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frigoríficos reduzem negociação a prazo – Money Times

    Preço do boi gordo

    Segundo esses participantes, os frigoríficos modificaram sua estratégia para garantir animais para abate no segundo semestre (Imagem: Unsplash/Juliana Amorim)

    a negociação de bois a prazo – modalidade em que a indústria “encomenda” ao pecuarista um determinado número de bovinos para entrega em prazo acordado e com valor pré-fixado no mercado futuro gado na B3 – parece ter mudado este ano em relação aos anos anteriores, comentam fontes do mercado.

    Segundo esses participantes, geladeiras modificaram sua estratégia para garantir animais para abate no segundo semestre do ano. Uma das fontes reconhece que este ano, de facto, “não está normal” no que diz respeito aos contratos celebrados entre as partes.

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    Um fator para essa mudança tem a ver com a suspensão, no ano passado, das vendas de carne bovina para a China por cerca de três meses, o que tornou os frigoríficos mais cautelosos na hora de encomendar gado para abate futuro. Recentemente, a propósito, o gigante asiático suspendeu várias unidades de abate de gado no Brasilo que também gera apreensão.

    Na ponta da produção, os pecuaristas relatam que, de fato, as condições para negociar o gado futuro com a indústria mudaram – além da dificuldade e redução de contratos, outro movimento observado é que os frigoríficos têm preferido arrendar, eles próprios, unidades de confinamento para engordar seus próprios rebanhos.

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    A diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel, confirma que os frigoríficos vêm verticalizando a produção e ido atrás da locação de estruturas de confinamento.

    “Esse movimento concentrou a engorda nos grandes produtores”, avalia. “Mas trouxe outra solução para os frigoríficos, que é a padronização da carcaça. (Compradores) se responsabilizam pela terminação do animal e controlam a padronização dessa carcaça, o que é algo desejável”, completa.

    A Fazenda Santa Fé, localizada em Goiânia (GO), que confinou 72 mil animais no ano passado, de bois padrão de exportação, confirma a queda nos “pedidos” de gado pela indústria neste ano. E viu o número de negociações de gado a prazo cair 90% de 2021 a 2022.

    O dono da fazenda, Pedro Merola, também acha que o mercado está “mudado” este ano. “Já não é tão fácil parar (o preço do gado vivo no mercado futuro B3) com a indústria”, diz o pecuarista. “É bem complicado.”

    Ele acrescenta que se o pecuarista “pedir muito” para a indústria travar os preços do B3, ele aceita, “mas as condições mudaram muito”. “No ano passado, por exemplo, conseguimos travar o preço da arroba de São Paulo em Goiás”, comenta Merola – e a arroba de Goiás é mais barata que a de São Paulo. “Mas hoje, (frigoríficos) estão mais receosos com os preços futuros e o benchmark”, avalia.

    O Boitel São Lucas, localizado em Goiás, que confina cerca de 15 mil animais por ano, vem realizando, nas últimas semanas, um volume considerável de negócios para a frente, diz o gerente de confinamento da empresa, Rogério Togo. Mas não com todas as geladeiras.

    Ele diz que as operações têm sido realizadas, em maioria absoluta, com o Minerva. “É o único frigorífico que nos abriu”, diz, sobre esta modalidade de venda de gado engordado.

    Ele acrescenta que JBS e Marfrig não ofereceram a opção a termo, mas aceitam pagar o gado com base no índice Cepea de Mato Grosso, apenas no dia em que os lotes forem entregues ao frigorífico.

    Para o Togo, no entanto, a modalidade proposta por essas indústrias “não é interessante”, pois “perde a função de proteção”.

    Para confinar os animais, os pecuaristas geralmente, para se protegerem das oscilações de preços na arroba, utilizam como base os preços sinalizados no mercado futuro de boi gordo na B3 no momento da entrega dos lotes acabados.

    Assim, obtêm um lucro previsível a partir do cálculo de todos os custos de produção e do preço da arroba futura, no momento da entrega do animal para abate. É esse preço futuro que os pecuaristas costumam acordar com os frigoríficos na negociação do gado a prazo.

    Do lado das indústrias, o gerente de Compra de Gado da Marfrig, Maurício Manduca, confirma que a modalidade de comercialização a prazo de gado “perdeu um pouco de força nos últimos anos”.

    Segundo ele, “há produtores que fizeram esse tipo de operação, mas, com os preços altos da arroba, que ficaram acima do acordado anteriormente, acabaram não ganhando em algum momento”, continua, afirmando ainda que o boi a termo “perdeu a atratividade para o produtor”.

    Manduca disse ainda que, “às vezes o mercado funciona (vai para a frente), às vezes não”. “Analisamos caso a caso, depende muito do momento. Nos últimos anos já operamos (gado a termo) e paramos de operar.”

    O diretor de operações da Frigol, Orlando Henrique Negrão, avalia que a demanda pelo “bloqueio” dos preços futuros na B3 pode aumentar, caso os valores dos contratos futuros de boi gordo na bolsa paulista apontem tendência de alta .

    Para ele, a negociação garantirá ao pecuarista cobrir os custos do confinamento, eliminando o risco de enfrentar a volatilidade do mercado físico.

    Apesar da resistência de seus pares, Negrão defende que a negociação a prazo é interessante para frigoríficos, pois traz garantia de fornecimento de animais prontos para abate e previsibilidade de custos de aquisição.

    JBS e Minerva foram abordados, mas informados que não falariam sobre o assunto.

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    Fonte: Noticias Agricolas