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Ibovespa fecha em baixa com ruídos sobre meta de inflação; BB sobe

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em baixa nesta terça-feira, em meio a um persistente desconforto com o risco de elevação das metas de inflação no país, enquanto o Banco do Brasil desacelerou e avançou mais de 2% na sequência de um resultado robusto no quarto trimestre e previsões positivas.

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Os investidores também repassaram os dados da inflação nos Estados Unidos, que, embora não endossassem as apostas em aumentos mais agressivos dos juros norte-americanos, não colaboravam com as apostas em um ciclo menos restritivo, pois mostravam os preços ao consumidor ainda em patamar elevado.

Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 0,91%, a 107.848,81 pontos. O volume financeiro somou 24 bilhões de reais.

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Em meio às recentes especulações sobre mudanças na meta de inflação, chamaram a atenção no início do pregão as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na véspera, de que o BC não propôs ao governo um aumento na meta de inflação, mas tem sugestões para melhorar o mecanismo.

As declarações foram feitas em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem atacando o desempenho do BC, assim como a taxa Selic. Campos Neto disse no programa Roda Viva, da TV Cultura, que entende a pressa de Lula, mas que é difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada.

Na visão de Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3, Campos Neto adotou um tom “tranquilizador”, que considerou positivo, principalmente por ser o primeiro presidente do Banco Central após a aprovação da autonomia da autoridade monetária e que transita entre dois governos.

Nesta terça-feira, Campos Neto afirmou que o sistema de metas de inflação funciona bem e não é hora de experimentar. E fez um aceno ao governo, afirmando que é justo o Executivo questionar o nível de juros e que precisa haver um pouco mais de “boa vontade” com a nova gestão.

Mas as declarações não foram suficientes para mais uma sessão positiva da bolsa paulista, já que, conforme citado pelo especialista da Blue3, há outros elementos na mesa, incluindo a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira e dúvidas sobre o que realmente será feito e o que será narrativo.

A primeira reunião do CMN no governo Lula acontece no dia 16 e virou foco de atenção em meio aos ruídos envolvendo a meta de inflação – que é definida pelo colegiado, formado pelo ministro da Fazenda e Planejamento e pelo presidente do Banco Central.

Segundo Nayara Mota, economista comportamental da Quattro Investimentos, os investidores temem que qualquer flexibilização da meta de inflação para reduzir a taxa de juros também reflita mudanças no comando do BC.

No final da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a meta de inflação não está na pauta do CMN.

No exterior, o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos aumentou 0,5% no mês passado, após alta de 0,1% em dezembro, em linha com as expectativas.

Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, os números não afetaram fortemente as expectativas de juros no curtíssimo prazo. Particularmente, ele disse que achou o dado ruim, pois mostra mais inflação, mas considerou que alguns dados recentes já vinham alimentando as expectativas.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou praticamente estável.

DESTAQUES

– BANCO DO BRASIL ON avançou 2,34%, para 41,55 reais, após divulgar na véspera aquele lucro recorrente de outubro a dezembro de 9 bilhões de reais, acima das expectativas. O BB também projeta lucro ajustado de 33 bilhões a 37 bilhões de reais para 2023. Analistas avaliaram positivamente o balanço e o guidance. O JPMorgan elevou a recomendação das ações para “overweight”, bem como o preço-alvo das ações em 56 reais. Na máxima, as ações chegaram a 41,55 reais. No setor, o ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,24% e o BRADESCO PN recuou 0,91%.

– CARREFOUR BRASIL ON subiu 2,92%, para R$ 14,45, mesmo após registrar queda de 28,2% no lucro líquido ajustado do quarto trimestre em relação ao ano anterior, pressionado pelos custos de conversão das lojas adquiridas do BIG e maiores despesas financeiras, enquanto o as vendas avançaram 36,3%. Até a véspera, as ações acumulavam queda de 14,65% em fevereiro. No setor, o GPA teve valorização de 0,55%. A varejista controlada pelo French Casino divulga seu balanço no dia 27 de fevereiro, após o fechamento do mercado.

– A RAÍZEN PN, que divulga balanço após o fechamento, perdia -7,45%, para 2,98 reais. No setor, a SÃO MARTINHO ON recuou 4,76%, para 26,61 reais, após queda no lucro líquido trimestral, para 429,7 milhões de reais. A sucroalcooleira também divulgou Ebitda ajustado de 774,9 milhões de reais no terceiro trimestre da safra 2022-2023, queda de 13,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, com margem Ebitda ajustado caindo de 58,3% para 50,5%. O BTG Pactual avaliou que os resultados do período foram fracos, mas não surpreendentes.

– B3 ON fechou em queda de 4,03%, a 11,44 reais, entre os maiores pesos negativos do Ibovespa. A empresa de infraestrutura do mercado financeiro divulga seus resultados do quarto trimestre na quarta-feira, após o fechamento do mercado.

– A ELETROBRAS ON recuou 3,68%, para 35,29 reais, depois que a Advocacia-Geral da União (AGU) iniciou um estudo sobre o que pode ser feito legalmente para questionar pontos da privatização da energia elétrica, segundo a Agência Brasil. A ação da AGU atende ao pedido de Lula, que afirmou recentemente que o processo de privatização teria sido “errático” e “quase como banditismo”. Neste ano, o estoque caiu mais de 16%.

– PETROBRAS PN fechou com variação negativa de 0,37%, a 26,7 reais, em mais uma sessão de queda do preço do petróleo no exterior, com o Brent recuando 1,19%, a 85,58 dólares o barril. No setor, a PRIO ON caiu 2,81% e a 3R PETROLEUM ON perdeu 4,94%.

– O VALE ON subiu 0,45%, para 87,10 reais, favorecido pela alta dos contratos futuros de minério de ferro em Dalian, na China. A mineradora brasileira também comprou de volta uma participação de 30% na Vale Oman detida pela OQ, empresa estatal de energia de Omã, informou a agência de notícias estatal do país. A empresa também planeja divulgar seus resultados trimestrais em 16 de fevereiro.



Fonte: Noticias Agricolas

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