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Fluxo de capital estrangeiro para a bolsa brasileira melhora, mas há dúvidas sobre…

    Fluxo de capital estrangeiro para a bolsa brasileira melhora mas

    Agosto termina com recuperação do fluxo de capital estrangeiro para a Bolsa de São Paulo, o que pode garantir o melhor desempenho mensal do Ibovespa desde o final de 2020, mas não está claro se o ritmo dessas entradas continuará em face de incertezas externas, em particular eventos relacionados aos Estados Unidos e China.

    A corrida presidencial no Brasil, no entanto, não parece ser um fator de preocupação para a movimentação desses recursos em um primeiro momento, com investidores estrangeiros mais curiosos do que preocupados com o processo eleitoral, e seu desfecho pode até favorecer a entrada de recursos posteriormente . .

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    As compras feitas por estrangeiros no mercado secundário de ações superaram as vendas em 17,95 bilhões de reais em agosto até o dia 26, segundo dados da B3. No mesmo período, o Ibovespa subiu 8,85%. Os estrangeiros responderam por 51,8% dos negócios em bolsa.

    “Acho que não pode acompanhar o ritmo”, disse David Beker, chefe de estratégia de economia para o Brasil e América Latina do Bank of America, argumentando que as avaliações positivas para o país, principalmente em relação ao crescimento, além de fortes resultados corporativos no segundo trimestre resultados já estão no preço.

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    Além disso, Beker disse que não vê uma mudança nas perspectivas para os mercados emergentes que aponte para a manutenção dessa entrada na bolsa brasileira, devido às incertezas ligadas principalmente ao ciclo de altas taxas de juros nos EUA e à atividade econômica na China.

    Declarações recentes do presidente do banco central norte-americano foram entendidas pelo mercado como um sinal de que o Fed está disposto a sacrificar o crescimento econômico para controlar a inflação. Ao mesmo tempo, na China, as restrições contra o Covid-19 alimentaram os temores de uma desaceleração, e também há preocupações com o setor imobiliário.

    Na visão do economista, a menos que o mercado esteja calmo com o Federal Reserve e comece a avaliar que o pior da China ficou para trás, “é difícil imaginar” que o fluxo de estrangeiros no curto prazo continue forte.

    O movimento em agosto compara com saldos negativos em abril (-7,7 bilhões de reais) e maio (-6,2 bilhões de reais) e superávits de 427 milhões e 1,85 bilhão de reais em junho e julho. Mas ainda está abaixo do desempenho do primeiro trimestre do ano, de mais de 20 bilhões de reais por mês.

    Para César Mikail, gestor de ações da Western Asset, “ceteris paribus” (tudo mais constante), o fluxo deve continuar, citando entre outros fatores a ‘valorização’ da bolsa brasileira, que continua fortemente descontada por diferentes métricas.

    Ele ressaltou que o Brasil já fez a lição de casa sobre juros, e que em breve a discussão será quando a Selic começará a cair. E acrescentou o efeito da realocação de outros países emergentes sem notícias tão boas, como a própria China.

    Mikail destacou, porém, que se houver um aumento significativo da volatilidade no mercado externo, o Brasil não ficará isento. “Se o Fed aumentar as taxas de juros e ficar em um patamar mais alto por mais tempo, isso impacta a todos”, exemplificou.

    Nur Cristiani, chefe de estratégia de investimentos para a América Latina do JPMorgan Private Bank, disse que a volatilidade no mercado brasileiro também pode ser catalisada pelas eleições.

    Mas ela chamou a atenção para os números recentes da inflação e as declarações do Banco Central sobre o provável fim do ciclo de alta dos juros no país. E isso, segundo ela, diferencia o Brasil de outros Bancos Centrais, como o Fed, onde ainda há dúvidas se o próximo aumento será de 0,50 ponto ou 0,75 ponto percentual.

    “Os investidores que antecipam o início dos cortes de juros (no Brasil) em algum momento de 2023 veem as atuais ‘valorizações’ como uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. de sua equipe na América Latina.

    ELEIÇÃO

    Apesar da expectativa de um mercado mais volátil à medida que o desfecho da corrida presidencial se aproxima, a análise é de que a eleição, por enquanto, não deve afetar negativamente o fluxo de estrangeiros para as ações.

    “Eles não estão necessariamente preocupados, mas tentando entender o que está acontecendo”, disse Aline Cardoso, estrategista de ações do Santander Brasil, acrescentando que o tema tem dominado reuniões com clientes estrangeiros.

    Um dos motivos dessa relativa tranquilidade é o fato de serem conhecidos os dois candidatos que lideram as pesquisas –Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à frente das intenções de voto e que foi presidente de 2003 a 2010, e o presidente Jair Bolsonaro. (PL), que aparece em segundo.

    “Em média, os investidores estrangeiros não estão preocupados com a eleição no Brasil”, reforçou Beker, do BofA. Segundo ele, há dúvidas sobre as políticas econômicas, mas a incerteza não é tão grande quanto em outras eleições na América Latina, em que venceram candidatos desconhecidos desses investidores.

    O estrategista não descarta um aumento da volatilidade mais próximo do voto e vê uma chance de melhora no fluxo após a eleição, dependendo das políticas de quem sair vitorioso e do cenário externo.

    “O que se ouve de investidores de portfólio e corporativos é que as pessoas querem ter uma convicção maior do que vai acontecer pela frente. Então em um período pós-eleitoral pode haver uma descompressão do risco… e é possível observar mais fluxo a uma vez que esse fator de incerteza foi deixado para trás.”



    Fonte: Noticias Agricolas