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Mercado de ovos caipiras é promissor em Minas Gerais

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A certificação de produtos agrícolas e agroindustriais garante a qualidade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos, proporcionando maior competitividade dos itens. Entre os benefícios do programa Certa Minas Ovo Caipira estão o respeito ao bem-estar das aves e o acompanhamento das etapas de produção, além da possibilidade de ampliar mercados e garantir credibilidade junto aos consumidores.

Ou seja, com uma melhor gestão da propriedade, o produtor aumenta sua produtividade seguindo padrões mais humanos e boas práticas de produção. Na ponta da cadeia produtiva, o consumidor só ganha ao adquirir um ovo caipira seguro e de alto valor agregado.

É o caso de uma fazenda em Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais, que recentemente ganhou o selo do Programa, sendo a primeira agroindústria familiar do estado a obter o certificado de produtora de ovos caipiras concedido à propriedade pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), sob coordenação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). A granja possui 4.000 galinhas poedeiras e uma produção diária de 334 dúzias de ovos.

Segundo Maurício Pontes, veterinário e auditor do IMA, em 2021, o produtor procurou a Gerência de Certificação buscando informações sobre as etapas e documentos específicos necessários para a obtenção da certificação, vislumbrando que esse processo lhe proporcionaria um produto diferenciado para o mercado de ovos e que permitem a agregação de valores diante de um consumidor cada vez mais exigente e bem informado.

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“De modo geral, a granja e o armazém de ovos atenderam satisfatoriamente aos padrões presentes no relatório de auditoria, superando o limite mínimo de 80% para que a certificação seja recomendada. Antes da auditoria, por meio da verificação do memorial descritivo das medidas higiênico-sanitárias, tecnológicas, de produção e da leitura do Manual de Boas Práticas de Produção, constatou-se a necessidade de realizar algumas adequações no local. Conforme corrigido durante a auditoria, a fazenda atendeu a todas as normas obrigatórias de rastreabilidade documental, bem-estar animal, manejo, nutrição, instalações, calendários sanitários, normas socioambientais, transporte e armazenamento de ovos”, lembra Pontes.

Prontamente, o auditor repassou as informações necessárias e o endereço do site do IMA (www.ima.mg.gov.br), bem como explicou o passo a passo para obtenção do selo do Programa de Minas de Certificação. Na ocasião, por motivos pessoais do produtor, a certificação não foi obtida. No ano de 2022, em meados de outubro, o IMA recebeu do produtor o pedido formal de certificação do escopo ovo caipira via BPMS. Todas as etapas, desde o envio do requerimento até a emissão do certificado, ocorreram de forma digital. A certificação foi adquirida em 60 dias.

“O produtor já tinha o prontuário do depósito de ovos junto à fiscalização sanitária do IMA. Se não tivesse, a certificação não teria ocorrido, pois esse é um dos padrões obrigatórios para sua obtenção”, complementa o médico veterinário.

Desenvolvimento sustentável

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Mais do que boas práticas agrícolas, o Certify Minas traz desenvolvimento sustentável dentro das propriedades, o que significa produção sem dicotomia com a pauta ambiental, ou seja, as técnicas utilizadas respeitam as condições de conservação do solo, ar e água, além do respeito social aos trabalhadores. O Programa é um marco, pois é realizado como política pública, já que as auditorias do IMA são totalmente gratuitas para os agricultores familiares.

“Constatamos, principalmente em Minas Gerais, que há uma busca dos consumidores por produtos que convergem com a trajetória cultural e tradições do estado, sendo um deles o ovo caipira, automaticamente associado pelo consumidor a galinha caipira e ovos de maior valor. nutritivo. E é exatamente isso que propomos com a certificação de ovos caipiras. Frangos criados soltos em piquetes, onde podem expressar o comportamento normal da espécie, tendo acesso a uma alimentação exclusivamente vegetal: ração à base de milho, soja e uma mistura de vitaminas e minerais, além de gramíneas e insetos como alternativa fonte de alimento nos piquetes. Isso acentua o sabor e as características nutricionais do ovo”, analisa Pontes.

O auditor destaca que todo o processo de valorização do bem-estar animal e fornecimento de alimentação diferenciada às aves ocorre de acordo com rígidos padrões higiênico-sanitários, o que garante a integridade dos animais e a inocuidade do produto final.

Critérios, adaptações e benefícios

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Pontes atribui a inclusão e expansão do ovo caipira no mercado mineiro como algo fundamental para toda a cadeia produtiva do ovo, pois com a certificação o produtor não só tem ganhos com a agregação de valores financeiros, mas com todo um contexto de melhoria na gestão do imóvel. “A certificação dá garantias aos produtores e consumidores, entre as quais manutenção do bem-estar animal, aves criadas soltas em piquetes, linhas de aves mais rústicas, maior resistência a doenças e maior adaptabilidade ao clima. Além disso, garante um manejo adequado e uma alimentação mais rica em nutrientes e sem uso de intensificadores de desempenho, como antibióticos, processamento, armazenamento e transporte de ovos, seguindo rígidos padrões higiênico-sanitários”, enumera.

Entre os critérios exigidos no check-list do IMA estão a elaboração de memorial descritivo (estrutura e funcionamento da fazenda) e assistência técnica. Para o cadastramento do almoxarifado foram elaboradas a planta baixa e o memorial descritivo econômico, sanitário e construtivo, além da rotulagem e treinamento.

Exige-se como documento o memorial descritivo das medidas higiênico-sanitárias, tecnológicas e de produção, ou seja, um manual a ser encaminhado juntamente com o pedido de certificação. “Tal documento permite verificar a realidade da fazenda como um todo, como se fosse um ‘espelho’ da unidade de produção, pois deve conter questões como manejo animal, nutrição, dimensionamento de infraestrutura, questões socioambientais, medidas de destinação de aves mortas e ovos impróprios para consumo, entre outros fatores”, explica.

Por meio deste documento é feita uma leitura da fazenda, verificando se há necessidade de adequações para atender as normas presentes no relatório de auditoria ou se será viável a realização da auditoria.

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Produção, mercado e consumo

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dados de produção de todos os tipos de ovos (dezenas) no Brasil e nos principais estados produtores, de 2000 a 2020 (IBGE, 2022) revelam que a produção de ovos nestes 21 anos aumentou em 138,54%, passando de 1.663 milhões de dezenas para 3.967 milhões de unidades. Como a população brasileira cresceu apenas 25,63% no mesmo período, consequentemente a produção per capita passou de 9,79 dúzias (ou 117,48 unidades) em 2000 para 18,60 dúzias (223,20 ovos) em 2020. A produção de ovos está distribuída em todos os estados da Federação, o Os principais estados produtores em 2020 foram São Paulo (28,81%), Paraná (9,10%) e Minas Gerais (8,87%). A produção de ovos para consumo vem principalmente dos estados de SP, ES e MG.

“O que vemos são consumidores comprando ovos ditos ‘caipiras’, mas sem informações sobre a forma de criação das aves. E, ainda por cima, vendidos sem o selo de fiscalização sanitária. Ou seja, percebe-se uma grande comercialização de ovos “caipiras” ligados à informalidade, sendo o baixo preço de venda atrativo para o consumidor”, observa.

Maurício Pontes reforça que para um ovo ser considerado caipira, é necessário seguir alguns pré-requisitos para criação de aves poedeiras, a saber: galinhas de linhagens específicas com maior rusticidade e resistência às intempéries; criação livre e solta e em piquetes; alimentação exclusivamente vegetal com acesso a pastagens; respeito pela legislação de bem-estar animal e sanidade avícola; e ninhos dispostos dentro dos galpões e com livre acesso às aves.

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Quanto ao consumo de ovos caipiras, ainda não há estimativas oficiais sobre o mercado, produção e consumo. “Como o ovo caipira está intimamente associado ao artesanato, cultura e tradição mineira, o estado é provavelmente o maior produtor e consumidor, mas ainda não há como dizer. Podemos dizer que é um cenário novo e promissor, uma tendência de aumento da demanda e oferta desse produto”, sinaliza.

cartilha

O produtor de ovos caipiras interessado em obter a certificação pode conferir um passo a passo com linguagem leve e simples, baixando gratuitamente uma cartilha educativa neste link: http://ima.mg.gov.br/institucional/publicacoes

Além dos produtores de ovos caipiras, a certificação do Programa Certa Minas, coordenado pela Seapa, também pode ser obtida para outros produtos: Algodão, Cachaça, Produtos Sáb, Produtos Orgânicos, Frutas, Verduras, Azeites, Queijos Artesanais, Carnes, Leite, Frango Caipira, Ovo Caipira e Mel.

Programa Certificar Minas

O interessado deve possuir registro estadual em Minas Gerais, requerer a certificação no IMA, firmar contrato e receber auditorias nos empreendimentos cadastrados no Certa Minas, além de pagar as taxas de certificação, quando aplicável.

O certificado tem validade de um ano, podendo ser revalidado, de acordo com o interesse do produtor, após novas auditorias do IMA, órgão certificador oficial do estado.

Todo o processo de certificação é gratuito para os produtores da Agricultura Familiar.



Fonte: Agro

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