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Ibovespa fecha em baixa com blue chips em dia de Fed e Copom

    Ibovespa fecha em baixa com Bolsonaro fazendo barulho em mercado scaled

    Por Paula Arend Laier

    SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em queda de mais de 1% nesta quarta-feira, com as blue chips entre as maiores pressões de baixa, com destaque para a Vale, enquanto nos Estados Unidos o banco central reduziu o ritmo de aperto monetário, mas prometeu “aumentos contínuos” nas taxas de juros.

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    Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 1,2%, a 112.073,55 pontos. Na pior, chegou a 110.729,47 pontos. No máximo, 113.597,64 pontos. O volume financeiro totalizou 29,12 bilhões de reais.

    A queda nesta sessão ocorreu após o Ibovespa encerrar o primeiro mês do ano com valorização de 3,6%, em desempenho sustentado principalmente pelo fluxo de capitais externos.

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    Na avaliação de Gustavo Neves, especialista em ações da Blue3, algumas ações da bolsa paulista tiveram altas expressivas nas últimas semanas e estão recuando um pouco.

    Ele citou que a decisão do Federal Reserve de elevar sua meta de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira ficou dentro do esperado, mas chamou a atenção para a sinalização do Banco Central dos EUA de que, apesar do alívio nos últimos anos, a inflação continua alta.

    No comunicado que acompanhou a decisão, o Fed disse que “a inflação diminuiu um pouco, mas continua alta”, além de dizer que a economia dos EUA está desfrutando de “crescimento modesto” e ganhos “robustos” de empregos e que os formuladores de políticas do banco dos EUA permanecem ” altamente consciente dos riscos de inflação”.

    “O Comitê (de Política Monetária) antecipa que os aumentos contínuos na meta serão apropriados para alcançar uma postura de política monetária suficientemente rígida para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, acrescentou o Fed, que elevou a taxa para um intervalo entre 4,50 % e 4,75%.

    Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,05%.

    Os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo ainda aguardam o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil nesta quarta-feira. Como a expectativa é de que a Selic fique em 13,75% ao ano, o foco estará no anúncio que acompanha a decisão, principalmente no cenário fiscal.

    O mercado, segundo Leandro De Checchi, analista de investimentos da corretora Clear, deve monitorar os sinais da autoridade monetária relacionados ao equilíbrio fiscal e à avaliação do balanço de riscos que tende a orientar a ancoragem das expectativas de inflação.

    “O cenário atual favorece um tom mais duro do Copom, e deve dificultar, pelo menos no curto prazo, o alívio de algum aperto monetário”, avaliou.

    DESTAQUES

    – VALE ON caiu 1,11%, para R$ 93,46, após dados mostrarem queda na produção de minério de ferro no quarto trimestre, com o resultado do ano ficando abaixo da meta revisada recentemente pela empresa. Analistas destacaram positivamente os números de vendas na comparação trimestral, já que na comparação anual também houve queda, assim como no desempenho de 2023. Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian, para maio , encerrou os negócios em queda de 0,7%, para 867 iuanes (US$ 128,51) a tonelada.

    – UNIDADE SANTANDER BRASIL fechou com queda de 5,53%, a 27,35 reais, pior desempenho do setor no Ibovespa, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre na quinta-feira, em meio a perspectivas de números nada animadores e cautela com as projeções do banco para 2023. Um dos focos de atenção serão os dados referentes à exposição da instituição à Americanas, bem como possíveis provisões relacionadas ao caso. A expectativa é que as provisões dos grandes bancos listados por causa dos problemas da Americanas possam ultrapassar R$ 4,5 bilhões já no resultado do último trimestre do ano passado.

    – ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,32%, para R$ 24,98, e BRADESCO PN recuou 1,93%, para R$ 13,75, enquanto o BANCO DO BRASIL ON perdeu 1,2%, para R$ 40,21. O BTG Pactual substituiu as ações do Itaú por ações do BB, entre outras mudanças, em sua carteira recomendada 10SIM para fevereiro, alegando que estão mais baratas, assim como esperam que o BB apresente os melhores resultados do último trimestre de 2022 entre os grandes bancos brasileiros.

    – PETROBRAS PN recuou 1,38%, a 25,71 reais, sucumbindo à queda do preço do petróleo no exterior, onde o contrato do Brent fechou em baixa de 3%, a 82,84 dólares o barril. A empresa informou que recebeu na terça-feira da Shell o valor de 347 milhões de reais referente ao complemento de compensação firme (earnout) referente ao exercício de 2022 do bloco Atapu.

    – REVISTA LUIZA ON perdia 3,16%, a 4,29 reais, em meio a movimentos de realização de lucros, após disparar 61,7% em janeiro, impulsionado por problemas envolvendo a rival Americanas, que pediu concordata em meio a dívidas de mais de 40 bilhões de reais.

    – O AMERICANAS ON, que não está mais no Ibovespa, saltou 19,43% para 2,09 reais, acumulando alta de 226,56% desde a histórica baixa intradiária de 0,64 reais registrada no dia 20, em meio ao “escândalo contábil”, conforme analistas da XP e O Credit Suisse descreveu isso, envolvendo a empresa. Mesmo assim, continua longe dos 12 reais que valia antes do anúncio das “incoerências contábeis”. A Americanas estuda pedir à Justiça do Rio de Janeiro um financiamento de “dívida em posse” de pelo menos 1 bilhão de reais, que poderá ser subscrito pelos acionistas de referência da empresa. Paralelamente, o Morgan Stanley comunicou à empresa o aumento da sua participação na empresa para 5,2%.

    – A AMBEV ON cedeu 3,51%, a 13,18 reais, pois persistem as preocupações relacionadas aos problemas envolvendo a Americanas, uma vez que os acionistas de referência da varejista também estão no bloco de controle da cervejaria.

    – RAÍZEN PN caiu 4,26%, para 3,15 reais, num contexto de “block trade” para a venda de cerca de 330 milhões de ações (24,32% das ações em circulação no mercado), para 3,15 reais cada. Em reportagem no início da semana, a XP afirmou que o leilão permitirá à Hédera, do grupo Louis Dreyfus, ex-controladora da Biosev, vender a totalidade de sua participação na joint venture entre Shell e Cosan. A participação da Hédera resulta da aquisição da Biosev pela Raízen. Também está no radar a notícia de que a BP pode comprar a participação de sua sócia Bunge na joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia. A Raízen foi a única licitante no processo. E, segundo uma fonte disse à Reuters, a BP tem direito de preferência e pode comprar a Bunge se considerar a oferta da Raízen muito baixa.

    – BRF ON avançou 7,66%, para 8,57 reais, com o presidente-executivo da empresa de alimentos, Miguel Gularte, afirmando que a empresa está vendo custos menores para exportar carnes bem como que há expectativa de abrir mais fábricas da BRF para exportação nos próximos 40 dias, ou mesmo antes desse prazo.

    – SÃO MARTINHO ON valorizou 4,72%, para 26,19 reais, estendendo a recuperação desde as mínimas de janeiro, quando atingiu 21,38 reais, na esteira de preocupações com possíveis sinais e consequências da extensão da isenção de combustíveis pelo novo governo. Apesar da melhora principalmente na segunda quinzena do mês passado, o estoque ainda acumula queda de 5,69% em janeiro. O BTG também incluiu o documento entre suas recomendações para fevereiro, substituindo a Eletrobras.



    Fonte: Noticias Agricolas