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A China deve comprar mais soja brasileira. QUAL É A RAZÃO?

    A China deve comprar mais soja brasileira QUAL E A

    As cotações da soja, em Chicago, em movimento de recuperação técnica, antes da divulgação dos relatórios de intenção de plantio e dos estoques trimestrais nos EUA (previsto para 31/03), subiram. A recuperação, em relação ao forte recuo da semana anterior, encerrou o primeiro mês cotado, nesta quinta-feira (30), a US$ 14,74/bushel, contra US$ 14,19 na semana anterior.

    Em relação à intenção de plantio dos produtores norte-americanos, a safra 2023/24 nos EUA está projetada com área semeada entre 35,35 e 37,27 milhões de hectares, com média de 35,71 milhões segundo a iniciativa privada local. Lembrando que, em fevereiro, o Outlook Forum do governo americano avançou uma área de 35,41 milhões de hectares, contra uma área efetiva, no ano anterior, de 35,39 milhões. No próximo comentário estaremos analisando os números que virão nesses dois relatórios oficiais dos EUA.

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    Veja aqui os preços da soja.

    A partir do anúncio da intenção de plantio, o mercado ficará atento ao comportamento do clima nos EUA, entrando no período conhecido como “mercado do clima”. Além disso, o relatório de oferta e demanda de maio trará as primeiras projeções de volume a ser colhido nesta futura safra americana.

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    Assim, na semana encerrada em 23/03, os EUA embarcaram 888.707 toneladas de soja. Com isso, o total embarcado no atual ano comercial é de 44,95 milhões de toneladas, ou seja, 3% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.

    Por outro lado, na Argentina, as importações de soja devem mais que dobrar devido às enormes perdas que o país vizinho registrou nesta safra atual. Maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, a queda da Argentina, sempre que é corrigida para pior, provoca reações otimistas em Chicago. Foi o que aconteceu esta semana com os dois derivados de oleaginosas. A indústria local pode esmagar 73 milhões de toneladas de soja por ano. Diante de uma safra que não deve ultrapassar 27 milhões de toneladas, os argentinos devem importar até 10 milhões de toneladas (mais que o dobro do registrado no ano anterior). O Brasil deve ser o principal fornecedor dos argentinos. Hoje, a indústria moageira argentina vive uma grave crise, operando com a menor capacidade da história. Mesmo com as importações, faltará farelo e óleo de soja para serem exportados pelo país vizinho.

    Do lado da demanda, o mercado espera que a China comece a comprar mais soja do Brasil a partir de abril, à medida que a nova safra brasileira avança na safra e aumenta a disponibilidade do produto nos portos. Com isso, espera-se também que os prêmios melhorem, porém, ainda é preciso conter as expectativas nesse sentido.

    Nesse contexto, os preços da soja no Brasil voltaram a cair na última semana de março, apesar da recuperação em Chicago. O valor dos prêmios piorou, com abril se aproximando de US$ 2,00/bushel negativos, em Paranaguá, enquanto o câmbio valorizou o real, com o mesmo funcionando em torno de R$ 5,10 no final da quinta-feira (30).

    Assim, a média do Rio Grande do Sul caiu para R$ 145,98/saca, enquanto os principais mercados gaúchos operavam a R$ 145,00. Nos mercados nacionais, os preços da oleaginosa oscilaram entre R$ 132,00 e R$ 140,00/saca.

    Além dos fatores já citados, a pressão sobre os preços se deve ao aumento do ritmo de vendas dos produtores, fato que melhora a oferta, dada a necessidade destes de levantar caixa para pagar compromissos de empréstimos, além de abrir espaços em armazéns. . A expectativa é de que a demanda interna por farelo e óleo de soja melhore, fato que pode pressionar, um pouco, os preços do grão.

    Enquanto isso, a colheita da safra 2022/23, no Brasil, até 23 de março, atingiu 70% da área semeada, contra 75% no mesmo período do ano passado. As obras estão concluídas em Mato Grosso e Rondônia, indo para o final em Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ainda não há um número conclusivo de quanto será de fato o volume colhido nesta safra. Por enquanto, a maioria das projeções gira em torno de 150 a 151 milhões de toneladas, mesmo com o Rio Grande do Sul tendo uma queda próxima a 10 milhões de toneladas em relação ao inicialmente previsto.

    Pelo lado das exportações brasileiras de soja, até a quarta semana de março o país somava 10 milhões de toneladas, com média diária de 554,8 mil toneladas. Essa média está na mesma dimensão de março do ano passado.

    Nesse contexto exportador, o Brasil deverá fornecer metade da soja que a Argentina precisará importar este ano. A média anual de embarques de soja do Brasil para a Argentina é de 300 mil toneladas, mas em 2023 esse volume pode chegar a 5 milhões de toneladas, já que o Paraguai não teria capacidade para suprir os volumes adicionais que os argentinos precisarão. Por enquanto, nos dois primeiros meses do ano, o Brasil vendeu um total de 230 mil toneladas para a Argentina. Há notícias de que há embarques de soja brasileira para a Argentina, para Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, e até para Santarém, no Pará. Na prática, se os prêmios nos portos brasileiros continuarem caindo, a conta continuará viável para os importadores do produto brasileiro. Cerealistas do Mato Grosso do Sul estimam uma exportação recorde de 1,6 milhão de toneladas de soja para a Argentina, via Porto Murtinho e pela fronteira seca até Concepción, no Paraguai.

    A análise é do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos de Mercados Agrícolas – CEEMA



    Fonte: Agro