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Reuters: Estudo para programa Petrobras de Lula propõe reverter…

    Reuters Estudo para programa Petrobras de Lula propoe reverter

    por Rafaella Barros

    (Reuters) – Estudos sobre o setor de petróleo e gás no Brasil encomendados para apoiar a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva vão sugerir ações para fortalecer o refino da Petrobras que incluem a abertura de negociações para reverter vendas de refinarias já realizadas pela empresa, um dos coordenadores da obra e integrante do plano petista à Reuters.

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    As análises para o candidato petista que lidera a pesquisa também propõem novos investimentos e a retomada de projetos de refino abandonados pela Petrobras, após a empresa ter decidido focar na extração de petróleo do pré-sal, como forma de sair da crise decorrente a operação. Lava-jato.

    As propostas incluem ainda a possibilidade de a Petrobras retomar a propriedade da refinaria da Bahia, o maior ativo de refino vendido em 2021 pela empresa, agora de propriedade de Acelen, do grupo Mubadala, comentou William Nozaki, um dos escolhidos para a construção do PT plano de negócios da Petrobras.

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    “Para alguns ativos, é possível consultar os sócios que os adquiriram para entender melhor a situação e saber se eles realmente têm interesse em permanecer integralmente na operação. É o caso da Rlam (na Bahia)”, disse Nozaki, que também é coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), vinculado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).

    A refinaria da Bahia foi o primeiro desinvestimento concluído pela Petrobras do grupo de oito refinarias que terão de ser vendidas pela empresa no âmbito do acordo firmado com o Cade em 2019 para acabar com o monopólio da empresa no refino brasileiro.

    “É preciso abrir uma conversa com o fundo Mubadala para saber quais são suas perspectivas, se eles realmente querem operar 100% da refinaria. há possibilidade de retorno à Petrobras”, disse Nozaki, referindo-se às sugestões para o plano de governo Lula, que está sendo finalizado.

    “Mas a orientação do presidente Lula é que nada será feito de forma traumática para os acionistas ou para os investimentos da Petrobras”, acrescentou o pesquisador.

    O pesquisador admitiu que é “difícil” reverter as vendas nas refinarias da Petrobras, mas não impossível. A ideia é conversar com os novos donos antes de tomar qualquer atitude.

    “O presidente Lula nos pediu para colocar todas as opções disponíveis na mesa, do ponto de vista técnico, para pensar em como enfrentar o problema da inflação dos combustíveis.”

    A inflação acumulada em 12 meses no Brasil supera 11%, também impulsionada pelo combustível, e tem sido um problema que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta mitigar com cortes de impostos em meio à sua candidatura à reeleição.

    As orientações técnicas também apontarão para a necessidade de reavaliar a venda de três refinarias do acordo com o Cade, cujos processos de descarte são mais demorados: Repar, no Paraná, Refap, no Rio Grande do Sul, e Rnest, em Pernambuco. Além da refinaria da Bahia, a Petrobras já fechou acordos para vender unidades no Amazonas (Reman), Paraná (SIX), Ceará (Lubnor) e Minas Gerais (Regap), embora alguns processos ainda dependam da conclusão e aprovação das autoridades.

    OUTRAS MEDIDAS

    Devido à complexidade de uma retomada de ativos, o conjunto de ações de refino deve ter como foco principal o aumento da capacidade de produção da Petrobras nas refinarias ainda sob seu controle.

    Uma das primeiras medidas deve ser a análise do Fator de Utilização (chamado FUT) de todas as refinarias da Petrobras, para que acompanhe a média internacional, entre 88% e 95% da capacidade máxima de produção de derivados.

    “Com alguns investimentos para modernizar o que já está em operação no parque brasileiro, é possível aumentar um percentual da produção para reduzir nossas importações”, disse Nozaki.

    Segundo o pesquisador, o FUT médio das refinarias da Petrobras ficou em torno de 60% durante o governo Temer, mas aumentou no governo Bolsonaro justamente para produzir mais combustível e reduzir a dependência externa.

    Em seu relatório de Produção e Vendas do segundo trimestre, a Petrobras disse que suas refinarias atingiram 97% FUT no final de junho, acrescentando que opera em plena capacidade, considerando fatores como a segurança da operação, para atender bem o mercado.

    Um próximo passo em um possível governo Lula seria uma reanálise da retomada das obras nas refinarias da Petrobras paralisadas por problemas de corrupção, como Premium II, no Ceará, e Polo Gaslub (antigo Comperj), no Rio de Janeiro, este último apontado como foco principal do escândalo investigado pela Lava Jato, que levou políticos, inclusive o próprio Lula, à prisão – posteriormente, o PT teve os processos no âmbito da operação cassados ​​pela Justiça.

    “É mais barato concluir as obras e colocá-las em operação do que manter o ativo, deixando-o para sucatear”, disse Nozaki, acrescentando que a retomada das obras do Premium I, no Maranhão, é menos provável.

    Por fim, a lista de possibilidades incluirá também a construção de novas refinarias, mas como medida de médio e longo prazo. O próprio Lula já falou publicamente sobre isso. “Mas isso em um terceiro momento, porque a construção de uma refinaria começa hoje e a conclusão ocorre em seis anos”, disse Nozaki.

    EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO

    Em relação à área de exploração e produção, o estudo deve apontar que o foco deve ser mantido na área do pré-sal, grande filão das reservas de petróleo do Brasil, e na chamada Margem Equatorial, área de grande potencial produtivo que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, mas que ainda não teve extração de petróleo.

    De acordo com Nozaki, a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada tanto na pesquisa quanto na revitalização de campos, incluindo o pós-sal, está na mesa de discussões para subsidiar o programa de Lula.

    Tanto o foco no pré-sal quanto a parceria para a revitalização dos campos do pós-sal são atividades realizadas hoje pela Petrobras.

    As diretrizes a serem entregues ao PT também apontarão para investimentos em energia renovável, com maior participação da Petrobras.

    O foco no pré-sal acabou deixando a Petrobras ainda mais distante dos investimentos em energia eólica e solar, por exemplo, mas o pesquisador considera que esse também é um caminho importante a ser percorrido, mesmo diante das mudanças climáticas.



    Fonte: Noticias Agricolas