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Soja: Produtores do BR podem enfrentar riscos com vendas 22/23 atrasadas,…

    Mercado da soja nesta semana Tem Surpresa

    Pouco mais de um mês após o início do plantio da nova safra de soja no Brasil, o mercado brasileiro busca entender quais serão as trajetórias de preços daqui e como elas influenciaram as decisões de vendas tanto para o restante da safra 2021/22 , e a safra 2022/23, que já apresenta atraso na comercialização em relação às safras anteriores.

    De acordo com o último levantamento da Safras & Mercado, até 5 de agosto, 79,9% da soja velha já havia sido vendida, contra 81,9% no mesmo período da safra 2020/21 e 82,6% da média das últimas cinco safras .

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    21-22 Vendas da safra de soja
    Comercialização de Soja – Safra 2021/22
    Dados: Culturas e Mercado / Gráfico: Notícias Agrícolas

    Já para a safra 2022/23, as vendas totais previstas são de 17,3%, enquanto no mesmo período da safra 2021/22 foram de 23% e a média plurianual de 21,5%. O estado mais avançado em vendas é, como tradicionalmente acontece, Mato Grosso, com 28%, seguido de Tocantins, com 22%.

    22-23 Vendas da safra de soja
    Comercialização de Soja – Safra 2022/23
    Dados: Culturas e Mercado / Gráfico: Notícias Agrícolas

    O mês de agosto começou com um ambiente desfavorável para o avanço dos negócios com a soja brasileira diante da volatilidade entre os futuros da commodity na Bolsa de Chicago, bem como o dólar frente ao real, como também ocorreu em julho. Embora de 1º a 29 de julho o saldo de preços tenha sido positivo – o contrato setembro/22 subiu 5,01% e o de novembro 5,23% – na primeira metade do mês, as mesmas referências caíram 4,03% – de US$ 14,13 para US$ 13,59 a alqueire – e 3,80% – de US$ 13,95 a US$ 13,42 o alqueire – respectivamente.

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    “Chicago trabalhou boa parte do mês em campo negativo, foi só no final de julho que as perdas se recuperaram um pouco, isso empurrou os preços no Brasil e retraiu um pouco os produtores. safra”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista de mercado da Safras.

    Os produtores brasileiros, ainda segundo o executivo, estão bastante capitalizados, pois vêm vendendo soja 2021/22 a preços crescentes nos últimos meses, aproveitando boas oportunidades de mercado, acreditando que podem conter um pouco mais suas novas operações agora , assumindo “um pouco mais de risco” especulando sobre o mercado climático dos EUA, que está no auge agora.

    Na nova safra, onde a maior parte dos negócios agora é para bloqueio de custos, o movimento também é contido, o que pode ser observado, inclusive, nas operações de compra de insumos. De acordo com Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, as compras desses produtos não aumentaram tão significativamente, mesmo com uma pequena correção nos preços em relação aos meses anteriores.

    “Estamos atrasados ​​para 2023. Há pequenos produtores que ainda estão abertos”, diz.

    No entanto, Gutierrez lembra que o mercado tende a permanecer muito volátil, o que pode deixar as melhores oportunidades um pouco menos frequentes para o produtor brasileiro daqui para frente. “Seria importante que ele avançasse um pouco mais”, diz o analista. “E é importante para ele garantir seus custos. Mas, o negócio está muito apertado, o produtor está esperando preços melhores, mas também arriscando muito em não avançar no bloqueio, porque podemos ter uma grande volatilidade, tanto em Chicago quanto na taxa de câmbio, isso pode atrapalhar.”

    MARKETING REGIONAL

    Embora o alerta seja geral, a comercialização da soja brasileira passa a ter algumas particularidades regionais, conforme explica o diretor-geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. Mesmo assim, afirma que a capitalização dos produtores é quase generalizada, ainda que em proporções diferentes.

    “Os últimos dois anos foram bons preços, capitalização”, explica Sousa. Assim, boa parte dos sojicultores também tende a fazer a nova safra com recursos próprios e buscará recursos de financiamento se for realmente necessário ou conveniente. “E no momento não temos financiamento barato”, diz o diretor do Labhoro.

    Assim, o especialista aponta cenários semelhantes para Santa Catarina e Paraná, com aproximadamente 38% da soja catarinense 2021/22 ainda a ser comercializada e tendo apenas cerca de 10% da nova safra vendida. No Paraná, segundo Sousa, mais de 30% da safra antiga ainda está nas mãos dos produtores.

    Dados do IMEA (Instituto Mato Grosso de Economia Agropecuária) divulgados nesta segunda-feira (8) mostraram que as vendas da safra de soja 2021/22, em julho de 2022, registraram seu menor avanço desde outubro de 2021, tendo subido apenas 1,7% em relação a junho, atingindo 83,93% da produção.

    “O motivo do baixo avanço se deve à queda de 0,99% no preço da saca, cotado na média estadual a R$ 162,92/sc. A queda do preço médio não foi maior em julho devido ao avanço do dólar na última semana do mês, período em que alguns produtores aproveitaram
    para negociar sua produção”, diz a equipe do IMEA em seu boletim semanal.

    Quanto à safra 2022/23, o relatório indica que as vendas também foram mais tímidas na última semana, “devido ao preço que permaneceu pressionado e às incertezas quanto ao tamanho da safra”, informa o Imea. Assim, a nova safra de soja estimada para Mato Grosso foi de 25,51%. “Em relação ao preço médio vendido, a soja apresentou uma desvalorização de 0,96% em relação ao mês passado, cotada a uma média de R$ 152,03/sc no estado”, acrescenta o instituto.

    Diante desses dados, o diretor do Grupo Labhoro faz alertas importantes, principalmente sobre a intensa volatilidade que tende a continuar não só na Bolsa de Chicago – com preços passando pelo pico do mercado climático norte-americano – mas também do dólar contra o real. , especialmente em ano de eleições presidenciais.

    E assim, para Sousa, o aumento de área que era esperado para alguns estados não pôde ser confirmado. “Se tivermos um aumento de 2% de área no Mato Grosso, será muito. A safra 2022/23 não será uma safra barata”, diz.

    FERTILIZANTES E RELAÇÕES DE TROCA

    Embora as compras de fertilizantes não estejam tão aceleradas no momento, as importações brasileiras de matérias-primas estão, tendo registrado recordes no período de janeiro a julho. Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) apontam para 23,93 milhões de toneladas nos sete primeiros meses do ano.

    Histórico das importações de fertilizantes
    Importação de fertilizantes de janeiro a julho
    Gráfico: Jefferson Souza/Agrinvest Commodities

    “Esse número consolida mais um recorde absoluto nas importações. No ano passado, considerando todo o ano, o volume importado ultrapassou 40 milhões de toneladas, portanto, supondo uma manutenção nas importações, cerca de 60% do valor já estaria garantido”, explica Jeferson Souza.

    O analista da Agrinvest destaca que o destaque continua sendo o cloreto de potássio, onde as compras brasileiras somaram 8,4 milhões de toneladas, 33,5% a mais que no mesmo período do ano passado. E também entre as relações de câmbio com a soja, o KCl é um dos destaques.

    “A relação de troca soja versus cloreto de potássio sofreu mais uma queda nesta primeira semana de agosto. A média do mês de junho terminou em 35,4 sacas por tonelada de fertilizante, considerando as últimas atualizações, a queda observada foi de 9,13%. Atualmente, a troca está na faixa de 32,2 sacas por tonelada de fertilizante. No mês de julho, o preço da soja ficou abaixo de US$ 29/sc, contribuindo para aumentar a relação de troca”, diz o especialista.

    Imagem do WhatsApp 2022-08-09 às 17.22.45
    Gráfico: Jefferson Souza/Agrinvest Commodities

    Além do KCl, o câmbio entre a soja e o MAP também registrou queda significativa e deu origem a oportunidades, que não foram, no entanto, totalmente aproveitadas pelo sojicultor brasileiro.

    “A média do mês de julho foi de 35,3 sacas, agora a troca está na faixa de 32 sacas de soja por uma tonelada de insumo”, diz Jeferson Souza.

    Imagem do WhatsApp 2022-08-09 às 17.25.32
    Gráfico: Jefferson Souza/Agrinvest Commodities

    Assim como o analista de fertilizantes Ginaldo Sousa, diretor do Labhoro, ele também se preocupa com as janelas de compra que podem ser menos oportunas para os produtores dada a proximidade do plantio, a volatilidade do câmbio e a volatilidade que tem sido inclusive muito frequente no mercado de fertilizantes, além de outras entradas.



    Fonte: Noticias Agricolas