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Problema hepático em vacas leiteiras

Importância da Saúde Hepática em Vacas Leiteiras

O fígado é um órgão vital para a imunidade, coagulação e metabolização de diversos componentes no organismo dos bovinos. Uma das condições metabólicas comuns que afetam o fígado é a Síndrome do Fígado Gorduroso, que resulta do acúmulo de gordura devido a desequilíbrios metabólicos. Neste artigo, abordaremos a ocorrência da esteatose hepática em vacas leiteiras no período de transição e como isso afeta a produção e saúde dos animais.

O que é e como ocorre a esteatose hepática?

A esteatose hepática, também conhecida como síndrome da vaca gorda, é um transtorno metabólico comum em vacas leiteiras de alta produção no período de transição. Isso pode levar a baixa produção de leite, desempenho reprodutivo prejudicado e maior suscetibilidade a infecções.

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Importância dos ácidos graxos

Os ácidos graxos são essenciais na mobilização e oxidação de gorduras no organismo. Suas concentrações podem refletir a capacidade das vacas em lidar com desafios metabólicos e impactar diretamente a saúde do fígado e a produção de leite.

Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?

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Sumário

O que é e como ocorre a esteatose hepática?

Importância dos ácidos graxos

Oxidação completa

Oxidação incompleta

Quais são os sinais clínicos da esteatose hepática?

Quais são as consequências pós-parto?

Como fazer o diagnóstico e atuar na prevenção?

E a suplementação de colina?

Aumente a produtividade, lucratividade e qualidade do leite!

O fígado é o órgão vital para imunidade, coagulação e metabolização de hormônios, medicamentos, toxinas, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais.

Portanto, quando ocorre algum insulto a essa estrutura ocorre diversas alterações metabólicas como por exemplo a Síndrome do Fígado Gorduroso, caracterizado pelo acúmulo de gordura no fígado devido a um desequilíbrio do metabolismo corporal dos bovinos principalmente no período de transição. 

Quando há um aumento exacerbado de lipídeos no fígado, excedendo a sua capacidade de degradação metabólica ou o transporte dessa gordura na forma de lipoproteínas, ocorre o acúmulo dessa gordura. Isso acontece devido a um aumento repentino de energia na dieta dos animais ou quando ocorre a queda ou privação de consumo de alimentos. 

Nesse texto iremos tratar sobre a ocorrência da esteatose hepática em vacas leiteiras no período de transição, quais os sinais visíveis do problema, as consequências disso no pós-parto, forma de diagnosticar e de trabalhar com a prevenção. 

O que é e como ocorre a esteatose hepática?

A esteatose hepática também é conhecida como síndrome da vaca gorda ou síndrome do fígado gorduroso e é considerada um dos principais transtornos metabólicos de vacas leiteiras de alta produção no início do período de transição.

Ela pode ser associada a baixa produção de leite, baixo desempenho reprodutivo e também a imunossupressão devido a alterações a nível de imunidade humoral e celular, tornando a vaca nessa fase mais susceptível a outras infecções, como metrite e mastite.

Estima-se que o fígado gorduroso seja capaz de elevar a probabilidade em 35% de a vaca ter um período de serviço maior e uma chance 30% menor de emprenhar no primeiro serviço

Para entender sua ocorrência, primeiramente devemos considerar o gráfico do período de transição onde podemos observar que as fases  1, 2 e 3 que se referem ao período seco e transição, temos o declínio do consumo de matéria seca.

Fases do ciclo produtivo da vaca no período de transiçãoFases do ciclo produtivo da vaca no período de transição

Sabemos que o risco de doenças no pós-parto se eleva em vacas com gordura corporal em excesso nesse momento de transição, principalmente por ter um efeito fisiológico negativo no consumo de alimentos nas primeiras semanas de lactação. 

Por isso, um fator extremamente importante, é o escore de condição corporal (ECC) que as vacas se encontram no início da lactação. Vacas obesas no pré-parto quando comparadas as vacas com boa condição corporal, perdem muito mais pontos de ECC nessa fase e apresentam um aumento da lipólise no pós-parto inicial. 

Isso ocorre devido ao baixo consumo de matéria seca nesse período, o que proporciona um BEN (Balanço energético negativo) mais acentuado devido o maior aporte de NEFA (Ácidos Graxos Não-Esterificados) que o fígado recebe e a diminuição da sua capacidade de produção de glicose. 

Também é observado uma baixa das concentrações séricas do hormônio insulina que é importante na ação bloqueadora de hormônios lipolíticos como GH, prolactina e lactogênio placentário onde possuem ação moderada em concentrações séricas normais, mas sem essa inibição é favorecida a lipólise que é a quebra de tecido adiposo para obtenção de energia.

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Importância dos ácidos graxos

As concentrações de ácidos graxos não-esterificados e o BHBA (beta-hidroxibutirato) circulantes medem a mobilização e oxidação de gordura, além de refletir o sucesso da adaptação ao BEN. No periparto, essas concentrações são consideradas indicadores na avaliação da capacidade das vacas em lidar com os desafios metabólicos.

Além disso, outros fatores que são capazes de provocar anorexia no animal após o parto podem estar relacionados a esteatose hepática, como é o caso do deslocamento de abomaso, hipocalcemia e cetose. 

Na lipólise ocorre a hidrólise de triglicerídeos em glicerol + 3 ácidos graxos voláteis (AGV’s). Esses AGV’s, tem como função o restabelecimento do status energético do animal sendo uma fonte alternativa de energia. 

Enquanto o glicerol é direcionado para o fígado e é transformado em energia pela gliconeogênese hepática, os AGV’s presentes na corrente sanguínea são captados pelos hepatócitos e podem ter dois destinos: oxidação completa ou oxidação incompleta. Quando ocorre intensa lipomobilização que supera a capacidade oxidativa hepática ocorre a Síndrome do Fígado Gorduroso e uma consequente cetose metabólica.

  • Oxidação completa: O ácido graxo no parênquima hepático se dirige a mitocôndria (organela celular responsável pela energia celular) por meio da enzima CPT-1 que é convertido em CO2, energia (ATP) e água. Embora seja uma via que se esgota rapidamente, ela é eficiente sob o ponto de vista energético. 
  • Oxidação incompleta: Se ocorre lipólise intensa superando a capacidade oxidativa do fígado pela menor disponibilidade de CPT-1, os ácidos graxos livres se “acumulam” na estrutura, podendo haver então duas vias: 
    • Reesterificação = ácidos graxos nessa via são novamente unidos a uma molécula de glicerol, formando os triglicerídeos, os quais são exportados do fígado em forma de lipoproteínas (VLDL). Entretanto, para que esse processo de exportação aconteça de forma correta, a presença da molécula fosfatidilcolina é necessária. Na ausência dela os triglicerídeos se acumulam no tecido hepático, gerando assim a esteatose. 
    • Produção de corpos cetônicos = pela fosforilação oxidativa nesse processo de alta lipomobilização, ocorre o acúmulo de corpos cetônicos na corrente sanguínea.

Representação esquemática do uso do tecido adiposo como fonte de energia extraRepresentação esquemática do uso do tecido adiposo como fonte de energia extra

Representação esquemática do uso do tecido adiposo como fonte de energia extra, bem como sua associação à predisposição de doenças como cetose e esteatose hepática. Fonte: Daibert, E. 2015 (Adaptada de Dracley, 1999; Grummer, 1995). 

Mas quais são os sinais clínicos da esteatose hepática?

Todas as vacas acumulam triglicerídeos nos dias que antecedem o parto, portanto a intensidade dos sinais clínicos vai depender do grau de gordura incorporado aos hepatócitos.

  •  Em até 13 % = o acúmulo é considerado normal;
  •  Até 25 % = já ocorre uma incapacidade imunológica progressiva sem sinais clínicos evidentes;
  • Até 35 % = sinais clínicos evidentes caracterizando um quadro severo de esteatose hepática, a vaca vai apresentar: 
    • Perda de peso exacerbada (animal em quadro de anorexia)
    • Perda de condição corporal;
    • Desidratação;
    • Redução de consumo;
    • Depressão.

Pensando no quadro de esteatose hepática, o tratamento deve ser pautado na redução da mobilização de gordura e isso pode ser feito a partir do fornecimento de energia como forma de auxílio o fígado e eliminar o BEN. 

Quais são as consequências pós-parto?

  • Cetose: a síndrome do fígado gorduroso é a causa principal e é pertinente as relacionar entre si. 
  • Baixa de imunidade: devido às estruturas hepáticas serem danificadas a capacidade de produção de proteínas importantes para defesa corporal diminui.
  • Baixa reprodução: os triglicerídeos são importantes para muitas moléculas como os hormônios reprodutivos e caso o substrato desses componentes esteja concentrado no fígado não ocorre metabolização e nem produção destes.
  • Pós-parto imediato:  encontramos animais anêmicos e ictéricos pelo comprometimento hepático que impede a produção adequada de proteínas importantes na coagulação e produção sanguínea.

Como fazer o diagnóstico e atuar na prevenção?

Para diagnosticar o animais com esse acometimento além de observar os sinais clínicos é importante avaliar o contexto geral da fazenda: 

  • Qual o consumo total dos animais por dia? Quanto sobra de alimento? Qual a dieta fornecida para as vacas no período de transição?
  • A fazenda está atenta ao escore de condição corporal das vacas? 
  • Foi observado maior número de animais doentes? 
  • Os animais sofrem algum tipo de estresse nesse período?
  • A fazenda monitora cetose? Qual o percentual de animais com cetose na propriedade?

Portanto a prevenção se torna fundamental para evitar perdas produtivas no rebanho. Por isso é importante:

  • Estabilidade no consumo de energia.
  • Não permitir restrição alimentar aos animais.
  • Evitar mudanças bruscas na dieta (caso necessário fazer uma transição respeitosa a microbiota ruminal).
  • Manter moderada condição de escore corporal no pré-parto por meio de dieta equilibrada.

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E a suplementação de colina?

Estudos tem demonstrado os benefícios da suplementação com colina protegida durante o período periparto a fim de minimizar os impactos negativos da redução de consumo. A colina é um componente da fosfotidilcolina, que é necessária para a síntese de VLDL, o que é responsável pela mobilização dos ácidos graxos para fora do fígado.

 Ao avaliar os efeitos dessa suplementação em animais de pré-parto até o pós-parto, foi evidenciado que o consumo de matéria seca aumentou de forma linear (0,5kg a mais por dia), aumento da produção de leite em comparação com vacas não suplementadas (1,3kg/vaca/dia) e tendência na redução de retenção de placenta e mastite, provavelmente devido a melhora da resposta imune desses animais. 

Por fim, sabemos então que a nutrição e manejo são considerados fatores de risco associados a esteatose hepática e que essa é uma condição importante e preocupantes por várias razões, principalmente por impactar a saúde, o bem-estar, o desempenho produtivo e reprodutivo das vacas.

Adotar medidas de auxílio na redução do risco e trabalhar em conjunto com profissionais especializados, como nutricionistas, para o desenvolvimento de um plano de ação específico é fundamental.

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Entendendo a importância do fígado

O fígado é um órgão vital para o funcionamento do organismo, desempenhando funções essenciais, como imunidade, coagulação e metabolização de diversos nutrientes e substâncias, como hormônios, medicamentos, toxinas, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais. Quando há algum insulto a essa estrutura, podem ocorrer diversas alterações metabólicas, como a Síndrome do Fígado Gorduroso, que é caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado devido a um desequilíbrio no metabolismo corporal dos bovinos, principalmente no período de transição.

Ocorrência da esteatose hepática

A esteatose hepática, também conhecida como síndrome da vaca gorda, é considerada um dos principais transtornos metabólicos em vacas leiteiras de alta produção durante o período de transição. Ela pode estar associada a baixa produção de leite, baixo desempenho reprodutivo e imunossupressão. Estima-se que possa elevar a probabilidade de vacas terem um período de serviço maior e uma menor chance de emprenhar no primeiro serviço.

Mecanismos da esteatose hepática

Quando há um aumento exacerbado de lipídeos no fígado, excedendo sua capacidade de degradação metabólica, ocorre o acúmulo de gordura. Isso pode ser desencadeado por um aumento repentino de energia na dieta dos animais ou pela queda ou privação de consumo de alimentos. Durante o período de transição, a baixa do consumo de matéria seca pode agravar esse quadro.

Sintomas da esteatose hepática

Os sinais clínicos da esteatose hepática podem variar conforme o grau de acúmulo de gordura no fígado. Desde um acúmulo considerado normal até um quadro severo, os sintomas incluem perda de peso, perda de condição corporal, desidratação, redução de consumo e depressão nas vacas.

Importância dos ácidos graxos

Os ácidos graxos não esterificados e o BHBA circulantes são indicadores importantes da mobilização e oxidação de gordura nos animais, refletindo a adaptação ao balanço energético negativo. Esses ácidos graxos são essenciais para a produção de energia e podem ter um papel fundamental na prevenção da esteatose hepática.

Consequências pós-parto

Além da cetose, a esteatose hepática pode levar a uma baixa imunidade, redução na reprodução e complicações no pós-parto imediato, como anemias e icterícias. O comprometimento hepático afeta diretamente a produção de proteínas essenciais para o organismo.

Diagnóstico e prevenção da esteatose hepática

Para diagnosticar animais com esteatose hepática, além dos sinais clínicos, é importante avaliar o contexto geral da fazenda, como o consumo total dos animais, o escore de condição corporal, estresse e monitoramento de cetose. A prevenção envolve a estabilidade no consumo de energia, a dieta equilibrada e o manejo adequado dos animais durante o período de transição.

Suplementação de colina

Estudos têm demonstrado os benefícios da suplementação com colina protegida para reduzir os impactos negativos da redução de consumo no período periparto. A colina é essencial para a mobilização dos ácidos graxos para fora do fígado, proporcionando melhora na produção de leite e redução de complicações pós-parto.

Conclusão

A esteatose hepática é um problema metabólico sério em vacas leiteiras durante o período de transição. O diagnóstico precoce, a prevenção e o manejo adequado dos animais podem contribuir significativamente para reduzir os impactos negativos dessa condição, melhorando a saúde, performance produtiva e reprodutiva do rebanho. A adoção de medidas preventivas, como a suplementação de colina e o monitoramento constante dos animais, pode ser essencial para garantir a qualidade e eficiência da produção leiteira.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

O fígado é o órgão vital para imunidade, coagulação e metabolização de hormônios, medicamentos, toxinas, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais. Portanto, quando ocorre algum insulto a essa estrutura ocorrem diversas alterações metabólicas, como a Síndrome do Fígado Gorduroso, caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado de bovinos devido a desequilíbrios metabólicos, principalmente no período de transição. O aumento repentino de lipídios na dieta dos animais ou a queda no consumo de alimentos são fatores que contribuem para essa condição. Neste artigo, abordamos a esteatose hepática em vacas leiteiras no período de transição, seus sinais, consequências no pós-parto, diagnóstico e estratégias de prevenção.

## O que é e como ocorre a esteatose hepática?

A esteatose hepática é um transtorno metabólico comum em vacas leiteiras de alta produção no início do período de transição. Associado a baixa produção de leite, baixo desempenho reprodutivo e imunossupressão, pode prejudicar a saúde e produtividade das vacas.

### Importância dos ácidos graxos

Os ácidos graxos não-esterificados e o BHBA circulantes refletem a mobilização e oxidação de gordura, podendo indicar a capacidade das vacas lidarem com os desafios metabólicos. Anorexia e doenças como deslocamento de abomaso, hipocalcemia e cetose podem estar relacionadas.

#### Oxidação completa e incompleta

Os ácidos graxos encaminhados ao fígado podem passar por uma oxidação completa, gerando energia, ou uma oxidação incompleta, que leva ao acúmulo de gordura no órgão, desencadeando a esteatose hepática e a cetose metabólica.

## Quais são os sinais clínicos da esteatose hepática?

Os sinais clínicos da esteatose hepática vão depender do grau de gordura acumulada nos hepatócitos, podendo manifestar-se como perda de peso, anorexia, desidratação e outros sintomas. O tratamento visa reduzir a mobilização da gordura no fígado.

## Quais são as consequências pós-parto?

A esteatose hepática pode levar a complicações pós-parto, como cetose, baixa imunidade, baixa reprodução e problemas no pós-parto imediato, impactando a saúde e o desempenho das vacas leiteiras.

## Como fazer o diagnóstico e atuar na prevenção?

O diagnóstico da esteatose hepática envolve a observação de sinais clínicos e a avaliação do contexto da fazenda. Medidas preventivas incluem manter a estabilidade no consumo de energia, evitar restrições alimentares e manter o escore corporal adequado.

### E a suplementação de colina?

A suplementação com colina protegida pode ser benéfica para minimizar os impactos negativos da redução de consumo no período periparto, melhorando a saúde e produtividade das vacas leiteiras.

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