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mulheres e jovens responsáveis

    mulheres e jovens responsaveis

    Eles podem assustar os novatos, pelo menos à primeira vista. As máquinas agrícolas são estruturas gigantescas, pesam toneladas e conduzi-las não é a tarefa mais leve. Somado à complexidade do trabalho, o senso comum não costuma associar a profissão a mulheres e jovens, mas isso não impede que esse público busque a profissionalização na área. A manutenção e operação de máquinas agrícolas está em alta, e existe para todos que estão dispostos a trabalhar com seriedade. Segundo Luis Colombini (@luiscarloscolombini), instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de São Paulo (SENAR-SP), a demanda por cursos de capacitação em manutenção e operação de máquinas agrícolas tem aumentado. “A demanda por cursos na minha região e nas demais onde trabalho é alta, e atribuo isso ao crescimento da agricultura e das novas tecnologias”, diz.

    O setor de máquinas e equipamentos agrícolas vive um bom momento, com produtores rurais mais capitalizados e maior acesso ao crédito, após o anúncio de quase R$ 341 bilhões em crédito previsto no Plano Safra 2022/23. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), o setor já está em um ciclo de alta desde 2020 e 2021, quando o faturamento cresceu 17,7% e 42,5%, respectivamente. A entidade anunciou um aumento acumulado de 7,9% nas vendas até meados deste ano. O movimento se reflete na demanda por cursos do SENAR-SP. Em 2021, sindicatos de todo o estado solicitaram 416 cursos na área. Em 2022, até setembro, foram realizados ou programados 404 cursos.

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    O aquecimento do mercado incentiva tanto os profissionais que já atuam na área e buscam atualização quanto os recém-chegados, grupo que inclui muitos jovens recém-chegados ao mercado de trabalho e mulheres, que há alguns anos se sentiam intimidadas pelo assunto . As boas perspectivas de inserção profissional diminuíram a resistência. “O mercado de trabalho está cada vez mais exigente na hora de contratar pessoas, pois é preciso garantir uma boa execução, que por sua vez gera retorno na qualidade de vida e segurança do colaborador. Com isso, jovens e jovens buscam esse conhecimento e têm obtido resultados muito satisfatórios”, diz Colombini, que atua como instrutor de aprendizagem rural há mais de 20 anos e anualmente passa por diversas regiões do estado ministrando cursos.

    Novas perspectivas

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    Isabella de Oliveira Souza (@isabellasouza) tem 24 anos e veio para a formação do SENAR-SP quase por acaso. “Já havia feito outro curso do SENAR, o Jovem Agricultor do Futuro, e me interessei pela área. A partir daí, procurei me qualificar para tentar entrar nesse mercado de trabalho”, conta. Ex-aluna de Colombini, ela logo acelerou o ritmo das aulas. “Durante o processo de aprendizado de máquina não tive problemas, pois sempre gostei dessa área, era muito proativa e curiosa, e por isso aprendi rápido”, lembra.

    O gosto pelas máquinas também marcou o início da trajetória de Lucas Lamboia, 27 anos, também formado como operador de máquinas pelo SENAR-SP. “O que me levou a fazer o curso, em primeiro lugar, foi minha paixão por máquinas e veículos pesados. Desde pequeno tenho contato com esse tipo de veículo, mas nunca tinha pensado em fazer dele um meio de trabalho, nem mesmo um hobby. Porém, com o passar do tempo, mudei essa mentalidade”, conta o jovem, cujo avô é um pequeno produtor de café.

    Conhecimento é poder

    De acordo com Colombini, o momento é bom para quem busca uma posição na agroindústria fazendo manutenção ou operação de máquinas agrícolas – incluindo tratores, colheitadeiras, fertilizantes e semeadoras. A demanda do mercado de trabalho varia de acordo com a região. Açúcar, soja e laranja são destaques em São Paulo, mas todas as lavouras, de diferentes portes, utilizam maquinários. Por isso, ele lembra que os pequenos e médios proprietários também se beneficiam dos treinamentos oferecidos pelo SENAR-SP. “As oportunidades são grandes quando as pessoas encaram os treinamentos com dedicação e amor, aprendem muito com a teoria e a prática durante as ações. Tanto patrão quanto empregado começam a ver as máquinas de outra forma, mais lucrativas e como uma ferramenta de trabalho adequada para tais atividades”, afirma.

    Para quem procura emprego, a formação é um caminho que leva à atualização do currículo e à construção da autoestima profissional. “Quem procura um novo emprego sai com mais confiança em suas ações e com um currículo de bagagem mais concreta. É gratificante poder ver o sorriso e a satisfação em cada um ao final do treinamento”, afirma o professor. Essa ideia é corroborada por Isabella, que após a formação do SENAR-SP tornou-se operadora de trator de transbordo em uma usina de açúcar. “O curso proporciona conhecimentos sobre mecânica e operação de máquinas, sendo um diferencial benéfico em uma eventual escolha entre candidatos a uma vaga. Conhecimento é poder e uma base sólida é sempre bem-vinda”, acredita a jovem.

    Teoria, prática e empoderamento profissional

    A formação do SENAR-SP agrega informações práticas e teóricas. Além das horas “hands on”, os alunos recebem instrução em aspectos de mecânica, segurança do trabalho e legislação. A atenção às aulas é decisiva para o bom aproveitamento do período e inserção no mercado. “No meu trabalho atual, o curso me ajuda a identificar possíveis avarias ou defeitos que o trator possa apresentar, muitas vezes antes de causar maiores danos ou prejuízos à máquina e consequentemente à empresa”, diz Isabella. Segundo Lucas, o volume de informações é grande, mas com paciência e dedicação, o aproveitamento é total. “Meus principais desafios foram as muitas informações que o próprio equipamento possui, como utilizá-lo efetivamente na prática, mas tudo isso foi muito bem superado graças à orientação paciente e eficaz do professor Luis”, conta.

    Como jovens formados na área, Isabella e Lucas incentivam seus colegas interessados ​​em máquinas agrícolas a buscarem treinamento. “Não podemos ficar paralisados ​​pelo medo de enfrentar desafios. Recomendo a todos que façam cursos de capacitação e estudem muito para ter uma boa formação, buscando o máximo de informação possível para serem grandes profissionais. Dessa forma, eles serão absorvidos e valorizados em um mercado cada vez mais exigente”, diz Lucas. Isabella, por outro lado, destaca o valor da perspectiva feminina na área, ainda dominada pelos homens. “O preconceito só vai diminuir se nós mulheres não deixarmos que outras pessoas nos digam o que devemos ou podemos fazer. Nosso sexo não define nossa carreira, muito menos nossos sonhos”, diz ela. No entanto, a realização dos sonhos exige muita disciplina e estudo, lembra o jovem tratorista. “Devemos buscar sempre educar e treinar, para que a falta de conhecimento ou informação não seja o motivo de não sermos contratados. Esta área está em expansão e oferece muitas oportunidades. É, portanto, uma área em que vale a pena investir”, afirma.



    Fonte: Agro