Pular para o conteúdo

Menos dependência da China limita preço do suíno.

    Enquanto dependência da China diminui, ciclo de abate de bovinos limita subida do preço do suíno

    Sumário

    1. Mudanças no mercado de exportação de carne suína

    1.1 Redução da participação da China

    1.2 Aumento das exportações para Filipinas, Vietnã e México

    2. Aumento do abate de bovinos e sua influência no preço das carcaças suínas

    3. Ciclo Pecuário e expectativas para a oferta de carne bovina

    4. Tendências de preços das proteínas no último trimestre de 2023

    5. Mercado de milho em alta

    5.1 Redução da área plantada e projeção de menor colheita

    5.2 Aumento das exportações e impacto nos preços

    5.3 Perspectivas para o estoque de passagem e as cotações

    6. Impacto do mercado de milho nos custos da suinocultura

    7. Previsões para a demanda de carne suína e os custos de produção no último trimestre de 2023

    Introdução

    Depois de alguns anos de crescimento da produção e disponibilidade interna de carne suína, o ano de 2023, que já se encaminha para o fim, será marcado por mudanças significativas no mercado. A redução da dependência da China nas exportações, o aumento do abate de bovinos e a alta do mercado de milho são alguns dos elementos que afetam os preços e a produção de carne suína. Neste post, iremos analisar essas tendências e suas consequências para a suinocultura no último trimestre de 2023.

    Depois de alguns anos de crescimento da produção e disponibilidade interna de carne suína, o ano de 2023, que já se encaminha para o fim, será marcado pela desaceleração da oferta e redução dos custos da alimentação dos animais. No mercado de exportação parece que também temos uma mudança importante em curso: a redução efetiva da dependência da China com uma maior pulverização dos embarques. No acumulado do ano (janeiro a setembro), o volume total exportado de carne suína in natura supera em quase 10% o ano passado (tabela 1).

    Patrocinadores

    Quando se analisa o destino das exportações, nestes primeiros 9 meses a China manteve praticamente o mesmo volume de compras de nossa carne suína do mesmo período do ano passado. Porém, ao se analisar os meses de agosto e setembro/23 é possível perceber uma forte redução absoluta e percentual do gigante asiático nas nossas vendas externas, bem como uma queda significativa no preço médio em dólar (tabela 2). No comparativo entre os bimestres dos dois anos é possível identificar, além da redução da participação chinesa, um aumento significativo de embarques para dois outros países asiáticos (Filipinas e Vietnã), e o aparecimento de um dos maiores importadores mundiais de carne suína na sexta colocação: o México (tabela 2).

     A China, que chegou a representar mais de 50% de nossas exportações, já vinha dando sinais de redução na participação percentual ao longo deste ano, entretanto, pela primeira vez desde que ela se tornou efetivamente o maior comprador do Brasil, por dois meses consecutivos representou menos de 1/3 dos embarques (tabela 3).

    Patrocinadores

    Ainda não foram publicados dados oficiais de abate do segundo semestre de 2023, mas estimativas extraoficiais (gráfico 1) de abate de janeiro a agosto/23 indicam um aumento acumulado em relação ao ano passado de pouco mais de 1%. Com o aumento das exportações neste mesmo período, a disponibilidade interna estimada de carne suína praticamente se mantém nos patamares do ano passado.

    Entretanto, quando se faz a mesma análise para a carne BOVINA, a situação é bem diferente, com aumento considerável do abate de bovinos (gráfico 2) e pequena redução das exportações (tabela 4).

     

    No balanço da carne bovina, a disponibilidade interna acumulada de janeiro a agosto de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado aumentou em pouco mais de 455 mil toneladas (+8,7%). Esta diferença projetada para o consumo per capita, representa um incremento do consumo de carne bovina no ano da ordem de mais de 3,3 kg por habitante. Um valor bastante significativo para uma população que consome anualmente em torno de 90 kg das três proteínas somadas.

    Reside justamente neste aumento de oferta de carne bovina, com o consequente barateamento desta proteína, um dos fatores mais importantes na limitação da reação dos preços do suíno. Basta analisar a competitividade da carcaça suína ao longo deste ano, cujo preço se aproximou muito da carcaça bovina (tabela 5), sendo que o mês de setembro/23 foi o de menor diferença entre as duas proteínas. Cabe lembrar que quanto mais alta a relação percentual boi-suíno, mais competitiva é a carne suína.

     A pergunta é: “até quando a oferta de carne bovina estará em alta?”. A resposta não é simples, mas é preciso entender a importância do chamado “Ciclo Pecuário”, em que a retenção de fêmeas no passado determinou maior disponibilidade de animais para o abate no presente, e que este movimento está relacionado ao preço. Conforme o gráfico 3, este ciclo de alta de abate pode durar de 2 a 3 anos, como foi de 2017 a 2019, portanto, o recente crescimento de abate de bovinos que se observou em 2022 e que continua em 2023, pode estabilizar ou permanecer subindo em 2024, tendo as exportações como mais um fator determinante do preço das carcaças.

    Ao chegar no último trimestre do ano, período em que a demanda por proteína, principalmente a suína, aumenta para atender aos festejos natalinos, e analisando as cotações das três proteínas neste início de outubro, embora sejam poucos dias, já se percebe um viés de alta nas cotações do boi e do frango, mas o suíno ainda se encontra estável (gráficos 4, 5 e 6).

     

     

    Depois de meses de baixa, mercado de milho mostra sinais de alta

    A CONAB divulgou dia 10/10 o primeiro levantamento da safra 2023/24 que traz, em relação à safra 2022/23, redução da área plantada de milho da ordem de – 6,7% na safra verão e de – 4,5% na segunda safra, com previsão de um total de 119,4 milhões de toneladas a serem colhidas, contra 131,9 milhões da safra 2022/23, ou seja, 12,5 milhões de toneladas a menos (tabela 6).

    Nos gráficos 7 e 8, a seguir, é possível visualizar o comportamento das cotações do milho nos últimos meses em Campinas (SP). Depois de despencar de um patamar de mais de R$ 80,00 por saca de 60kg no primeiro trimestre e se manter, entre junho e setembro ao redor de R$ 55,00 (gráfico 7), nos últimos 30 dias úteis (gráfico 8) apresenta forte tendência de alta, saindo de R$ 53,44 para R$ 59,96 a saca (até o dia 09/10).

     

    Parte desta pressão de alta se deve às exportações de milho, rumando para novo recorde. Enquanto a CONAB projeta encerrar este ciclo de embarques em 52 milhões de toneladas (tabela 6), os números acumulados do ano indicam que este número poderá ser ultrapassado conforme a tabela 7, que demonstra nos últimos meses, embarques bastante volumosos de milho, bem superiores ao mesmo período do ano passado. Se nos próximos meses (de outubro/23 a janeiro/24) forem embarcados volumes iguais aos dos mesmos meses anteriores, o volume exportado chegará em quase 53 milhões de toneladas, porém, na primeira semana de outubro a Secex registrou um embarque de 2.347.943 toneladas, o que representa 469,6 mil toneladas por dia útil (31% a mais que outubro de 2022). Ou seja, pode ser que as exportações do período ultrapassem a marca das 55 milhões de toneladas, colocando ainda mais pressão nos preços e reduzindo consideravelmente o estoque de passagem.

    Na tabela 8, são apresentados os valores do milho brasileiro exportado em REAIS, mês a mês, indicando o preço de exportação (R$/saca de 60kg) em relação às cotações do mercado interno (spread).

    É preciso ficar atento aos volumes exportados de milho pois, embora exista um estoque robusto deste cereal em função da supersafra colhida este ano, a próxima safra (verão) ainda está em período de plantio para ser colhida a partir de fevereiro/24, e uma redução no estoque de passagem pode pressionar bastante as cotações, visto que a segunda safra que é a mais volumosa ainda está muito longe.

    O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que a oferta elevada de carne bovina no mercado doméstico foi um dos grandes empecilhos para o aumento dos preços pagos ao suinocultor, visto que a disponibilidade interna de carne suína este ano tem sido praticamente a mesma do ano passado. “Para os próximos meses é esperada uma maior demanda por carne suína, visando os festejos de final de ano. Isto pode trazer preços melhores no último trimestre. Por outro lado, os custos que vinham em baixa desde o segundo trimestre, com a supersafra brasileira de milho, tendem a começar a sofrer pressão de alta, motivada pela exportação recorde deste cereal e pelo intervalo até a colheita da safra verão”. Para ele o suinocultor deve ficar atento ao fim da janela de melhor preço para compra de milho e observar os movimentos de demanda do mercado de carnes até o fim do ano, buscando valorizar ao máximo seu produto.

     

    Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?

    Desaceleração da oferta e redução dos custos da alimentação dos animais marcam o mercado de carne suína em 2023

    O ano de 2023 está se encaminhando para o fim e é marcado por uma desaceleração da oferta e redução dos custos da alimentação dos animais no mercado de carne suína. Após alguns anos de crescimento, a produção e disponibilidade interna de carne suína estão diminuindo. Além disso, o mercado de exportação também está passando por mudanças significativas, com a redução da dependência da China e uma maior diversificação dos embarques para outros países asiáticos, como Filipinas e Vietnã. O México também se destaca como um dos maiores importadores mundiais de carne suína.

    Redução da dependência da China e aumento das exportações de carne suína

    No acumulado do ano, o volume total exportado de carne suína in natura supera em quase 10% o ano passado. Analisando o destino das exportações nos primeiros 9 meses do ano, a China manteve praticamente o mesmo volume de compras em comparação ao mesmo período do ano passado. No entanto, nos meses de agosto e setembro, é possível perceber uma forte redução absoluta e percentual do gigante asiático nas vendas externas, bem como uma queda significativa no preço médio em dólar. Comparando os bimestres dos dois anos, além da redução da participação chinesa, há um aumento significativo de embarques para Filipinas e Vietnã, e o México ocupa a sexta posição como um dos maiores importadores mundiais de carne suína.

    Redução da participação percentual da China nas exportações de carne suína

    A China, que já chegou a representar mais de 50% das exportações de carne suína, vem apresentando uma redução na participação percentual ao longo deste ano. Pela primeira vez desde que se tornou o maior comprador do Brasil, a China representou menos de 1/3 dos embarques por dois meses consecutivos.

    Aumento do abate de bovinos e redução das exportações de carne bovina

    Em contraste com a situação da carne suína, o abate de bovinos tem aumentado consideravelmente, enquanto as exportações estão sofrendo uma redução. No balanço da carne bovina, a disponibilidade interna aumentou em pouco mais de 455 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa um aumento do consumo per capita de carne bovina de mais de 3,3 kg por habitante. Esse aumento da oferta de carne bovina, com o consequente barateamento dessa proteína, tem limitado a reação dos preços do suíno.

    Perspectivas para o mercado de carne bovina

    É importante ficar atento ao ciclo pecuário, que determina a oferta de animais para o abate. O recente crescimento do abate de bovinos observado em 2022 e que continua em 2023 pode se estabilizar ou continuar aumentando em 2024, tendo as exportações como um fator determinante do preço das carcaças. A demanda por proteína, principalmente a suína, tende a aumentar no último trimestre do ano para atender aos festejos natalinos, o que pode trazer preços melhores para os suinocultores.

    Mercado de milho mostra sinais de alta

    O mercado de milho também está passando por mudanças significativas. Segundo a CONAB, há previsão de redução na área plantada de milho em relação à safra passada, o que pode resultar em uma diminuição da produção. Além disso, as exportações de milho estão rumando para um novo recorde, o que tem pressionado os preços do cereal para cima.

    Exportações volumosas e pressão nos preços do milho

    Os embarques de milho nos últimos meses têm sido bastante volumosos, superando o mesmo período do ano passado. Se esse padrão continuar nos próximos meses, é possível que o volume exportado de milho ultrapasse a marca das 55 milhões de toneladas, colocando ainda mais pressão nos preços e reduzindo consideravelmente o estoque de passagem. É importante ficar atento aos volumes exportados, pois uma redução no estoque de passagem pode pressionar as cotações do milho.

    Importância do preço do milho na suinocultura

    O presidente da ABCS destaca a importância do preço do milho na suinocultura. A oferta elevada de carne bovina tem sido um empecilho para o aumento dos preços pagos ao suinocultor, e a disponibilidade interna de carne suína tem se mantido praticamente a mesma do ano passado. Para os próximos meses, é esperada uma maior demanda por carne suína devido aos festejos de final de ano, o que pode trazer melhores preços. No entanto, os custos de produção estão começando a sofrer pressão de alta devido à exportação recorde de milho e ao intervalo até a colheita da safra de verão. Os suinocultores devem ficar atentos ao mercado de carnes e aos preços do milho para aproveitar ao máximo seu produto.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Conclusão

    O ano de 2023 será marcado pela desaceleração da oferta e redução dos custos da alimentação dos animais na produção de carne suína. Além disso, o mercado de exportação também apresenta mudanças importantes, com a redução da dependência da China e um aumento nas exportações para outros países asiáticos. Por outro lado, a oferta de carne bovina está em alta, o que limita a reação dos preços da carne suína. A demanda por proteína, principalmente a suína, costuma aumentar no último trimestre do ano. No entanto, é preciso ficar atento aos preços do milho, que podem começar a sofrer pressão de alta devido à exportação recorde desse cereal.

    Perguntas e Respostas

    1. Qual será a principal mudança no mercado de exportação de carne suína em 2023?

    A principal mudança no mercado de exportação de carne suína em 2023 é a redução da dependência da China, com um aumento nas exportações para outros países asiáticos.

    2. Qual foi a participação da China nas exportações de carne suína nos primeiros 9 meses de 2023?

    A China manteve praticamente o mesmo volume de compras de carne suína dos primeiros 9 meses do ano anterior. No entanto, houve uma forte redução do gigante asiático nas vendas externas nos meses de agosto e setembro/23.

    3. Qual foi o aumento acumulado do abate de suínos em relação ao ano passado?

    O abate de suínos aumentou pouco mais de 1% em relação ao ano passado, de acordo com estimativas extraoficiais de abate de janeiro a agosto/23.

    4. Por que a oferta de carne bovina está em alta e como isso afeta os preços da carne suína?

    A oferta de carne bovina está em alta devido ao ciclo pecuário, que determina maior disponibilidade de animais para o abate. Isso afeta os preços da carne suína, pois a competição entre as duas proteínas aumenta quando a relação percentual boi-suíno é alta.

    5. Como as exportações de milho podem afetar os preços e estoques deste cereal?

    As exportações de milho estão rumando para um novo recorde, o que pode pressionar os preços e reduzir consideravelmente o estoque de passagem. Embora haja um estoque robusto de milho devido à supersafra deste ano, a redução no estoque de passagem pode impactar as cotações, especialmente porque a próxima safra ainda está longe de ser colhida.

    Verifique a Fonte Aqui