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Ibovespa cai com temores de recessão nos EUA e maior carga tributária no Brasil

    Ibovespa fecha em queda com commodities sem tirar PEC e scaled

    Por Paula Arend Laier

    SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em baixa nesta quarta-feira, em meio a preocupações com o ritmo da atividade econômica nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, permanece a cautela com possíveis medidas para aumentar as receitas do governo.

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    Declarações do presidente do Banco Central (BC), porém, ajudaram a reduzir as perdas.

    Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 0,88%, a 100.977,85 pontos. Na pior das hipóteses, chegou a 99.897,78 pontos. O volume financeiro totalizou 23,5 bilhões de reais.

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    Nos Estados Unidos, os dados mostraram que o setor de serviços desacelerou mais do que o esperado em março, enquanto os empregadores do setor privado contrataram muito menos trabalhadores do que as estimativas dos analistas no mês passado.

    Segundo Rafael Bombini, assessor de investimentos da DOM Investimentos, os dados reforçam as preocupações com uma possível recessão naquele país. “Isso ofuscou o contraponto positivo de uma possível quebra no ciclo de aperto monetário dos EUA”, acrescentou.

    Alan Dias Pimentel, especialista em ações da Blue3 Investimentos, acrescentou que eram esperados dados mais fracos, mas não “tão fracos”, o que faz o mercado vislumbrar uma recessão no horizonte, não apenas uma desaceleração econômica. “Isso traz aversão ao risco”, reforçou.

    Além do cenário norte-americano, o mercado acionário brasileiro também segue fragilizado pela dúvida de um eventual aumento da carga tributária, na esteira dos planos do governo de aumentar as receitas e melhorar o resultado fiscal do país.

    “Existe uma incerteza em relação a essa nova tributação”, disse Luiz Adriano Martinez, sócio e gerente de renda variável da Kilima Asset, ponderando que o setor de consumo cíclico, por exemplo, que se beneficiaria com o fechamento da curva de juros recente, está sofrendo por causa desse medo.

    Novas medidas devem ser anunciadas nos próximos dias. Ao deixar o Ministério da Fazenda, em Brasília, o ministro Fernando Haddad desejou boa Páscoa aos jornalistas que aguardavam e disse que voltaria na segunda-feira “com novidades”.

    Um contraponto positivo na sessão, na opinião dos profissionais ouvidos pela Reuters, e que ajudou a fechar a curva de juros, foram as declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, entre elas que a avaliação do novo quadro é “super positivo”.

    Em evento do Bradesco BBI, Campos Neto disse que o que foi anunciado até agora sobre o quadro fiscal alivia as preocupações com uma trajetória mais explosiva da dívida pública, mas destacou que é preciso acompanhar como a proposta vai tramitar no Congresso e que há “ansiedade” em relação às receitas.

    “São aspectos favoráveis ​​para a percepção do mercado em relação à questão do risco fiscal e também da taxa de juros”, disse Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

    Para o assessor da DOM Investimentos, Campos Neto adotou um discurso mais apaziguador, embora não tenha sinalizado um início de corte de juros, pelo menos não de imediato.

    “O que vimos foi um presidente do Banco Central um pouco mais alinhado com os interesses do governo e também um pouco otimista com as ações do governo para convergir a inflação para a meta”, acrescentou o especialista da Blue3.

    Na visão de Pimentel, o fato de o governo e o BC trabalharem com interesses comuns significa que, talvez, a política monetária possa ser menos contracionista neste ano.

    DESTAQUES

    – VALE ON fechou em baixa de 1,47%, a 76,89 reais, a principal pressão negativa, em sessão com feriado na China, um dia depois de a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do país asiático afirmar que vai intensificar a fiscalização do mercados de minério de ferro.

    – PETROBRAS PN subiu 0,33%, a 24,35 reais, revertendo as perdas registradas em parte da sessão. No pior momento, chegou a R$ 23,27, após declarações do ministro de Minas e Energia sobre mudanças na política de preços da estatal. Em nota posterior, a empresa declarou que reafirma seu compromisso com a prática de preços competitivos de combustíveis e acrescentou que não recebeu nenhuma proposta do ministério quanto à mudança na política de preços.

    – BTG PACTUAL UNIT avançou 1,73%, a 20,57 reais, em sessão sem tendência única entre os bancos do Ibovespa. O ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com variação negativa de 0,08%, a R$ 24,49, enquanto o BRADESCO PN valorizou 0,84%, a R$ 13,22.

    – NATURA&CO ON caiu 9,61%, para 11,85 reais, ampliando as perdas da véspera, em meio a opiniões divergentes relacionadas ao acordo de venda da marca Aesop para a L’Oréal por 2,53 bilhões de dólares. Apesar do alívio em termos de estrutura de capital esperado com a operação, alguns analistas avaliam que, no curto e médio prazo, o resultado operacional da Natura&Co ficará ainda mais pressionado, já que a operação da Aesop trouxe contribuição positiva para o consolidado.

    – ASSAÍ ON recuou 4,77%, para 13,97 reais. Analistas do Citi cortaram o preço-alvo dos papéis de R$ 24 para R$ 20, citando que o cenário não é tão positivo neste ano, com desaceleração da inflação de alimentos, processo mais gradual de conversão de lojas, entre outros. Ainda assim, eles mantiveram a recomendação de “comprar”. No setor, o GPA ON caiu 0,96%, para R$ 14,48.

    – VIA ON avançou 6,36%, a 1,84 real, reagindo após atingir a mínima intradiária desde fevereiro de 2016, a 1,65 real. No setor, o MAGAZINA LUIZA ON subiu 1,86%, para 3,28 reais.

    – A QUALICORP ON ganhou 2,77%, a 3,71 reais, com os analistas do UBS elevando a recomendação das ações para “neutra”, embora tenham reduzido o preço-alvo de 6,50 reais para 4 reais. Eles avaliaram que as ações já precificam uma deterioração ainda maior nos fundamentos da empresa e veem um risco limitado de queda em relação aos níveis atuais. Ainda assim, destacaram que os resultados de 2022 mostram uma recuperação incerta enquanto persistem os desequilíbrios setoriais.



    Fonte: Noticias Agricolas