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Estudo mensal | Cana | Junho 2023

Grande Momento para o Açúcar

Prof. Dr. Marcos Fava Neves, Vinicius Cambaúva e Beatriz Papa Casagrande

Reflexões dos fatos e números da cana em junho e o que seguir em julho

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Na cana, a moedura para a safra 2023/24 na região Núcleo-Sul totalizou quase 125,4 milhões de t desde o início da temporada até o término de maio, volume 16,7% maior que o registrado no ciclo anterior, é o que aponta a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica).

Até o fechamento da poste, 245 unidades estão em operação no Núcleo-Sul, versus 252 no mesmo período da safra 2022/23. Do totalidade, 231 são para o processamento da cana-de-açúcar, 7 para etanol de milho e mais 7 flex (etanol de cana e de milho).

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Em relação ao ATR, que mede a qualidade da matéria-prima, o indicador alcançou 135,22 kg/t, sendo 5,06% supra do observado no ano pretérito (128,72 kg/t). No aglomerado da safra 2022/23 o valor foi de 124,49 kg/t, uma valorização anual positiva de 1,89%. Enquanto isso, o mix de produção está em 46,88% para o açúcar e 53,12% para o etanol.

O clima no início da safra 2022/23 de cana-de-açúcar foi bastante favorável ao desenvolvimento das lavouras e recuperação da moedura. No entanto, a chegada do El Niño preocupa os produtores canavieiros, uma vez que apresenta risco para as operações de colheita. Apesar de aumentar as chances de incidência de chuvas na região Sul do país, ele pode se estender para algumas áreas entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Para o mercado de CBios, até o dia 12 de maio 13,86 milhões de títulos haviam sido emitidos, segundo dados da B3 (Bolsa de Valores Brasileira). Em torno de 48,4 milhões de créditos de carbono foram adquiridos pela secção obrigada do programa RenovaBio, considerando o estoque de passagem em 2021 somados com os créditos adquiridos em 2022 e 2023.

O Núcleo de Tecnologia Canavieira (CTC) estima que novas tecnologias de melhoramento genético, biotecnologia, soluções de plantio e outras técnicas podem solevar em mais de 30% a produtividade dos canaviais até 2040, passando dos atuais 75 t/ha para 100 t/ha. Esse prolongamento é capaz de diminuir a expansão de superfície em torno de 3 milhões de ha, o que equivale a 36% da superfície a ser colhida na safra atual 2023/24 (8,41 milhões de ha). Aliás, essa evolução pode somar 22 milhões de CBios no mercado e prometer uma cultura mais sustentável.

A Uisa vai exprimir créditos de carbono de suas áreas dentro das reservas legais (RL) e áreas de preservação permanente (APP). Será a primeira operação do setor de cana-de-açúcar no país a gerar esses créditos em relação a preservação florestal (REDD). Embora sejam áreas que a empresa já é obrigada a preservar, A UISA projeta que há demanda para dar mais garantia de proteção.


No açúcar, desde o prelúdios do mês de abril que marca o início da safra, a fabricação de açúcar atingiu 6,97 milhões de t, um aumento de 37,7% no comparativo com o mesmo período de 2022/23 (5,06 milhões de t), de congraçamento com dados da Unica.

Na segunda quinzena de maio, o mix de açúcar foi o maior em 17 anos, atingindo 46,9% perante os 43,2% no ano pretérito. Foram 2,90 milhões de t em 15 dias, segundo a Unica. As usinas estão se movimentando para aumentar a alocação de açúcar em detrimento do etanol, devido a subida do preço do adoçante no mercado internacional em função de preocupações com a oferta do resultado na Ásia, prolongamento do consumo e aumento das probabilidades do El Niño.

Uma vez que consequência do mix mais açucareiro em 2023/24, o Departamento de Cultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que o Brasil produza 42,01 milhões de t do adoçante, contra 38,05 milhões de t no ciclo pretérito, ou seja, um prolongamento de 10,4% ou quase 4 milhões de t a mais. No relatório, divulgado em maio, o órgão aponta a produção global em 187,9 milhões de t, 5,9% superior, sendo que Índia e União Europeia deverão ofertar 36,00 (+ 12,5%) e 15,48 (+ 4,0%) milhões de t, respectivamente.

Mesmo com a subida na produção, o USDA projeta uma retração de 6 milhões de t nos estoques globais de açúcar na safra 2023/24, que devem permanecer em 33,46 milhões de t (- 15,2%). Entre os fatores está a elevação no consumo global do resultado, que deve totalizar 180,04 milhões de t (+ 2,3%), com 4 milhões de t a mais na conferência com a demanda de 2022/23.

Em maio, o Brasil exportou 2,16 milhões de t de açúcar, subida de 47,1% ou 693 milénio t a mais do que no mesmo mês de 2022. Em termos de receitas, as vendas geraram US$ 1,0 bilhão, 79,5% superior. Com isso, os preços médios dos embarques em maio ficaram em US$ 466,6/t (+ 21,9%). No aglomerado de 2023 (janeiro a maio), o nosso país já vendeu US$ 3,29 bilhões (+ 31,9%) e embarcou 7,30 milhões de t (+ 12,0%). Os dados são do Ministério da Cultura e Pecuária (Planta).

A Copersucar, líder mundial na comercialização de açúcar e etanol, pretende solevar em 27% as vendas do adoçante na safra 2023/24. Os preços mais atrativos do açúcar vão aumentar a destinação da matéria-prima para essa commodity. No ciclo pretérito, o valor do adoçante em dólar e convertido em reais foi recorde. No entanto, o presidente da empresa ressalta que a confirmação do El Niño, além de estremecer a safra Núcleo-Sul do Brasil pela maior possibilidade de chuvas, por outro lado, culpa preocupação de tempo mais sequioso na Índia e Tailândia, nossos principais concorrentes na exportação. Aliás, ele nos alerta em mais um gargalo, a situação logística brasileira, uma vez que grandes volumes de soja e milho serão exportados durante o pico de escoamento do açúcar.

Na data de fechamento da nossa poste, os preços estavam um pouco aquém do boletim anterior, mas ainda se sustentando em níveis elevados. O açúcar em Novidade York para jul/2023 estava negociado e 26,22 centavos de dólar por libra-peso e, em Londres, o açúcar branco com vencimento em agosto ficou em US$ 701,20/t. No mercado interno, o açúcar cristal branco (Cepea/Esalq) estava cotado em R$ 141,79/sc (60kg) na data de fechamento da nossa poste (ou US$ 29,59/sc). Há um mês, o preço era de R$ 148,80/sc, ou seja, seguiu comportamento de baixa, de 4,7%, nos últimos 30 dias.


No etanol, a produção na atual safra 2023/24 fechou maio em 5,77 bilhões de litros, prolongamento de 11,12% em relação a temporada anterior. Do totalidade, 3,39 bilhões de litros foram de etanol hidratado (-5,17%), representado 58,75%, enquanto 2,37 bilhões de litros foram de anidro (+47,24%), o que corresponde a 41,24%. Aliás, 907,62 milhões de litros foi biocombustível produzido a partir do milho, uma subida anual de 52,19% para oriente segmento, de congraçamento com a Unica.

Ainda segundo a entidade, as vendas de etanol do atual ciclo acumularam 4,48 bilhões de litros até o término de maio, configurando queda anual de 1,89%. Desse valor, 2,50 bilhões de litros (-13,04%) correspondem ao hidratado e 1,98 bilhão de litros (+17,09%) ao anidro. Do totalidade vendido, 94,9% são comercializados no mercado interno e somente 5,1% é exportado a outros países, sendo a Coréia do Sul, Holanda e Estados Unidos os maiores compradores.

Depois um mês da adoção da novidade política de preços pela Petrobrás, as cotações caíram pouco e continuam próximas aos valores praticados anteriormente. Isso porque foi um período que apresentou valorização do real e segurança no preço do petróleo. Porém, ainda falta transparência na formação de preços da estatal, o que acaba gerando instabilidade para os importadores. Aliás, é necessário evidenciar que se a novidade política perfazer levando os preços muito aquém da paridade de importação, a atividade dos importadores de combustível – segmento que supre 25% da demanda pátrio – ficaria inviável no país.

Em estudo, o Itaú BBA divulgou que o golpe nos preços deve estar próximo do término, uma vez que o combustível está sendo negociado por R$ 2,66 com as distribuidoras, um valor muito próximo do mínimo estimado pela entidade (R$ 2,64). No entanto, o segundo golpe veio antes de outro fator que vai impactar novamente os preços dos combustíveis. Em julho, a cobrança integral de tributos federais sobre a gasolina e o etanol vai voltar a valer. A partir do dia 1º, os impostos passarão de R$ 0,47/litro para R$ 0,69/litro.


No diesel, o governo vai antecipar secção da reoneração para 2023, antes, o movimento estava previsto para suceder em janeiro do próximo ano. Do totalidade de R$ 0,35/litro projetado para 2024, R$ 0,11/litro já vai inaugurar a incidir nos próximos 90 dias.

A demanda de petróleo deve tombar próximo a 40% até 2050, é o que estima o diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras. Entre os três cenários projetados pela Sucursal Internacional de Vontade (AIE) para o setor, esse é o mais provável. 128 países que participam de 88% das emissões globais de gases do efeito estufa tem compromissos firmados para reduzir a pegada de carbono. Aliás, a redução significativa no dispêndio de energias renováveis (uma vez que eólica e solar, por exemplo) e a chegada de novos combustíveis (uma vez que hidrogênio virente e biodiesel) ajuda a pressionar ainda mais os combustíveis fósseis.

O projecto de trabalho para 2023 da Percentagem Próprio da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verdejante foi revalidado. Seu principal direcionador será o aproveitamento da força do hidrogênio contida em biocombustíveis, a exemplo do etanol e biogás. O agronegócio está investindo no seu potencial dentro da novidade economia criada com o hidrogênio de plebeu carbono. Existe cá uma grande oportunidade de desenvolvimento para o Brasil abastecer a indústria com um insumo de plebeu carbono.

E concluindo nossa estudo, o Indicador Semanal do Etanol Hidratado Combustível em São Paulo, divulgado pelo Cepea/Esalq, estava em R$ 2,5455/l, uma subida de 3,4% no comparativo com os preços há um mês; em 12 de maio, estava em R$ 2,4619/l. Apesar da ligeiro subida no último mês, o indicador ainda segue aquém do mesmo período do ano pretérito: em maio de 2022, a média mensal foi de R$ 3,0615/l e foi a R$ 2,5984 no mesmo mês de 2023. Vale lembrar que no início da safra 2023/24 (abril), a média mensal era de R$ 2,9377/l.

Para concluir, os cinco principais fatos para seguir em julho na calabouço da cana:

  1. Curso das operações de colheita e moedura de cana-de-açúcar na região Núcleo-Sul. O ritmo está quase 17% mais veloz do que no mesmo período do ano pretérito, o que indica a boa evolução. No entanto, vale lembrar que teremos um volume muito maior de cana para processar, além de possíveis impactos do clima (chuvas) nas operações de colheita nos próximos meses.
  2. A confirmação do El Niño e a elevação da verosimilhança de ocorrência de um evento poderoso (56%), será precípuo seguir as previsões de chuva na região Núcleo-Sul, o que pode prejudicar o curso da colheita e as condições fisiológicas das lavouras.
  3. Observar o comportamento do mercado global de açúcar: as estimativas para oferta do adoçante em países da Ásia, que seguem em queda; a previsão de elevação no consumo global; a baixa nos estoques mundiais de açúcar; e o comportamento das usinas brasileiras em função dos preços. A tendência é de subida no mix de produção para o adoçante. Vamos seguir uma vez que segue em julho.
  4. O comportamento de vendas de combustíveis, olhando mormente para o etanol. Ao que parece, as mudanças nas políticas de preços da Petrobras seguem afetando os preços e opções do consumidor. Em maio, as vendas do biocombustível pelas usinas caíram, mesmo diante de subida na oferta com o início e evolução da safra.
  5. Por término, seguir os impactos da cobrança integral dos preços de combustíveis (a partir de 1º e julho) no setor sucroenergético e também na opção de compra do consumidor entre etanol e gasolina. Lembrar também dos efeitos nos custos de produção (pensando no diesel).

Valor do ATR: em maio, o preço mensal do Açúcar Totalidade Recuperável (ATR) ficou em R$ 1,1945/kg, baixa de 1,5% na conferência com o primeiro mês da safra 2023/24, abril. Relembrando os preços nos últimos 3 meses: R$ 1,1792/kg em fev/2023; R$ 1,2019/kg em mar/23; e R$ 1,2129/kg em abril. No momento, o aglomerado mensal está em R$ 1,2033/kg. Nossa expectativa é que fique entre R$ 1,17/kg e R$ 1,20/kg no ciclo atual.


Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Governo da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, profissional em planejamento estratégico do agronegócio. Acompanhe outros materiais na página DoutorAgro.com  e no meio do Youtube.

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, mestrando em Governo de Organizações pela FEA-RP/USP e profissional em informação estratégica no agronegócio.

Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Governo de Organizações na FEA-RP/USP e profissional em lucidez de mercado para o agronegócio.

**Leste texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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