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O que a Barbie tem a ver com o agronegócio brasileiro?

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Pergunta curiosa feita por um amigo taxista muito animado, Xavier. E claro, sua associação nessa questão foi com “montanhas de pipoca”, doces, balas e refrigerantes vendidos em sessões de cinema neste recorde de audiência no Brasil e no mundo. Como o agro é pop e pronto, Xavier fez um cálculo mental, relacionando a Barbie com a venda de produtos do agronegócio. Brilhante.

Mas aqui quero fazer outra inferência, bastante provocativa e instigante: se é possível, por meio de um boneco, criar uma emoção positiva, que através do coração conduz racionalmente bilhões de espectadores ao cinema e às compras, envolvendo públicos de todos os idades, gêneros e culturas, por que reclamamos tanto no Brasil que não temos a imagem justa e merecida do agro brasileiro? A mesma pergunta se aplica a múltiplas marcas de produtos e serviços que superam preconceitos, ataques, detratores e conquistam consumidores fiéis e apaixonados ao redor do mundo.

Fenômenos como: Coca-Cola, Starbucks, McDonald’s, batatas Lays e Ruffles, Heineken, Louis Vuitton, champanhe, etc., etc., todos derivados do sistema do agronegócio. O que essas corporações fazem que inspiraria o agronegócio brasileiro a fazer? Simples: gestão de marketing. E como definiríamos marketing? Simples: administração total, colocando o ser humano no centro das decisões.

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E o ser humano consumidor, era ele que sabia o que queria, definindo tudo que temos nos supermercados mundo afora? Não. E como Steve Jobs explicou em suas palestras da Apple, uma maçã mordida: “Os consumidores não têm tempo para saber o que querem”. E usou como exemplo sua empresa, que existia para mudar o mundo, para pensar diferente, pense diferente. Ele explicou o que uma campanha publicitária fez pelo consumo e valor do leite nos Estados Unidos, deixando a marca do “bigode” branco nos lábios dos bebedores de leite: “Fez muito mais pelo leite do que todas as explicações racionais”.

Assim, autoprovocando-me, pergunto: o que faria uma campanha de “beijo” do leite para o consumo nesta cadeia produtiva? Lá nos EUA, o bigode; aqui, o beijo, já pensou nisso? As Barbies não são pedidas por massas de consumidores, elas são imaginadas, criadas e apresentadas a pessoas que só descobrem que as amam e as desejam muito depois que seus sonhos inconscientes são revelados pelos criativos do mundo. Nem as tecnologias agrícolas.

Bartz e Frank, juntamente com Nonô e alguns visionários, inventaram o plantio direto no início dos anos 70, eram chamados de loucos; A Secundino lançou sementes de milho híbrido em 1945, ninguém queria; A Nishimura queria vender pulverizadores de baixa pressão e baixa vazão, valorizando as microgotículas e não a enxurrada de agrotóxicos — poucos aderiram. Na década de 1980, a engenharia genética de sementes foi chamada de “ficção científica”.

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Enfim, tudo o que existe foi inventado, criado e vendido por poucos para depois virar mercado para muitos. Ah, mas o agronegócio é diferente, ouvi dizer. Será? Também ouço que de nada adiantaria a melhor estratégia de comunicação se não resolvêssemos todas as nossas imperfeições, inclusive o fim da ilegalidade.

Quer dizer, mesmo com um plano maravilhoso, um sonho de consumo de uma sociedade planetária como o ABC (agricultura de baixo carbono); como cadeias produtivas descarbonizantes; ILPF (integração de lavoura pecuária e silvicultura); projetos agroflorestais sustentáveis, gerando biocombustível verde; incorporação de 40 milhões de áreas degradadas em alimentos e energia, resgatando carbono; biogás, transformando metano em bioeletricidade, biofertilizantes e biometano, etc., etc., mesmo assim teríamos que esperar ser “perfeitos”. Quer dizer, nunca nos comunicaríamos, porque a perfeição pronta não existe, tudo na vida sempre estará em estado de aperfeiçoamento.

O que diríamos sobre o café na Colômbia? Seria preciso esperar que o país eliminasse todos os seus conflitos para dizer ao mundo que ele existe e conquistar o compartilhar da mente do melhor café com Juan Valdez? E a Nova Zelândia com seus laticínios, a Argentina com suas carnes, o Peru com café orgânico, o Chile com salmão e frutas, a França com terroirs, Egito com algodão, Rússia com trigo, Ucrânia com girassóis, EUA e seus grãos, Espanha com suas maçãs e cidra, México com tequila, Itália com gastronomia, Nova Caledônia com aquicultura, etc., todos teriam que esperar que seus países ser perfeito para comunicar o que eles têm e fazem muito bem? Claro que não.

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Assim, o Brasil — potência alimentar, energética e tropical sustentável — já ultrapassou os limites de não liderar os destinos de sua própria imagem.
Talvez seja necessário olhar para si mesmo na busca da autoimagem. Como na história do “Patinho Feio”, de Hans Christian Andersen, ele só se descobre depois de ver belos pássaros voando e, ao olhar para o espelho d’água, refletido no lago, fica deslumbrado com o que vê — não é um pato, não um cisne.

O Brasil, no cinturão tropical do planeta Terra, tem missões significativas na dignidade humana, no combate à miséria, pobreza e fome, além de produzir, vender, agregar valor, tem educação, ciência e tecnologia para atender bilhões de seres humanos que habitam biomas como o nosso e carentes de evolução.

Não somos perfeitos, temos muito a melhorar e muita criminalidade a combater, mas temos exemplos admiráveis, como diria o sociólogo italiano Domenico De Masi: “O Brasil é uma admirável sociedade tropical, reunindo e misturando todas as povos do planeta”. Talvez seja a hora do “vôo do cisne” enfrentar um complexo de “patinho feio”. Talvez a Barbie explique.

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José Luiz Tejon

TCA Internacional

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