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Reuters: TSE deve tornar Bolsonaro inelegível e abrir corrida ao espólio…

tag:reutersPor Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira por realizar uma reunião no Palácio da Alvorada com embaixadores na qual atacou o sistema eleitoral e deve inabilitá-lo. chefe do Executivo, iniciando a corrida pelos espólios eleitorais do principal nome do campo conservador no Brasil.

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A expectativa, segundo fontes do tribunal e que acompanham o processo à Reuters, é que, ao final das esperadas três sessões de julgamento da ação movida pelo PDT, Bolsonaro sofra uma condenação inédita por crimes como abuso de poder poder político, desvio de função e tentativa de deslegitimar o processo eleitoral.

Bolsonaro negou esta quarta-feira, em entrevista a jornalistas após visita ao Senado, ter atacado o processo eleitoral na reunião com os embaixadores, apesar de ter feito falsas acusações sobre alegadas fraudes nas urnas eletrónicas.

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“É meu direito me encontrar com os embaixadores. Não houve críticas, nenhum ataque ao sistema eleitoral, houve uma exposição da minha parte de como funcionavam as eleições no Brasil”, disse.

“Não gostaria de perder meus direitos políticos. Não sei se vou ser candidato a prefeito, governador, ou se no futuro vou ser senador ou presidente. Agora, para ser candidato, preciso manter meus direitos políticos, e não é esse o motivo”.

O chamado “corpo de trabalho” deve pesar contra o ex-presidente após a inclusão no processo do chamado “rascunho do golpe” encontrado em operação da Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, e também a sombra das revelações da orquestração para tentar impedir a posse ou a tentativa de derrubada do comando do país do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva por partidários de Bolsonaro.

“A sequência da minuta do golpe foi de 8 de janeiro, é uma prova evidente, portanto não precisa ser incluída no processo. As consequências do que aconteceu foram evidentes no início do ano”, disse o advogado do PDT , Walber Braga, à Reuters.

Embora diga que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e afirme que as provas são frágeis, a própria defesa de Bolsonaro reconhece que o momento não é bom para o ex-presidente no TSE. “O clima obviamente é desfavorável porque foi assim o tempo todo (durante o processo que está sendo investigado)”, disse o advogado Tarcísio Vieira, também em entrevista à Reuters.

Nos bastidores, segundo duas fontes judiciais e uma terceira que acompanha o processo, a possibilidade de pedido de vista do ministro Nunes Marques – indicado por Bolsonaro ao STF e penúltimo dos sete ministros a votar – diminuiu nos últimos dias. Eles avaliam que, diante da perspectiva de derrota, a visita de Marques daria apenas alguns meses para um desfecho previsível e poderia ocorrer diante de uma maioria já formada contra o ex-presidente.

O próprio Bolsonaro se mostrou mais uma vez resignado com o prognóstico desfavorável. “Já sabemos que os indicadores não são bons, mas estou tranquilo”, disse, em evento de filiação de prefeitos ao PL na cidade de Jundiaí, no fim de semana. “Não vamos entrar em pânico com o resultado que vem, obviamente não queremos perder direitos políticos, queremos continuar vivos”, pontuou.

Até o início da semana, o clima tanto na quadra quanto nas redes sociais era tranquilo, segundo fonte informou sobre monitoramento feito pela própria quadra. Ainda assim, a segurança do prédio e dos ministros será reforçada para o julgamento, que deve ser concluído, caso não haja vista, na quinta-feira da próxima semana.

Bolsonaro não deve ir ao TSE para acompanhar o julgamento, disse seu advogado.

HERDEIRO ELEITOR

A tendência é que Bolsonaro seja punido sozinho, em linha com o parecer do Ministério Público Eleitoral que isentou seu vice, general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto, segundo fontes.

Se isso acontecer, o ex-presidente poderia ficar impedido de concorrer a cargos eletivos até outubro de 2030, quando completaria 75 anos, segundo algumas das fontes. Com Bolsonaro fora da disputa por votos nas urnas, a expectativa de líderes partidários ouvidos pela Reuters é de que a disputa por seus votos também estaria aberta.

Líderes do PL, de Bolsonaro e do PP, que foi um forte aliado dele em seu governo e que agora tem parte do partido que se aproxima de Lula, têm defendido a tese de que, com a saída do ex-presidente em 2026, ele se transformará em uma espécie de mártir. Nessa função, ele ajudaria a ampliar a direita nas eleições municipais do ano que vem e tentaria fazer com que Lula sucedesse a presidente, segundo fontes ouvidas pela Reuters.

O ex-chefe do Executivo não levaria à sua rejeição ao candidato escolhido, o que pesou em sua derrota apertada na disputa pela reeleição em outubro, avaliam.

Entre os nomes citados como herdeiros do espólio de Bolsonaro estão o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), que foi ministro dos Transportes de Bolsonaro; o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

Tarcísio, que tem dito nos bastidores que prefere se candidatar a um novo mandato no Palácio dos Bandeirantes, é apontado como o principal nome nas conversas. Esse é um dos desejos de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, segundo fonte próxima a ele, e de outras lideranças políticas.

“Acho que a política é uma fila e quem está na fila para ser o candidato é o governador Tarcísio, é decisão dele se vai concorrer, mas não tenha dúvidas que é ele quem vai receber essa missão de ser o candidato “, afirmou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

“Tarcísio, com o apoio de Bolsonaro depois de tamanha injustiça, é imbatível. Se fosse candidato agora, teria vencido”, se entusiasmou.

(Editado por Pedro Fonseca)

Fonte: Noticias Agricolas

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