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Radar de Saúde | Morte por raiva de pecuarista em Minas Gerais • Portal DBO

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Por Enrico Ortolani – Professor da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ([email protected])

MORTE POR COELHO DE GUARDA PECUÁRIA EM MINAS GERAIS

Um pecuarista de 60 anos do município serrano de Mantena, leste de MG na divisa com o ES, foi internado no dia 7 de abril com confusão mental e outros sintomas nervosos, cuja primeira suspeita médica foi de raiva.

Devido ao grave agravamento do caso, o paciente foi internado no dia 13 de abril em estado crítico na UTI de um hospital estadual de grande porte em Serra, ES. Dois dias depois veio a confirmação laboratorial da raiva, também certificada pelo Instituto Pasteur de São Paulo. Infelizmente, o pecuarista morreu no dia 30 de abril.

Geralmente, nesta fase, a raiva humana é fatal. Dois brasileiros sobreviveram à doença avançada, com o tratamento com imunoglobulinas específicas, mas hoje vivem em estado quase vegetativo. Um julgamento!

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O pecuarista mineiro foi infectado cerca de 15 dias antes de sua internação. Segundo informações, um bezerro de três meses, de sua propriedade, mudou de comportamento e passou a salivar muito (sialorréia).

Imaginando que talvez o animal estivesse engasgado, o pecuarista colocou a mão, sem nenhuma proteção, na garganta do boi para retirar o possível objeto que teria ido parar ali, mas nada encontrou.

Ele certamente teve contato com saliva contaminada com o vírus da raiva, que deve ter penetrado em um ferimento na mão do criador. Segundo fontes, ele não vacinou seu rebanho contra a raiva.

Um criador do mesmo município disse que como já havia perdido vários bovinos para a raiva, passou a vacinar seu rebanho anualmente, sem perder nenhum animal para a doença, e o mesmo aconteceu com outros pecuaristas das proximidades. Mas ele também afirmou que muitos criadores de lá ainda não vacinam contra a raiva. Preocupante!

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Técnicos do Município de Mantena, deslocaram-se à propriedade e sacrificaram, incineraram e enterraram o bezerro, sem recolher material adequado para comprovação laboratorial da raiva. Um descuido completo! O correto seria chamar os técnicos da Defesa Sanitária Animal do Estado – no caso de Minas Gerais, o IMA – para realizar essa tarefa. Ainda temos muito que avançar na chamada vigilância sanitária animal!

Até a virada do século, a principal forma de transmissão da raiva aos brasileiros era pela mordida de cães raivosos. No entanto, a raiva canina já está muito bem controlada, por meio de vacinação em massa de cães no Brasil, com exceção de algumas áreas rurais do Nordeste.

Desde então, a principal forma de transmissão ao homem tem sido através da picada de morcegos hematófagos infectados, com o vírus da raiva, que chega a lamber o sangue em algumas pessoas, geralmente habitantes de áreas rurais.

No ano de 2022, quatro jovens indígenas morreram no Vale do Mucuri (MG) dessa forma. A raiva também mata morcegos hematófagos e não hematófagos, mas a doença leva mais tempo para ocorrer nessas espécies.

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A contaminação de morcegos não hematófagos (frugívoros, insetívoros, etc.) ocorre porque alados de várias espécies podem viver juntos na mesma caverna ou abrigo, e os hematófagos podem ocasionalmente contaminar os não hematófagos.

Alguns casos de raiva ocorreram em pessoas que tentam ajudar morcegos vivos caídos no chão, mas já afetados pela raiva. A reação imediata dos alados é morder quem os apreender, contaminando assim os incautos!

Além de vacinar anualmente todos os bovinos do rebanho contra a raiva, maiores de 17 dias, as autoridades sanitárias também devem ser imediatamente informadas quando surge algum quadro nervoso em seu gado, fato pouco comum no meio pecuário. Prevenção de doenças e caldo de galinha não faz mal a ninguém!

VACINAÇÃO OBRIGATÓRIA CONTRA COELHO EM GO E PA

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Em Goiás e no Pará, a vacinação contra a raiva bovina é obrigatória para todos os animais dos rebanhos em 121 e 50 municípios, respectivamente.

Consulte as listas de municípios nos seguintes sites: Goiás (www.agrodefesa.go.gov.br) e clique no link do Sidago, e no Pará (http://adepara.pa.gov.br//programa-de- controle -herbívoro-raiva-e-outras-encefalopatias-transmissíveis). No Pará, a comprovação deve ser feita pelo produtor, junto à Adepará, até o dia 15 de junho.

Recomendo uma única vacinação anual em todos os bovinos brasileiros com mais de três meses de idade.

SURTOS E SURTOS DE COELHO, BRASIL AO REDOR

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Nos municípios seguintes, foram recentemente confirmados focos ou surtos de raiva bovina, exigindo a vacinação antirrábica de todos os animais (acima de 17 dias) de rebanhos até 30 km do entorno.

PARA: São Felix do Xingu (Fonte: Adepará)

PARAÍBA: Areias, Alagoa Grande, Pilões e Guarabira (Fonte: UFCG- Patos)

MINAS GERAIS: Carmópolis de Minas, Delfim Moreira, Natércia, Campos Gerais e Resplendor. Possivelmente também Mantena, onde ocorreu o caso humano de raiva. (Fonte: IMA)

SÃO PAULO: Abundância (Fonte: EDA)

PARANÁ: Londrina, Ortigueira, Guarapuava e Prudentópolis (Fonte: ADEPAR)

SANTA CATARINA: Alfredo Wagner (Fonte: CIDASC)

RIO GRANDE DO SUL: Itati e Jari (Fonte: SEAPI)

Envie suas notícias sobre a presença de surtos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em bovinos de corte para o seguinte endereço de e-mail: [email protected]

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Fonte: Portal DBO

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