermercados, Farmácias e Postos de Combustível também fazem parte do plano de reorganização da Languiru, visando a sustentabilidade econômico-financeira.
No segmento Agrocenter, serão mantidas as lojas de insumos, bazar e ferramentas do Bairro Languiru, em Teutônia; e os setores Agrocenter que atendem os Supermercados Languiru em Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul e Poço das Antas. A unidade do Shopping Lajeado continua com suas atividades, mas está em pauta a negociação de toda a estrutura da Cooperativa naquele endereço (Agrocentro, Supermercado e Farmácia).
A loja do Bairro Canabarro, em Teutônia, será incorporada ao Supermercado Languiru, localizado no prédio ao lado. A loja Arroio do Meio também será incorporada ao Supermercado Languiru, no município. Agrocenter localizado no subsolo do Supermercado Languiru de Estrela, as lojas de Venâncio Aires, São Lourenço do Sul e Rio Pardo estão sendo desativadas. Para a loja Agrocenter Máquinas no Bairro Languiru, em Teutônia, a Cooperativa estuda uma possível parceria ou venda.
A estrutura do Languiru Supermercados também passa por uma reorganização. A unidade do Bairro Alesgut será desativada nos próximos dias. A unidade ao lado do Shopping Lajeado está sendo avaliada para venda, bem como a possibilidade de vender toda a rede de Supermercados Languiru, atualmente com dez unidades.
No momento, a Cooperativa continua com a loja no Bairro Languiru e as duas no Bairro Canabarro, em Teutônia; Poço das Antas; Bom Retiro do Sul; Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul; Estrela; e Lajeado.
Esse procedimento, além de reduzir custos, também otimiza estoques e reposição de produtos nas gôndolas, ampliando o mix em variedade e quantidade.
Quanto às Farmácias Languiru, estão em negociação as duas unidades em Teutônia e a unidade no Shopping Lajeado. A farmácia de Arroio do Meio, que fica dentro do Supermercado, será desativada.
A situação dos funcionários dessas unidades varejistas já está na pauta das reuniões do Languiru com os sindicatos. Alguns estão sendo realocados para estabelecimentos que continuarão. Os associados e clientes atendidos, por exemplo, nas lojas Agrocenter e Supermercados descontinuados, estão sendo atendidos e orientados a procurar a unidade Languiru mais próxima.
