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Reaquecimento do mercado de flores em Minas

    Reaquecimento do mercado de flores em Minas

    A primavera é a estação das flores, mas não é apenas nesta época do ano que os floricultores estão otimistas. Um dos setores que mais sentiu o impacto da pandemia de covid-19, o de eventos, também está voltando à ativa. Esta é uma ótima notícia, pois, desde as paralisações do setor, os floricultores sofreram perdas e passaram por momentos difíceis.

    Segundo dados da CNA, o setor de flores movimentou cerca de R$ 11 bilhões em 2021. Este ano, até setembro, foram quase R$ 8 bilhões em exportações, grande parte para Holanda, Itália e Estados Unidos da América. Os principais segmentos de atividade da atividade são a decoração, sendo o destino de quase 30% da produção. Self-service e paisagismo vêm em seguida, com 21% e 20% do mercado, respectivamente.

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    A recuperação está acontecendo aos poucos. Grande parte das vendas para decoração é destinada a eventos, como casamentos, formaturas, festas de 15 anos. Com a flexibilização das regras de isolamento social, avanço da vacinação e controle da pandemia, as vendas voltaram a crescer. “Ao contrário de outros ramos da agricultura, que produzem alimentos, a produção de flores não é um serviço essencial para as pessoas. Por isso fomos um dos setores que mais sentiu o impacto da paralisação dos eventos”, disse Mário Raimundo de Melo, produtor de rosas de Barbacena. Ele está no ramo há 25 anos, tem 4 hectares plantados e está preparando o solo para expandir. Sua produção é de cerca de 150 mil dúzias por ano, e a ideia é aumentar. “Temos 12 variedades de rosas aqui na propriedade. No momento, estamos fechando um acordo com a cooperativa de Holambra (SP) e vendendo em parceria com eles”, disse.

    Festa das Rosas resgata otimismo

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    Realizada entre os dias 13 e 15 de outubro, a 50ª edição da Festa das Rosas de Barbacena voltou a ser realizada após paralisação em 2020 e 2021. Vários produtores de flores e plantas ornamentais da região estiveram presentes, buscando aumentar as vendas e promover o reconhecimento de suas marcas.

    Ralf de Araújo é de Barbacena e produz mudas de orquídeas. Ele disse que sentiu muito o impacto do mercado nos últimos dois anos e que seu principal objetivo na festa era divulgar o nome de sua empresa. “É claro que vender também é importante. Mas muito mais do que fazer vendas, quero conhecer o mercado, ser conhecido e divulgar meu produto. Trabalho com a Cattleya Walkeriana, uma espécie muito apreciada no exterior, principalmente no Japão”, disse.

    Inovação

    Raphael Fonseca, de Juiz de Fora, aproveitou a pandemia para investir em uma nova carreira. Ele e sua família já tinham a produção de flores como renda extra, mas, durante o isolamento, viu o complemento se transformar na renda principal. “Foi muito difícil no começo, o que nos salvou foram as vendas pela internet. Eu tinha algumas orquídeas no viveiro, mas não era uma produção grande. A partir de 2020, percebi que a entrega de plantas era uma opção a ser explorada e resolvi me dedicar”.

    Anderson Condé, de Desterro do Melo, é a prova de que é possível crescer em tempos de crise. Ele cultiva suculentas e disse que as vendas online durante a pandemia aumentaram. “Com as pessoas passando mais tempo em casa, elas voltaram seus olhos para o ambiente doméstico. Isso levou a um salto nas vendas de plantas, especialmente suculentas. Esses dois anos foram o boom desse mercado”, disse ele, que também relatou uma forte tendência de mercado com a chamada selva urbana. “Para compor esses ambientes temos tábuas vivas, plantas ornamentais, vasos e diversas opções para quem quer deixar seu ambiente com mais presença da natureza”, disse.

    Apoio ao produtor

    O 1º vice-presidente de finanças do Sistema Faemg, Renato Laguardia, é de Barbacena, cidade reconhecida internacionalmente pela produção de rosas. Atualmente, a produção local é controlada por pequenas propriedades. “Os produtores aqui da região foram um dos primeiros a sentir os problemas da pandemia. Muitos acabaram tendo que cortar plantas e trocar de galhos. Avaliamos várias formas de ajudar esses produtores. Muitos deixaram a atividade, mas os que permaneceram agora estão colhendo os frutos com essa retomada do mercado, com muitas vendas para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Juiz de Fora. Manter esses floricultores é importante até para a identidade da cidade. O Sistema Faemg está incentivando e promovendo a retomada do mercado para eles”, disse Renato.

    A produção de flores, sendo uma característica marcante do Campo das Vertentes, vem se mostrando um setor que merece reconhecimento e apoio para o seu desenvolvimento. Pensando nisso, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barbacena, Rubens Lobato, afirmou que a instituição está de braços abertos para receber esses produtores. “Nossa rosa é reconhecida em todo o mundo. Nossos produtores estão sempre buscando se atualizar e encontrar novos mercados. Aqui temos várias opções de programas que podem beneficiar esses floricultores, incluindo a proposta de desenvolver um grupo de assistência técnica e gerencial (ATeG) que possa atender essa cadeia”, disse.



    Fonte: Agro