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MG cria comissão extraordinária contra a gripe aviária

    MG cria comissao extraordinaria contra a gripe aviaria

    O Governo de Minas Gerais instituiu, por meio do Decreto nº 48.657, publicado no último sábado (15/7), o Comitê Extraordinário de Prevenção e Combate à Gripe Aviária de Alta Patogenicidade, de caráter deliberativo, com competência para definir medidas de prevenção a chegada do vírus H5N1 no estado.

    A comissão será presidida pela Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e terá representantes das Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Geral (SG), Saúde (SES), Justiça e Administração Pública Segurança (Sejusp), Planejamento e Gestão (Seplag), além do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que exercerá a função de Secretaria Executiva do comitê, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Polícia Militar de General de Minas Gerais (PMMG). Especialistas e membros de outros órgãos públicos ou privados podem ser convidados a participar das reuniões com o objetivo de fornecer informações técnicas e contribuir para o desenvolvimento de medidas de prevenção e controle do vírus.

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    Ainda de acordo com o decreto, as medidas de prevenção e controle do vírus H5N1 devem preservar o desenvolvimento econômico e social, observar a oportunidade e proporcionalidade das ações de defesa sanitária e zoossanitária, acompanhar a evolução dos riscos com base em dados epidemiológicos, garantir o abastecimento de alimentos e segurança, saúde e bem-estar animal. Para a implementação das medidas, serão promovidas ações de caráter informativo e de orientação à população, municípios e setores produtivos.

    Segundo o diretor técnico do IMA, Guilherme Costa Negro Dias, o objetivo com a criação do comitê é a coordenação integrada das ações de prevenção de doenças em Minas. “Esperamos, com um conselho deliberativo, que medidas integradas sejam adotadas de forma assertiva e efetiva no estado. Desde o final do ano passado, quando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) emitiu uma nota de alerta sobre o vírus na América do Sul, Minas vem conversando com entidades, tanto privadas quanto públicas. Mas agora o objetivo é que as ações de prevenção e enfrentamento sejam integradas entre os órgãos estaduais e federais”, explicou.

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    Nunca houve casos registrados em Minas Gerais. Até o último domingo (16/07), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) já havia registrado 64 focos de gripe aviária de alta patogenicidade, por meio de investigações laboratoriais com resultados positivos. Eles estão concentrados nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Houve 62 confirmações em aves silvestres e duas em aves de subsistência. Nenhuma contaminação comercial de aves foi registrada no Brasil.

    Vale ressaltar que o consumo de carne e ovos de aves é seguro, conforme respaldado cientificamente pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMS), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.

    ações IMA

    Várias ações já foram priorizadas pelo IMA para prevenir a gripe aviária, incluindo vigilância em granjas avícolas, aumento de cadastros e fiscalizações em granjas de subsistência, coleta de material para investigação da doença e divulgação de informações à população. O objetivo é mobilizar os criadores de aves para que adotem medidas sanitárias que evitem o surgimento de surtos de influenza.

    Além de distribuir cartilhas educativas sobre técnicas de biossegurança e boas práticas agropecuárias, o instituto tem realizado testes em fazendas localizadas em municípios identificados pelo Mapa como parte da rota das aves migratórias, principais transmissoras do vírus.

    Para isso, o IMA reuniu uma força-tarefa composta pela Seapa, pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Mapa, pelo Conselho Regional de Veterinária Medicina e pela Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig).

    Desde março, por determinação do Ministério, também está proibida a participação de aves e suínos em eventos como feiras, exposições e torneios, nos quais haja concentração de animais. A suspensão abrange todas as espécies de aves, sejam ornamentais, passeriformes, silvestres, comerciais ou domésticas.

    Além disso, o IMA é responsável por realizar fiscalizações na movimentação de animais, promover vigilância em estabelecimentos de abate, realizar estudos soroepidemiológicos para comprovar aos mercados importadores que não há circulação viral em Minas Gerais e no Brasil (essa ação foi estendida, este ano, a produtores de subsistência) e formação de equipas técnicas.

    Os cerca de 350 veterinários do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) estão preparados para atuar em casos de indícios de gripe aviária no estado. Todos esses profissionais da agência receberam treinamento específico, que começou em março deste ano e terminou na última quarta-feira deste mês de julho.

    Notificações

    O produtor rural deve ficar atento aos sinais de doenças em seus aviários. Alguns sinais são morte súbita das aves ou aumento da mortalidade em um período de 72 horas, depressão severa, apatia, diminuição ou ausência de ingestão de ração e falta de coordenação motora.

    Outro sintoma é a queda drástica na produção de ovos, que podem ser desiguais, como uma casca deformada e fina. Também são observadas hemorragias nas pernas, inchaço ao redor dos olhos, cabeça e pescoço, descoloração roxo-azulada ou vermelho-escura da crista e barbela.

    O H5N1 pode dizimar rebanhos em pouco tempo. Em caso de suspeita, o IMA recomenda que o avicultor faça uma notificação pelo WhatsApp (31) 9 8598-9611, por e-mail ou compareça pessoalmente em uma das unidades do instituto. A lista de endereços eletrônicos e físicos está disponível neste link.

    Medidas preventivas

    A melhor forma de preservar a saúde das fazendas mineiras é se prevenir do vírus. Para isso, o avicultor deve reforçar as medidas de biossegurança. Algumas ações indicadas pelo Ministério da Agricultura para evitar a propagação da doença são:

    1) Fortalecer as estruturas de proteção: Mantenha os aviários, incubatórios, fontes de água e fábricas de ração longe de pássaros silvestres, roedores e outros animais. Garantir, principalmente, que os bebedouros e comedouros estejam livres da presença de aves silvestres.

    2) Restrinja o acesso de pessoas e veículos: evite visitas à fazenda e, se possível, coloque placas de “proibido entrar”.

    3) Providenciar vestiário com espaço para limpeza: disponibilizar local adequado para banho e troca de roupas para os trabalhadores rurais.

    4) Praticar medidas de desinfecção: higienizar rigorosamente os equipamentos e roupas utilizados nos aviários, garantindo a redução do risco de contaminação.

    5) Mantenha a área limpa: não acumule lixo ou entulhos ao redor das fazendas, para evitar a presença de animais indesejados.

    6) Restrinja o acesso a corpos d’água: evite que suas aves reprodutoras acessem lagos, represas, poças ou caixas d’água, que podem ser locais de contaminação. Não forneça água de superfície para suas aves.

    7) Garantir a qualidade da água: manter a higienização adequada da água para beber das aves e para borrifar, com presença mínima de 3 ppm de cloro.

    8) Trate adequadamente o composto: certifique-se de que o material seja tratado corretamente antes de ser utilizado como adubo, evitando a disseminação de possíveis patógenos.

    9) Não atrair aves silvestres: o entorno dos viveiros não deve conter plantações de árvores frutíferas, cereais ou qualquer vegetação atrativa para aves silvestres.

    10) Mantenha registros atualizados: controle a movimentação de pessoas e veículos, permitindo um rastreamento eficiente caso necessário.

    Avicultura em Minas

    Minas Gerais ocupa a terceira e a sexta posições no ranking nacional de produtores de ovos e carne de galinha, segundo a última Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, de 2021. O rebanho avícola no ano foi de 119,4 milhões de cabeças, com participação de 7,8% no total do país. Já a produção de ovos no estado, em 2022, registrou 364 milhões de dúzias, segundo o instituto Chicken Egg Research.

    Os embarques de carne de frango de Minas Gerais para o exterior, em 2022, tiveram receita de US$ 336 milhões, 40% superior ao ano anterior, e cerca de 159 mil toneladas, com crescimento de 9,3%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Os principais destinos do produto foram China (33%), Emirados Árabes Unidos (10%), México (8%), Iraque (5%) e Cingapura (5%).

    A alta demanda se justifica pela escassez de proteína animal no mercado internacional, devido a surtos de gripe aviária em diversos países.

    Por outro lado, as exportações mineiras de ovos e seus derivados, em 2022, registraram receita de US$ 2,4 milhões e volume de 1,8 mil toneladas, com quedas de 4,2% e 16,9%, respectivamente, em relação a 2021. os principais compradores foram: Emirados Árabes Unidos (84%), México (10%) e Omã (6%).

    De janeiro a maio de 2023, foram exportados aproximadamente US$ 7,3 milhões e 4,2 mil toneladas de ovos e derivados, com significativo aumento de 215% em valor e 139% em volume, em relação ao mesmo período de 2022.



    Fonte: Agro