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Radar Sanitário | Surto de raiva em bovinos do noroeste do Pará • Portal DBO

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Por Enrico Ortolani – Professor Adjunto de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ([email protected])

SURTO DE RAIVA EM BOVINOS NO NOROESTE DO PARÁ

Segundo dados confiáveis ​​de veterinários, há um surto de raiva em bovinos de corte criados no nordeste do Pará, na divisa com o Maranhão.

Na maioria dos municípios dessa região, a vacinação anual contra a raiva é obrigatória, devido à grande presença de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), muitos dos quais contaminados com o vírus da raiva.

Veterinários mencionaram que a maioria dos animais raivosos vem de alguns rebanhos não vacinados, que perderam de 3% a 4% do gado.

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No entanto, colegas trataram bezerros de 30 a 40 dias de idade com raiva em rebanhos vacinados. Segundo estudos internacionais, a vacinação de bovinos muito jovens (menos de 30 dias) não os protege contra a raiva, pois a produção de anticorpos é muito baixa nesses animais, o que não os protege.

É preciso deixar bem claro que embora os veterinários recomendassem a vacinação contra a raiva, prevaleceu a decisão final dos proprietários de não vacinar e após a correta orientação e a perda de vários animais agora os pecuaristas já estão vacinando.

Por medo de represálias por parte da Defesa do Estado de Saúde (ADEPARÁ) todos os casos suspeitos de raiva não foram registrados pelas fazendas que vacinaram ou não, tanto que a ADEPARÁ desconhece oficialmente a presença desses casos.

Todos os animais raivosos apresentavam o quadro paralítico, ou seja, começavam a andar como bêbados, tropeçando nas patas traseiras, babando e bocejando. Depois caem e podem morrer entre 48h e seis dias.

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A prevenção recomendada é a vacinação anual de todo o rebanho, começando pelo gado de um mês. Se sua área é problemática, vacine seu rebanho, para não marcar toca e perder gado, como aconteceu com esses pecuaristas do Pará!

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Tanto os bezerros quanto o gado mais velho podem morrer de raiva.

VERMES EM REBANHOS MARANHENSES

O excesso de chuvas no primeiro semestre do ano na região noroeste do Maranhão, na divisa com o estado do Pará, favoreceu o aparecimento de focos de verminose, devido à alta sobrevivência de larvas nas gramíneas de vermes do gênero Trichostrongylus, Haemonchus e Cooperiaque atacam o estômago (abomaso) e o intestino delgado.

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Segundo o pesquisador da Universidade Federal do Maranhão que acompanha o surto, os bovinos mais acometidos foram os desmamados até os 2 anos de idade em propriedades que não adotaram vermifugação estratégica.

Em muitos casos os animais apresentavam anemia, principalmente pela ação do verme. Haemonchus placeireconhecido como sugador de sangue, e diarreia, causada pelos outros dois vermes.

Deve ficar claro que dois desses worms (Haemonchus e Cooperia) são altamente resistentes às ivermectinas, que os pecuaristas e alguns técnicos ainda insistem em usar no tratamento do gado. Isolar!

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Trichostrongylus e Cooperia podem causar diarreia.

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DERMATOFITOSE EM TOUROS DE ELITE

A dermatofitose, também chamada de doença do anel devido ao seu formato circular, é causada pelo ataque do fungo Trichophyton verrucosum na pele do animal, principalmente no pescoço, patas, cabeça e costado.

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Em pequena escala, essa dermatite não causa muitos danos, mas quando se espalha muito pelo corpo e causa uma reação semelhante à verruga, pode causar alguma perda de peso, além de gerar uma aparência estética feia.

Essa doença é mais comum em períodos chuvosos, em ambientes úmidos e em confinamentos, pois a doença pode ser transmissível, inclusive de bovinos para humanos. Bovinos muito jovens são mais propensos a ter a doença do que os adultos.

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A explicação para isso é que a pele dos bovinos menos erodidos tem um pH (grau de acidez) mais alcalino, ou seja, menos ácido e com menor produção de sebo do que os mais adultos. Junto com o sebo, são produzidos certos ácidos graxos que acidificam a pele e têm ação fungicida contra o agente causador da doença.

Descrevemos aqui o surgimento da tricofitose em touros de elite (foto), que foram submetidos a muitos banhos, com uso de detergente de cozinha, que removeu a camada protetora de sebo. Além disso, o veterinário notou que eles não estavam suficientemente secos quando voltaram para os estábulos, condições que favoreceram o crescimento do fungo.

O surgimento de lesões cutâneas causava um mau aspecto visual nos touros que logo participariam de uma exposição de gado. A correção do manejo e o uso de antisséptico local nas lesões corrigiram efetivamente a dermatose.

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Guilherme Shin Iwamoto Haga

Aproveito para agradecer ao veterinário Guilherme Shin Iwamoto Haga, que até julho passado era responsável pela Campanha de Controle da Raiva, na Coordenação de Defesa Agropecuária (CDA), em todo o Estado de São Paulo.

Desde a primeira edição do “RADAR SANITÁRIO”, em julho de 2022, Guilherme tem informado mensalmente todos os casos de raiva da pecuária paulista, com o objetivo de prevenir a doença.

Devido à mudança de comando na área de Defesa Animal em SP, Guilherme foi substituído por outro colega veterinário (Dr. Paulo Fadio), que dará continuidade ao seu profícuo trabalho. Guilherme agora assume novas atividades no CDA, na região de Botucatu.

A RAIVA ESTUPRA TODO O BRASIL

PA: Rondon do Pará e Bom Jesus do Tocantins (Fonte: ADEPARÁ) .

BA: Valença (Fonte ADAB)

MG: Paineiras, Capela Nova, Almenara, Caraí, Natércia, Guaranésia, Coromandel; Monte Belo, Conceição do Mato Dentro, Visconde do Rio Branco, Muzambinho e São Vicente de Minas (Fonte: IMA).

SP: Juquitiba, Piedade, Ibiúna, São João da Boa Vista e Cajuru (Fonte: CDA).

RP: Cascavel; Ampère (Fonte ADAPAR)

A vacinação contra a raiva bovina é recomendada para todos os animais do rebanho, a partir dos 30 dias de idade, em propriedades dos municípios listados acima, ou de outros municípios vizinhos. A vacina é barata e previne adequadamente.

Envie suas notícias sobre a presença de surtos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em bovinos de corte para o seguinte e-mail: [email protected]

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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