Pular para o conteúdo

Mercado enfrenta ‘banho de sangue’, com margens negativas; há luz no fim do túnel? – Money Times

    Mercado enfrenta banho de sangue com margens negativas ha luz

    Ao longo de 2023, o preço do boi gordo apontou para uma desvalorização de 30%, sendo a commodity que mais desvalorizou; o que fazer? (Imagem: Unsplash/@tumbao1949)

    Os preços do cara gordo continuam caindo nas principais praças do Brasil.

    Nesta semana, o destaque do “De Olho no Boi” é o “banho de sangue” no mercado, com os preços das carnes caindo em todos os segmentos, com produtores e indústrias convivendo com margens ruins dentro do setor.

    Patrocinadores

    Para compreender o quadro actual dos preços, da oferta, da procura e dos custos, o Tempos Agro conversou com Felipe Fabbri, analista de mercado e cadeia produtiva animal da Scot Consultoria, e Magno Cavalcante, gerente comercial de carnes, além de Fernando Iglesias, analista de proteína animal da Safras & Mercado.

    Arroba de boi gordo e preços no atacado

    Segundo Fernando Iglesias, os preços da arroba do boi gordo seguem um forte movimento de recuo, com mínimas dos últimos 40 dias e com os pecuaristas sendo fortemente impactados.

    Patrocinadores

    “As margens da fronteira são bastante negativas, com um cenário complicado e sem perspectiva de ‘luz no fim do túnel’. Há um cenário de ‘banho de sangue’ com preços recuando fortemente”, avalia.

    Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (avançado) 25/atrás. 17/atrás. Variação (%)
    SP-Bauru R$ 205,00 R$ 215,00 -4,65
    Goiás – Goiânia R$ 195,00 R$ 205,00 -4,88
    MG – Uberaba R$ 205,00 R$ 210,00 -2,38
    RO – Vilhena R$ 185,00 R$ 195,00 -5,13
    MT – Cuiabá R$ 195,00 R$ 203,00 -3,94

    Assim, Iglesias destaca que o momento também não favorece os frigoríficos, que, com exceção dos Minerva (BEEF3)apresentou perdas no segundo trimestre de 2023.

    “Quando não lucram com os preços, os frigoríficos são obrigados a reduzir custos. E é isso que as indústrias têm feito, o que resulta nessas quedas para o gado, um cenário sombrio para o mercado”, comenta.

    O especialista diz ainda que o grande problema é a falta de repasses pela queda dos preços no varejo.

    Base de Cortes Atacadista SP – (Safras & Mercado) 25/atrás. 17/atrás. Variação (%)
    frente de casado R$ 12,30 R$ 13,00 -4,96
    bunda casada R$ 16,30 R$ 17,15 -5,38

    “Enquanto o varejo caiu 5-6%, o atacado caiu 20% e a arroba gorda do boi caiu 30%. Com isso, não tem como haver melhora da demanda no mercado interno”, afirma.

    A desvalorização ao longo de 2023 fez com que o preço do boi gordo atingisse o posto de commodity que mais caiu no período.

    Exportações

    Pensando no cenário das exportações para a China, o cenário atual aponta para novas quedas, com a arroba do boi-China a R$ 200 nesta semana. “Não há sinais de melhoria dos preços internacionais, em grande parte devido ao abrandamento da economia chinesa, com o governo a tentar reanimar a economia barateando o crédito, o que não resultou em melhorias concretas, com o yuan a desvalorizar ainda mais”, pontuações.

    Segundo Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, a notícia sobre melhora nos preços pagos pelos asiáticos é infundada.

    “Segundo relatos, a China tem pago entre 4.900 e 5.000 dólares pelos cortes frontais e 4.300 dólares pelos cortes traseiros. Os asiáticos tentaram mesmo exercer pressão descendente sobre estes preços, pois estão conscientes da actual situação de oferta de carne no nosso mercado e, do lado da indústria, com o actual nível de preços, a margem bruta medida pelo equivalente Scot Deboning (que considera que a venda de carnes desossadas, miudezas, couro e sebo e o preço da carne bovina na arroba) atingiu um patamar nunca visto em nossa história (36-37%), o que permitiria um possível ajuste para baixo, se os volumes a serem comprados pelo importador são interessantes”, explica.

    Varejo

    Segundo Magno Cavalcante, a semana apontou para novas compras no varejo, aproveitando a queda nos preços do gado, ainda que sem grandes volumes, mas com necessidade de abastecimento de estoques.

    “Vemos o início da especulação para as negociações na primeira quinzena de setembro, onde a tendência dos consumidores é aproveitar a entrada de salários e vendas promocionais”, explica.

    Dessa forma, os frigoríficos negociam o filé para venda no varejo entre R$ 29 e R$ 33.

    “Com os frigoríficos retraídos nas compras, isso causa insegurança aos pecuaristas, que, pressionados pelos custos de produção, vendem com preços baixos”, pontua.

    O que é o fundo do poço para o boi gordo?

    O analista da Safras & Mercado explica que é difícil vislumbrar um cenário de melhora no curto prazo, mas o que deve ajudar o setor a se manter por conta do último trimestre do ano, que tradicionalmente implica maior demanda.

    “No último trimestre podemos ter um momento melhor para o mercado de boi gordo devido às festividades de fim de ano aqui no Brasil e aos preparativos para o ano novo lunar na China, que resulta em maiores compras por parte dos asiáticos. Mas, para o momento atual, os produtores não veem limite para essas quedas”, analisa.

    Fabbri destaca ainda que relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta queda de 5,1% na demanda chinesa por carne bovina em 2024, o que pode influenciar ainda mais o mercado brasileiro, pensando nas exportações.

    Por fim, Iglesias destaca que o momento é de extrema atenção aos produtores, já que, segundo ele, os pecuaristas não têm tempo para brincar e precisam encontrar soluções.

    Jornal do campo
    Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão?

    Fonte
    Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?
    Escreva para nós nos comentários!

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo