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Seca: impactos na fisiologia e fenologia do café

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    A importância do clima na cafeicultura

    A cafeicultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos. Os cafeeiros são geralmente plantados em ambientes abertos, em sistema de sequeiro, o que os torna vulneráveis a mudanças climáticas. Aumento da temperatura e modificações no regime de chuva podem afetar diretamente a produção, além de alterar a geografia e o calendário da produção agrícola brasileira.

    O aumento da temperatura global e seus impactos

    Nos últimos anos, observa-se um aumento constante da temperatura global, como mostram os gráficos. Esse aumento, combinado com o déficit hídrico, pode afetar a fisiologia das plantas de café e, consequentemente, reduzir a produtividade da cultura.

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    Bienalidade positiva e negativa do café

    O ano de 2020 é um ano de bienalidade positiva do café, com alta produção estimada pela CONAB. No entanto, devido à seca prolongada observada nesse ano, projeta-se uma safra menor para 2021, que será um ano de bienalidade negativa.

    A importância da fenologia do cafeeiro

    Para entender o comportamento da cultura do café em relação ao clima, é necessário conhecer sua fenologia e fisiologia. O ciclo fenológico do café arábica consiste em seis fases distintas, sendo duas vegetativas e quatro reprodutivas. Condições de seca podem afetar as gemas e a produção da safra seguinte.

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    A influência da florada e da maturação

    A florada do café ocorre geralmente entre setembro e novembro, após uma restrição hídrica seguida por chuva ou irrigação abundante. A irregularidade na distribuição de chuvas pode afetar a uniformidade da florada e causar problemas logísticos na colheita, além de prejudicar a maturação dos frutos.

    O impacto do clima na fisiologia das plantas

    Em altas temperaturas e déficit hídrico, as plantas de café fecham seus estômatos para reduzir a perda de água, o que afeta a taxa fotossintética e, consequentemente, a produtividade. Plantas C3, como o café arábica, são mais sensíveis a altas temperaturas do que plantas C4, como o milho.

    Estratégias para enfrentar condições adversas

    Diante das condições climáticas desfavoráveis, é necessário adotar estratégias para proteger as plantas de café. Medidas como a proteção do solo, redução da evaporação da água, desenvolvimento radicular em profundidade e melhoria das condições químicas e físicas do solo podem ajudar a minimizar os impactos do clima na cultura.

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    Sumário:

    1. Introdução

    1.1 A cafeicultura e os fatores climáticos

    1.2 Aumento da temperatura e modificações no regime de chuva

    2. Impacto das mudanças climáticas na produção de café

    2.1 Aumento da temperatura global

    2.1.1 Consequências para a fisiologia das plantas

    3. Bienalidade positiva e negativa do café

    3.1 Produção estimada para o ano de 2020

    3.2 Safra estimada para o ano de 2021

    4. Fenologia do cafeeiro

    4.1 Fases fenológicas do cafeeiro

    4.1.1 Fases vegetativas

    4.1.2 Fases reprodutivas

    5. Florada do café

    5.1 Processo de indução das gemas florais

    5.2 Uniformidade da florada

    5.3 Impacto na produção da safra seguinte

    6. Fisiologia do cafeeiro

    6.1 Processo de fotossíntese

    6.1.1 Fechamento estomático e redução da taxa fotossintética

    6.1.2 Diferenças entre plantas C3 e C4

    7. Estratégias para atenuar os efeitos das altas temperaturas e da seca

    7.1 Proteção do solo e redução da perda de água por evaporação

    7.2 Desenvolvimento radicular em profundidade

    8. Conclusão

    9. Curso Gestão na Produção de Café Arábica

    9.1 Informações sobre o curso

    A cafeicultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos. Isso porque que os cafeeiros, geralmente são plantados em ambientes abertos e na maioria das vezes em sistema de sequeiro.

    Dessa forma, mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e modificações no regime de chuva podem afetar diretamente a produção, além de alterar a geografia e o calendário da produção agrícola brasileira.

     

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    De acordo com o gráfico, nos últimos anos, observa-se aumento constante da temperatura global.

    Nesse sentido, condições de aumento da temperatura associado ao déficit hídrico trazem consequências a fisiologia das plantas, afetando assim a produtividade da cultura.

    Gráfico do índice da temperatura global da terra, oceano.

    Fonte: NASA

    O ano de 2020 é um ano de bienalidade positiva do café, ou seja, um ano com alta produção de café.

    Segundo a CONAB (Companhia Nacional de abastecimento), em levantamento realizado em setembro de 2020, estima-se uma produção de 61,6 milhões de sacas beneficiadas, sendo desse total, 47,4 milhões de café Arábica e 14,3 milhões de café Conilon.

    Já, o ano de 2021, será um ano de bienalidade negativa, onde é esperado um volume menor de produção do grão. Com a seca prolongada observada em 2020, projeta-se uma safra ainda menor para 2021.

    Isso ocorre, pois como já mencionado, condições de altas temperaturas associadas ao déficit hídrico trazem consequências para a fisiologia das plantas, sendo observado um aumento na evapotranspiração das plantas, e redução da taxa fotossintética, em função do fechamento estomático.

    Curso Gestão na Produção de Café Arábica

    Fenologia do cafeeiro

    Para entender o comportamento da cultura do café em relação ao clima é necessário conhecer alguns aspectos de sua fenologia e fisiologia, pois o café arábica (Coffea arábica L.) leva dois anos para completar o ciclo fenológico de frutificação, ao contrário da maioria das plantas, quem completam seu ciclo reprodutivo no mesmo ano fenológico (CAMARGO & CAMARGO, 2001).

    Conforme mostra o esquema abaixo, o ciclo fenológico é constituído de seis fases distintas, dessas, sendo duas vegetativas e quatro reprodutivas:

    • 1ª Vegetação e formação de gemas foliares;
    • 2ª Indução e maturação das gemas florais;
    • 3ª Florada;
    • 4ª Granação dos frutos;
    • 5ª Maturação dos frutos;
    • 6ª Repouso e senescência dos ramos terciários e quaternários, sendo a 1ª e 2ª no período vegetativo e da 3ª a 6ª no período reprodutivo.

    Tabela com as fases fenológicas do cafeeiro arábica.

    Esquematização das seis fases fenológicas do cafeeiro arábica, durante 24 meses, nas condições climáticas tropicais do Brasil. Adaptado CAMARGO E CAMARGO (2001).

    Nesse sentido, condições de seca na 1ª fase (setembro a março do primeiro ano fenológico), que ocorre a vegetação e formação de gemas foliares, pode afetar as gemas e produção do ano seguinte.

    Da mesma forma, condições de seca na 3ª fase, que compreende o período de setembro a dezembro do 2.º ano fenológico, pode ocasionar em abortamento das flores, e em peneiras baixas.

    Florada de café em seca e alta temperatura.

    Florada em condições de seca e altas temperaturas (Foto: Vinicius Teixeira).

    Flores do tipo “estrelinha” caracterizada pelo abortamento da florada, atribuído a altas temperaturas e períodos secos durante o abotoamento e floração.

    Flores do tipo “estrelinha” caracterizada pelo abortamento da florada, que é atribuído a altas temperaturas e períodos secos durante o abotoamento e floração.

    Florada do café

    A florada do café acontece geralmente entre os meses de setembro a novembro, em que após uma restrição hídrica, seguida por chuva ou irrigação abundante, acarreta em florada da cultura. 

    No florescimento do cafeeiro, as gemas seriadas, localizadas nos nós dos ramos plagiotrópicos, são induzidas a gemas florais pelo estímulo da diminuição do comprimento do dia, e entram em dormência devido ao estresse hídrico que coincide com o estímulo de dias curtos. Quando a estação da seca termina e o balanço hídrico da planta volta as condições normais, essas gemas florais iniciam o processo de antese (SAKIYAMA et al., 2015).

    Uniformidade da florada

    A irregularidade na distribuição de chuvas, afetam a uniformidade do florescimento do café, implicando em maior número de floradas e com isso uma maturação desuniforme, tendo por consequência problemas logísticos de colheita e perda na qualidade do produto final.

    Planta do café com crescimento de flores indesejadas.Desuniformidade na maturação – Presença de flores e frutos na mesma planta. (Foto: Larissa Cocato).

    Florada x produção da safra seguinte

    Além da irregularidade na florada, há prejuízos na safra seguinte, uma vez que, em condições de seca, a interferência na capacidade de gerar novos ramos do cafeeiro e somente a partir desses ramos novos o café pode produzir no ano seguinte.

    Calendário agrícola do café

    Fisiologia do cafeeiro

    Em relação a fisiologia, a fotossíntese das plantas é caracterizada pela captação da energia solar para oxidar a H2O (água), liberando O2 (oxigênio), e para reduzir CO2, produzindo compostos orgânicos, primeiramente açúcares.  Esta energia estocada nas moléculas orgânicas é utilizada nos processos celulares da planta e serve como fonte de energia.

    Sob condições de altas temperaturas, e déficit hídrico, há o fechamento estomático, como estratégia para a planta reduzir a perda de água, e dessa forma, há redução da taxa fotossintética, uma vez que, não há a entrada de CO2, que é um produto da fotossíntese, afetando assim a produtividade das plantas.

    Além disso, devido ao cafeeiro ser uma planta C3 (nome dado devido ao composto formado apresentar 3 carbonos), a faixa adequada de temperatura para se obter a máxima fotossíntese é inferior quando comparada a uma planta C4, como exemplo do milho. Inclusive, as plantas com esse tipo de metabolismo (C3), apresentam maiores taxas de fotorrespiração, ou seja, processo que há a absorção de luz, associada a liberação de CO2. Esta estratégia, apesar de ruim, é necessária para a sobrevivência da planta.

    Fique atento!

    Portanto, em condições de altas temperaturas, como vem sendo observado nos últimos anos, associados ao déficit hídrico, há interferências na fisiologia da planta de café e em seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. 

    Por isso, estratégias que visem atenuar o efeito dessas condições desfavoráveis as plantas, tornam-se altamente desejáveis.

    Elas devem visar a proteção do solo, reduzir a perda de água por evaporação, também, condições que proporcionem maior desenvolvimento radicular em profundidade, com boas condições químicas e físicas desse solo em profundidade, pois, dessa forma, as plantas tendem a sentir menos as condições de seca e altas temperaturas.

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    Larissa Cocato - Coordenadora de Ensino Café

    Joana Oliveira

    A cafeicultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos. Isso ocorre porque os cafeeiros geralmente são plantados em ambientes abertos e na maioria das vezes em sistema de sequeiro. Essa característica faz com que mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e modificações no regime de chuva, possam afetar diretamente a produção de café, além de alterar a geografia e o calendário da produção agrícola brasileira.

    De acordo com o gráfico apresentado no site Rank Math, nos últimos anos tem sido observado um aumento constante da temperatura global. Esse aumento, aliado ao déficit hídrico, traz consequências para a fisiologia das plantas, afetando assim a produtividade da cultura. Essas mudanças climáticas são um fator preocupante para os cafeicultores, uma vez que interferem no desenvolvimento saudável das plantas e, consequentemente, na produção de café de qualidade.

    No ano de 2020, está prevista uma bienalidade positiva para a produção de café. Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), é estimada uma produção de 61,6 milhões de sacas beneficiadas, sendo a maior parte de café Arábica. No entanto, a previsão para o ano de 2021 é de uma bienalidade negativa, ou seja, espera-se um volume menor de produção do grão. Isso ocorre devido à seca prolongada observada em 2020, o que deve resultar em uma safra ainda menor para o próximo ano.

    A fenologia do cafeeiro é um aspecto importante a ser considerado quando se trata da relação entre a cultura do café e o clima. O ciclo fenológico do café arábica é composto por seis fases distintas, sendo duas vegetativas e quatro reprodutivas. Cada fase apresenta suas particularidades e é impactada pelo clima, principalmente pela presença ou ausência de chuvas.

    Condições de seca durante a fase vegetativa podem afetar as gemas foliares e, consequentemente, a produção do ano seguinte. Da mesma forma, a seca durante a fase de floração pode resultar no abortamento das flores e na formação de frutos de baixa qualidade. A irregularidade na distribuição de chuvas também afeta a uniformidade do florescimento do café, o que pode resultar em colheitas desuniformes e na perda de qualidade do produto.

    Além disso, a fisiologia do cafeeiro também é afetada pelo clima. Em condições de altas temperaturas e déficit hídrico, ocorre o fechamento estomático, o que reduz a taxa fotossintética das plantas. Isso significa que a planta absorve menos CO2, prejudicando sua capacidade de produzir energia e, consequentemente, afetando a produtividade.

    Diante dessas questões, é importante que os cafeicultores adotem estratégias para atenuar o efeito das condições desfavoráveis do clima. Medidas como a proteção do solo, a redução da perda de água por evaporação e o estímulo ao desenvolvimento radicular em profundidade podem ajudar as plantas a lidar melhor com a seca e as altas temperaturas. Além disso, é fundamental investir em conhecimento e capacitação, como por exemplo, o curso Gestão na Produção de Café Arábica, que oferece ferramentas práticas para melhorar a gestão da fazenda e buscar maior produtividade, lucratividade e qualidade do café produzido.

    Portanto, diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, é fundamental que os cafeicultores estejam atentos e adotem medidas que visem a adaptação e a resiliência da cultura do café. Somente assim será possível garantir a sustentabilidade e o sucesso dessa atividade tão importante para a economia brasileira.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Conclusão:

    A cafeicultura é uma atividade sensível às condições climáticas, pois qualquer mudança no clima pode afetar diretamente a produção de café. As altas temperaturas e o déficit hídrico são dois fatores que podem impactar negativamente a fisiologia das plantas e, consequentemente, a produtividade da cultura.

    A bienalidade do café também é um aspecto importante a ser considerado. Em anos de bienalidade positiva, como 2020, há uma maior produção de café, enquanto que em anos de bienalidade negativa, como 2021, a produção é menor. A seca prolongada observada em 2020 pode afetar ainda mais a safra de 2021.

    A fenologia do cafeeiro é dividida em seis fases, sendo que a seca durante as fases vegetativas e de florada pode prejudicar a produção do ano seguinte. A uniformidade da florada também é afetada pela irregularidade das chuvas, o que pode resultar em uma maturação desuniforme e problemas na colheita.

    A fisiologia do cafeeiro é influenciada pelo fechamento estomático, que ocorre em condições de altas temperaturas e déficit hídrico. Isso leva a uma redução na taxa fotossintética e, consequentemente, na produtividade das plantas.

    Para enfrentar essas adversidades climáticas, é importante adotar estratégias que visem proteger o solo e reduzir a perda de água por evaporação. Além disso, é fundamental garantir um bom desenvolvimento radicular em profundidade, proporcionando melhores condições para que as plantas enfrentem a seca e as altas temperaturas.

    Perguntas e Respostas:

    1. Como as mudanças climáticas afetam a produção de café?
    R: As mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e modificações no regime de chuva, podem afetar diretamente a produção de café, além de alterar a geografia e o calendário da produção agrícola brasileira.

    2. O que é bienalidade positiva do café?
    R: Bienalidade positiva do café é quando ocorre uma maior produção da cultura, enquanto que a bienalidade negativa é caracterizada por uma menor produção.

    3. Como a seca prolongada em 2020 pode afetar a safra de café em 2021?
    R: A seca prolongada observada em 2020 pode resultar em uma safra ainda menor de café em 2021, devido às condições de altas temperaturas e déficit hídrico que afetam a fisiologia das plantas.

    4. O que é uniformidade da florada do café?
    R: A uniformidade da florada do café refere-se à distribuição regular das flores na cultura. A irregularidade na distribuição das chuvas pode afetar a uniformidade do florescimento e resultar em uma maturação desuniforme dos frutos.

    5. Como as altas temperaturas e o déficit hídrico afetam a fisiologia do cafeeiro?
    R: Em condições de altas temperaturas e déficit hídrico, ocorre o fechamento estomático nas plantas, reduzindo a taxa fotossintética e afetando a produtividade. O café, por ser uma planta C3, tem uma faixa de temperatura adequada mais baixa do que plantas C4, como o milho. Isso significa que temperaturas mais altas podem reduzir ainda mais a fotossíntese e a produtividade do café.

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