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FAO reconhece 78 sistemas importantes do patrimônio agrícola mundial

Já são 78 Sistemas Importantes do Patrimônio Mundial Agrícola (Giahs ou Sipam, nas siglas em inglês e espanhol) em todo o mundo reconhecidos pela FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Em uma reunião do Conselho Consultivo Científico do Programa de Sistemas de Patrimônio Agrícola Globalmente Importantes (Giahs), realizada em Valência, na Espanha, entre os dias 3 e 7 de julho, foram aprovadas seis novas propostas.

A pesquisadora Patrícia Bustamante, da Embrapa Alimentos e Territórios, que integra o Conselho, participou do encontro técnico-científico. No primeiro dia do evento, realizou-se uma visita de campo à Horta de Valência, que é um reconhecido Giahs. Nos demais, foram discutidas as propostas submetidas à avaliação. Esta foi a primeira reunião realizada fora da sede da FAO em Roma. A ideia é realizar encontros anuais dessa forma, visitando locais já reconhecidos.

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“Houve propostas do Irão, Coreia, Japão, China, São Tomé e Príncipe, Áustria e Andorra”, conta Patrícia Bustamante. “Analisamos essas propostas e as seis aprovadas que passaram a fazer parte do Ghias são do Irã, Coreia e Japão, duas de cada país, passando de 72 para os atuais 78 sistemas reconhecidos ao redor do mundo”, explica. O pesquisador da Embrapa também foi responsável pela análise de outras duas submissões: “Xianju Ancient Chinese Waxberry Composite System”, da China, e uma de São Tomé e Príncipe, que serão avaliadas com base em visitas de campo.

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Os Giahs ou Sipam (Importantes Sistemas do Patrimônio Mundial da Agricultura) são agroecossistemas habitados por comunidades que vivem uma intrincada relação com seu território. Esses locais em evolução são sistemas resilientes caracterizados por notável agrobiodiversidade, conhecimento tradicional, culturas, organização social e paisagens manejadas de forma sustentável por agricultores, pastores, pescadores e povos da floresta de maneiras que contribuem para seus meios de subsistência e segurança alimentar.

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Programa nacional em construção

No Brasil, a Embrapa Alimentos e Territórios e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) estão trabalhando juntos para criar o Programa Nacional de Valorização dos Sistemas Agrícolas Tradicionais. Programas denominados Sistemas Nacionais Importantes do Patrimônio Agrícola (Niahs) já existem na Coréia, Japão, China e Equador; e no Chile também há uma proposta em construção.

“Este programa nacional fortalece a criação de dossiês no país que valorizem seus sistemas nacionais, antes de enviar uma proposta para avaliação em Roma”, esclarece Bustamante. “Aqui no Brasil essa negociação já começou e o MDA está conosco organizando reuniões para que possamos montar o programa”, informa.

Horta de Valência

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Para a Horta desde Valência (o pomar) abrange uma área de 28 quilômetros quadrados, incluindo o Jardim Histórico e uma seção do Parque Nacional da Albufera. Consiste em um sistema de cultivos irrigados pelo rio Turia através de canais e valas, que manteve suas características tradicionais em uma região costeira densamente povoada. A estrutura paisagística resultante é uma herança da herança árabe, moldada ao longo dos séculos desde os dias da Espanha islâmica.

Segundo a FAO, há mais de 1.200 anos, os árabes trouxeram para a região uma dieta típica das monções, com produtos vegetais e animais típicos das regiões chuvosas. Para adaptar estas espécies ao clima mediterrâneo, com longos períodos de seca, foi necessário projetar um sistema de irrigação. Este sistema foi inicialmente um modelo de circulação de águas abertas, que evoluiu ao longo dos séculos e permitiu o cultivo de arroz, legumes e frutas.

A estrutura histórica da paisagem da Horta é uma das características únicas da zona, pois é constituída por uma densa rede de canais de água, caminhos rurais e construções tradicionais como quintas e quartéis. Graças ao sistema de irrigação, fornece produtos saudáveis ​​para 6.000 fazendas familiares, incluindo 10 pesqueiros. Esse sistema é um exemplo de cultura adaptada ao clima, que pode servir de modelo para sistemas modernos que enfrentam sérios problemas devido às mudanças climáticas, segundo a Organização.

(com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)


**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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