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RS deve ter nova redução no número de produtores de leite

    RS deve ter nova redução no número de produtores de leite

    A Emater/RS deve divulgar o novo Balanço Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite durante o 46ª Expointer, que acontece em Esteio (RS), entre os dias 26 de agosto e 3 de setembro. A expectativa é que os dados apontem uma nova queda no número de produtores no estado entre os anos de 2022 e 2023, restando apenas 30 mil. A informação foi recolhida pelo Canal Rural com entidades ligadas ao setor.

    No último levantamento, abrangendo o período de 2015 a 2021, o rio grande do sul reduziu o número de produtores de leite de 84 mil para 40 mil, uma queda de 52,28%. Entre os motivos da queda estão a baixa rentabilidade, os altos custos, as dificuldades de sucessão familiar e a migração para atividades mais rentáveis, como plantio de grãos e pecuária de corte.

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    Com duas secas consecutivas que afetaram a alimentação animal e a produtividade por vaca, preços do leite em constante flutuação que dificultam o planejamento de investimentos, aumento das importações de leite em pó do Mercosul e, ainda, um ciclone que afetou 556 produtores na região do Celeiro em julho, novas retiradas devem ser confirmadas.

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    Leite. Foto: Aires Mariga/Epagri

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    Sobre as importações, a plataforma Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, aponta que, de janeiro a julho, o país importou cerca de US$ 520 milhões em leite, creme e derivados. Esses produtos vêm principalmente dos países do Mercosul. O valor é recorde para o período e supera em 89% o antigo recorde, de US$ 275 milhões, registrado em 2017. As importações de janeiro a julho superam em 224% os valores do mesmo período do ano passado.

    “O problema é que o leite em pó vem da Argentina por cerca de R$ 18 o quilo e desse quilo saem nove litros de leite. O mesmo quilo de leite no Brasil é vendido por R$ 26. Então ninguém está fazendo errado, só comprando onde é mais barato e isso impacta na produção local. Além disso, o governo argentino subsidia parte dos custos aos produtores como incentivo. Ou se faz a mesma coisa ou a importação é tributada para a nossa cadeia sobreviver”, explica o agrônomo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Kaliton Prestes.

    Queda de 64% em uma década

    Se a projeção se confirmar no Rio Grande do Sul, a queda no número de produtores entre 2015 e 2023 deve ser de 64,3%. “Ainda estamos aguardando a confirmação e divulgação, mas a situação é igualmente preocupante”, enfatiza Prestes.

    Para o Associação de Criadores de Gado Holandeses (Gadolando) a situação do ciclone foi decisiva para muitas famílias. O fenômeno que atingiu o estado nos dias 12 e 13 de julho, com ventos acima de 100 km/h, derrubou vários galpões de produção, matou vacas e destruiu salas de ordenha. As maiores perdas foram registradas na Região do Celeiro, importante bacia leiteira. “O estrago está longe de ser remediado apenas com a reconstrução do galpão. Você perde o pico da lactação porque estragou a comida. Aí você tem que comprar outro alimento e não consegue com a mesma qualidade. Você perde a gravidez, o cio, o bezerro que nasceu hoje só vai produzir daqui a dois anos. Todo dia tem alguém parando e isso é a gota d’água”, explica o presidente da entidade, Marcos Tang.

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    Foto: Embrapa Gado de Leite

    Durante o lançamento da 46ª Expointer e os anúncios de mitigação da seca, no último dia 10, o governador Eduardo Leite sinalizou que o estado também estuda medidas para os produtores afetados pelo ciclone. “Estamos buscando estruturar algo olhando para quem perdeu a capacidade de produção, seja no leite ou em outras lavouras que também foram afetadas. Em breve devemos também lançar alguns programas voltados para essa população”, acrescentou.

    preços em queda

    Outra situação que impacta a atividade é a queda dos preços. Segundo o Cepea, o litro do leite no estado em abril custava R$ 2,81. Em julho fechou a R$ 2,35. No mesmo mês do ano passado, o valor pago foi de R$ 2,94 por litro. A tendência é de novo outono em agosto. “Vamos colher os dados no dia 15, que é quando o produtor recebe a nota fiscal e sabe realmente quanto recebeu por litro. Nossa projeção é de mais uma queda em torno de R$ 0,25, acumulando nestes últimos três meses de R$ 1,00 para R$ 1,10, queda no preço pago ao produtor. Tem produtor recebendo R$ 1,80. Isso não cobre nem os custos de produção”, explica Prestes.

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