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Entidades do agronegócio repudiam declaração de Lula que associava o setor ao fascismo • Portal DBO

    Entidades do agronegocio repudiam declaracao de Lula que associava o

    Pelo menos sete entidades representativas de produtores rurais repudiaram as declarações do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista ao Jornal Nacional na última quinta-feira (25), em que classificou parte do setor como “fascista” e “direitista”.

    As manifestações da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do São Paulo (Faesp), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) foram divulgados em notas ao longo deste final de semana.

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    Na sexta-feira, 26, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) já havia publicado nota de repúdio semelhante.

    Aprosoja-MT disse que o surgimento do regime totalitário fascista na Itália representa uma “página triste” na história da humanidade. “Embora na ausência de vocabulário ofensivo, muitos usem esse termo para atacar aqueles que não concordam com suas ideias, o uso indiscriminado da terminologia não altera o que ela realmente representa, mas apenas a mera desonestidade argumentativa do remetente”disse a entidade, que representa cerca de 7.500 produtores de soja e milho em Mato Grosso.

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    A associação também afirmou que Lula, em um “lapso de espontaneidade” fez uma “menção desonrosa” aos produtores que não aderem ao seu projeto de governo..

    “Sobre este ataque vil e ofensivo, não há nada mais a dizer do que repudiamos e lamentamos veementemente que quem pensa assim sobre seu próprio povo esteja concorrendo ao mais alto cargo da República. Ainda que, ao ser questionado pelos entrevistadores, o candidato Lula tenha tentado relativizar o teor desrespeitoso de seu discurso, dizendo que era apenas uma parte do setor, ele sabe muito bem que esse tipo de ofensa recai sobre todos, pois a única menção elogios ao setor foram dados por meio de uma citação nominal de um mega agricultor, seu amigo pessoal”disse Aprosoja, referindo-se ao fato de Lula ter mencionado o ex-ministro da Agricultura e também produtor de grãos do Mato Grosso Blairo Maggi.

    A entidade afirmou ainda que talvez a resposta do apoio de muitos produtores ao presidente Jair Bolsonaro seja na defesa da liberdade econômica, dos direitos de propriedade e da segurança e criticou os “ataques violentos” feitos aos produtores pelos “militantes” de Lula.

    A SRB contestou as declarações de Lula sobre as invasões do Movimento dos Sem Terra (MST) serem restritas a terras improdutivas e a associação do setor ao desmatamento.

    “O MST liderou invasões não só de propriedades rurais em diferentes regiões do Brasil, mas também de centros de pesquisa de empresas e instituições que são referências mundiais para o desenvolvimento da agricultura. A SRB também rejeita generalizações atribuídas ao setor, classificando-as como antagônicas às atuais políticas ambientais. Sabemos que a agricultura brasileira vem avançando em práticas cada vez mais sustentáveis, adequando-se às rígidas leis ambientais, e não podemos deixar que os produtores rurais sejam confundidos com criminosos”disse a entidade em nota.

    outras instituições

    A Faesp afirmou que os produtores paulistas “estão longe do espectro fascista” e a favor da agricultura sustentável.

    “A Faesp esclarece que os produtores demonstram – e continuam demonstrando – para toda a sociedade brasileira que defendem a agricultura sustentável, colocando em prática diversas ações e programas com esse objetivo”mencionando a defesa do Código Florestal Brasileiro pela própria entidade e a contribuição para a segurança alimentar do país. “Acreditamos que as manifestações em contrário são fruto do desconhecimento sobre o agronegócio brasileiro”disse.

    A Famasul qualificou a fala de Lula como uma qualificação “frívola” e “criminosa” do agronegócio brasileiro e que demonstra “completo desconhecimento” sobre o setor.

    “A Famasul subscreve as palavras do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, que, durante o Encontro Nacional do Agro, afirmou que ‘não há mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente , muito menos pelo retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão’”disse a entidade.

    A Faec também repetiu a fala do presidente da CNA, João Martins.

    “Diferente do candidato, que nega o assalto aos cofres públicos do país quando estava no poder – crime confessado por seus apoiadores -, os produtores rurais que fazem o agronegócio brasileiro são trabalhadores incansáveis. As palavras do candidato não mudarão a realidade. Ao mesmo tempo em que repudia suas declarações contra o Agronegócio, a Faec conclama o candidato a deixar em paz quem quer produzir e gerar renda!”defendeu a entidade que representa os produtores rurais cearenses.

    A Farsul criticou o uso do termo, dizendo que o discurso ofendeu “milhões de produtores rurais e industriais, comerciantes, prestadores de serviços, trabalhadores rurais e empresas do agronegócio”.

    “Não é o ataque que nos preocupa, mas a demonstração inaceitável de ódio contra eles. Seria mais importante para o país se tivessem sido apresentadas propostas, pois, durante o ciclo petista no poder, vivenciamos a nova matriz econômica, que mergulhou o país na maior crise econômica dos últimos 100 anos. Ou, no mínimo, uma proposta clara de como evitar que os escândalos de corrupção ocorridos durante seu mandato se repitam”refutou a entidade.

    Na sexta-feira, a ABCZ afirmou que as declarações de Lula mostram seu desconhecimento sobre o setor.

    “Lula chamou o agronegócio brasileiro de “fascista”, demonstrando total desconhecimento sobre a importância e a realidade do nosso setor. Mais do que sustentar economicamente o país, a pecuária e a agricultura brasileira são reconhecidas por sua fundamental importância para a segurança alimentar mundial. Assim, esse setor não pode ser rotulado como violento e autoritário”diz o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Junior, também em nota.

    Fonte: Portal DBO