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Estudo usa dados espaciais para classificar risco de desmatamento no Cerrado

    uma historia de mais de 50 anos

    Uma pesquisa realizada pela Embrapa, no âmbito do projeto Rural Sustentável – Cerrado (veja mais informações no box ao final deste artigo), mapeou o risco de desmatamento e mediu o desmatamento evitado no bioma Cerrado em 101 municípios de quatro estados. A informação é uma importante ferramenta para auxiliar os governos federal, estadual e municipal na adoção de medidas protetivas e preventivas.

    O trabalho foi realizado em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais e utilizou a metodologia ACEU para avaliar o risco de desmatamento em cada região. Este método tem em conta a acessibilidade do local (acessibilidade – A), a aptidão do terreno para uso agrícola (cultivabilidade – C), a existência de recursos naturais (extratibilidade – E) e ainda se existe algum regime de protecção (Protecção status -). VOCÊ).

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    Segundo o levantamento, dos 8,4 milhões de hectares de Cerrado avaliados em 25 municípios mato-grossenses, 17% apresentam risco muito alto de desmatamento, 19% risco alto, 19% risco médio, 15% risco baixo e 30% têm um risco muito alto. baixo.

    Em Mato Grosso do Sul, a área avaliada é de 3,4 milhões de hectares, em que os riscos de desmatamento encontrados foram 14% muito alto, 16% alto, 40% médio, 14% baixo e 16% muito baixo.

    Em Minas Gerais, o projeto avaliou 2,6 milhões de hectares de Cerrado, dos quais 8% apresentam risco de desmatamento muito alto, 25% alto, 27% médio, 20% baixo e 20% muito baixo.

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    Em Goiás, foram mapeados 2,4 milhões de hectares de Cerrado, com 5% apresentando risco muito alto de desmatamento, 18% risco alto, 27% risco médio, 20% baixo e 20% muito baixo.

    O pesquisador Laurimar Vendrusculo, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril (MT), coordenou o trabalho. Segundo ela, ao indicar onde o risco é maior, os dados permitem que o governo tome medidas para evitar que o desmatamento ocorra.

    “Informações espacializadas sobre os níveis de risco de desmatamento evitado possibilitam subsidiar planos operacionais que identificam áreas com maior pressão para desmatamento. Como resultado, políticas que privilegiam geograficamente os incentivos para a adoção de tecnologias de conservação podem ser melhor empregadas tanto financeiramente quanto tecnicamente. Por exemplo, áreas mais suscetíveis poderiam ter mais subsídios econômicos para implantação de florestas plantadas ou restauração florestal”, explica Vendrusculo.

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    Entenda a metodologia

    A metodologia ACEU usa a fórmula A+C+EU para indicar o risco de desmatamento de um local. Para isso, os indicadores para cada uma dessas variáveis ​​são previamente definidos.

    Para definir o risco de desmatamento de acordo com a acessibilidade, foi considerada a distância às rodovias federais e estaduais. Quanto mais próximo, maior o risco e maior o valor na escala de 1 a 4 usada na equação.

    A definição dos níveis de aptidão agrícola foi feita a partir de uma escala criada pela própria equipe do projeto, uma vez que os dados disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente são de 2002.

    “Escolhemos construir uma metodologia de adequação agrícola baseada nas características do solo e também na declividade e outros fatores que influenciam o desmatamento”, diz Daniela Castagna, bolsista do projeto Rural Sustentável.

    Assim, as áreas foram classificadas como boa aptidão agrícola, regular, restrita e imprópria, pontuando de 1 a 4, sendo 4 terras com boa aptidão e 1 imprópria.

    No caso dos recursos extraíveis, foi considerada a ausência ou presença de madeira e minério. Se disponível, o risco de desmatamento se torna maior.

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    Dessa forma, o risco de desmatamento de um local é dado pela soma dos valores atribuídos aos fatores acessibilidade, cultivo e existência de recursos naturais, subtraindo 1 se o local possuir alguma forma de proteção, como parques naturais ou reservas indígenas.

    Desmatamento esperado e desmatamento evitado

    De acordo com a metodologia utilizada na pesquisa, de acordo com a pontuação final no método ACEU, a área é classificada em muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto risco de desmatamento. Para cada um desses riscos, há um percentual de perda de vegetação esperada em um período de 20 anos. É com base nessas informações que se calcula o desmatamento esperado para cada município avaliado.

    Nas áreas de baixíssimo risco, a expectativa é de uma perda de 10% da vegetação em 20 anos, enquanto o percentual sobe para 30% nas áreas de baixo risco, 50% com médio risco e 70% e 90%, respectivamente, para os riscos altos e muito altos.

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    Com esses percentuais, os pesquisadores calcularam o desmatamento esperado para cada um dos 101 municípios avaliados. Esse número foi comparado com o desmatamento real medido pelo MapBiomas Brasil em 2019, possibilitando assim alcançar uma área de desmatamento evitado ou superado por município ou estado.

    Os resultados mostraram que, em 2019, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tiveram menos desmatamento no Cerrado do que o esperado. Foram 65,9 mil hectares a menos no MT e 14,8 mil a menos no MS. Goiás e Minas Gerais desmataram, respectivamente, 4 mil hectares e 39,7 mil hectares a mais de Cerrado do que o esperado.

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    Os dados da pesquisa permitem verificar o retrato de cada município. Em Mato Grosso, por exemplo, Lucas do Rio Verde possui 117 mil hectares de cobertura de Cerrado, dos quais 76,5% estão sob risco alto ou muito alto de desmatamento. No entanto, em 2019, o desmatamento estimado representou 55% da perda esperada, ou seja, houve um desmatamento evitado de 1.911 hectares.

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    O pesquisador Laurimar Vendrusculo informa que em breve estarão disponíveis na plataforma Geoinfo da Embrapa mapas georreferenciados com risco de desmatamento. Assim, podem ser utilizados pelas secretarias municipais e estaduais de Agricultura e Meio Ambiente para a adoção de medidas locais e alternativas sustentáveis ​​para a produção agrícola, como, por exemplo, técnicas de conservação capazes de aumentar a vegetação e promover melhorias no solo e nos recursos hídricos.

    “Outra etapa será a produção de material técnico sobre os resultados dos experimentos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), para orientar os produtores que desejam adotar esse tipo de sistema. O objetivo é fornecer uma plataforma web que reúna os resultados espaciais deste projeto associados a camadas de informações de solo, clima e técnicas de manejo, na qual o produtor possa selecionar cenários de produção sustentável para sua propriedade”, afirma o chefe-geral.

    Projeto Rural Sustentável

    O Projeto Rural Sustentável – Cerrado é fruto de um arranjo institucional e de parcerias. Seu objetivo é mitigar as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a renda dos pequenos e médios produtores do bioma Cerrado, por meio da adoção de tecnologias de produção de baixo carbono. Ao mesmo tempo, visa contribuir para a preservação do bioma.

    Parte das ações do projeto é prestar assistência técnica aos produtores e transferir tecnologia em sistemas de ILPF e recuperação de pastagens.

    O projeto é financiado por uma cooperação técnica aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com recursos do International Climate Financing do Governo do Reino Unido, tendo como beneficiário institucional o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) é responsável pela execução e administração técnica, financeira e fiduciária do projeto. A Embrapa é responsável pela coordenação científica e a Associação Rede ILPF pelo suporte técnico.



    Fonte: Agro