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A inteligência artificial aumenta a eficiência no manejo de pragas

Os insetos causam cerca de 8% da redução na produtividade das lavouras, gerando um prejuízo anual de US$ 15 bilhões, segundo pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“A cada ano, cerca de 5 milhões de toneladas de mais de 600 tipos diferentes de partículas químicas são aplicadas em lavouras em todo o mundo, mas apenas 1% é eficaz”, disse o diretor executivo (CEO) da Tarvos, Andrei Grespan.

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Como resultado, 99% dos agrotóxicos pulverizados são lançados no solo, água, ar e até mesmo inadequadamente absorvidos por plantas e animais.

Além dos problemas de saúde e ambientais, existe o risco de que as pragas se tornem resistentes aos pesticidas porque muitos produtores estão pulverizando demais ou na hora errada.

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Como consequência, as pragas-alvo tornam-se resistentes a um determinado produto químico, tornando-o ineficaz para uso futuro.

A abordagem clássica de monitoramento de pragas é baseada na colocação de armadilhas manuais em áreas infestadas.

“Essa estratégia exige alto custo de mão de obra e baixa resolução espacial e temporal”, avaliou Grespan.

O método requer contagens manuais frequentes, o que atrasa a análise dos dados.

Armadilhas inteligentes atraem insetos com feromônios e possuem uma câmera que registra as pragas capturadas e transmite os dados via satélite.

Algoritmos de reconhecimento de imagem permitem o monitoramento de pragas em tempo real e online, medindo a dinâmica populacional de insetos de forma constante e simultânea.

As informações coletadas, com os campos mais suscetíveis a pragas, são entregues via WhatsApp, com relatório personalizado para auxiliar na tomada de decisão sobre o uso de insumos químicos ou biológicos na melhor janela de aplicação possível.

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A tecnologia monitora as principais espécies de pragas que afetam as lavouras brasileiras.

O sistema identifica insetos com precisão de até 98% no reconhecimento dos adultos do Spodoptera frugiperda (lagarta do cartucho) e Helicoverpa armigera.

A lagarta-do-cartucho causa grandes danos às lavouras de algodão, soja, trigo, tomate, arroz e outros vegetais.

Além disso, outras oito espécies de lagartas desfolhadoras também podem ser monitoradas com a tecnologia, como a Chrysodeixis includens (lagarta de medição falsa da soja) e a tuta absoluto (mariposa do tomate).

As armadilhas inteligentes não precisam de infraestrutura pré-existente na propriedade rural para começar a funcionar, pois o equipamento possui comunicação via satélite e sistema de geração de energia solar.

“A instalação é do tipo plug-and-play, ou seja, basta instalar o equipamento em campo e ele começa a operar imediatamente”, explicou Grespan.

A solução é utilizada por pequenos produtores, cooperativas agrícolas e até multinacionais.

“Nossa base de cobertura é de 180 mil hectares e devemos chegar a 300 mil até o pico da safra de verão, em dezembro”, comentou o CEO da Tarvos.

As áreas estão localizadas no Brasil e no Paraguai e, em 2023, a empresa pretende introduzir a tecnologia na Argentina e na Bolívia.

A IA contribui para uma produção mais sustentável, pois, nos métodos tradicionais, a tomada de decisão pode ir além da “janela de tempo” ideal para aplicação de agrotóxicos.

“Se os produtores fossem alertados em tempo real quando o número de pragas atingisse níveis econômicos, a eficiência dos inseticidas aumentaria em mais de 30%”, calculou Grespan.

As armadilhas inteligentes reduzem as viagens necessárias para manutenção e monitoramento, o que significa reduzir diretamente o consumo de combustível e as emissões de dióxido de carbono (CO2).

“Em média, nossas armadilhas já economizaram mais de 50.000 quilômetros de viagem e 2.500 horas de trabalho manual”, disse o CEO.

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