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Embrapa participa de painel sobre Duas Safras na 45ª Expointer e apresenta…

Chefe-Geral da Embrapa Trigo abordou o potencial de intensificação agrícola sustentável com base nas condições disponíveis no Estado

Representantes de entidades do agronegócio gaúcho, incluindo lideranças das Unidades da Embrapa no estado, participaram do Campo em Debate, promovido pela RBS TV, para integrar o painel “Duas Safras, mais receita para o agronegócio gaúcho”. O objetivo foi discutir o potencial e as projeções do Programa Duas Safras para o Estado. O evento foi realizado na Casa da RBS TV, durante a 45ª Expointer, no Parque Assis Brasil, em Esteio/RS, com transmissão ao vivo.

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Assista ao painel completo no vídeo abaixo:

Avaliações de pesquisa agrícola

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Como parte da pesquisa, o painel contou com a participação do pesquisador Jorge Lemainski, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), que abordou o potencial de intensificação agrícola sustentável a partir das condições disponíveis no estado. Ele iniciou a palestra destacando que a agricultura brasileira é movida pela ciência, apresentando dados sobre o crescimento do setor desde a década de 1970.

Para ele, há uma oportunidade ambiental no Brasil, com potencial de intensificação agrícola, na conversão da energia solar em alimento, fibra e energia. O pesquisador exemplifica que o país tem a vantagem comparativa de ter 365 dias de sol por ano para a atividade agrícola. Considerando o município de Passo Fundo, ele explicou que a cultura da soja ocupa 50% da radiação solar no ano, enquanto a sucessão trigo-soja ocupa 77%, restando 23% dessa energia livre para ser convertida em uma possível terceira safra.

Ele explicou ainda que a sucessão da soja com o trigo, intercalada com períodos de pousio entre safras, já tem impacto na mitigação das emissões de dióxido de carbono (CO2) e na remuneração dos produtores. No entanto, considerando a intensificação produtiva sustentável preconizada pela Duas Safras, com a inserção de culturas como cevada, centeio e triticale nesses períodos de pousio, a fixação de carbono pode ser aumentada, auxiliando também na construção de uma estrutura do solo para uma maior reserva de água e, portanto, reduzindo o risco de quebra de safra durante os períodos de calor fora da estação.

Ainda de acordo com Lemanski, a Duas Safras, além de convergir para melhorar as condições do solo, também contribui para o abastecimento da cadeia de proteína animal para suínos e aves, já que trigo, triticale e cevada podem substituir até 100% do milho na ração composição. Além disso, os cereais de inverno também teriam um papel importante nessa intensificação, aumentando os ciclos de pastejo e a produção de silagem.

A pesquisadora finalizou destacando as competências nacionais estabelecidas no campo da ciência, da agroindústria e da cadeia produtiva, bem como de infraestrutura, para essa intensificação produtiva, encarando esse potencial como um caminho para a segurança alimentar dos povos e como uma nova fronteira agrícola a ser explorado. . “E a Duas Safras é uma convergência de inteligências para mantermos competência com competitividade para a cadeia da proteína animal”, acrescentou.

Contribuições Unitárias

Em seguida, o pesquisador Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), acrescentou as principais contribuições tecnológicas ao Programa Duas Safras. De acordo com o pesquisador, tecnologias como a regularização do solo e o sistema sulcador permitem o cultivo de milho, soja, cereais de inverno e forrageiras em áreas orizícolas, aumentando a produção, facilitando a irrigação e drenagem e aumentando a matéria orgânica. do solo ao longo dos anos, devido à menor rotatividade do solo.

“É uma resposta tecnológica à gigantesca demanda por cereais, principalmente milho, no Rio Grande do Sul, e por soja, principalmente nos países asiáticos”, explicou. Ele também destacou que a propriedade sustentável exige o cultivo de várias espécies vegetais associadas à pecuária, principalmente utilizando as práticas recomendadas pelo Projeto Duas Safras.

O pesquisador Fernando Cardoso, da Embrapa Pecuária Sul, acrescentou, falando sobre o papel da pecuária dentro da Duas Safras. Para ele, a atividade, além de ocupar áreas não destinadas à agricultura, será um importante componente de sustentabilidade dentro de sistemas integrados e intensificados. “Tanto pela segurança do produtor, como atividade de menor risco, quanto pela rotação de culturas, e também pela ciclagem de nutrientes e benefício geral ao sistema”, detalhou.

Ele também apresentou dados sobre algumas soluções desenvolvidas, como o Pasto sobre Pasto, e apontou oportunidades na produção de leite, por meio da pecuária a pasto ou silagem produzida na entressafra, com menores custos de produção e, portanto, maior competitividade. “A pesquisa se sente muito comprometida, trazendo tecnologias para a produção de alimentos, carne, leite, todos os outros produtos, cada vez mais sustentáveis, saudáveis, que melhoram a saúde das pessoas que os consomem”, concluiu.

Painelistas e debatedores

O painel e o debate foram mediados pela jornalista Gisele Loeblein e também contou com a participação do economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, que abordou a importância do Programa Duas Safras na economia do Estado; o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, que também abordou as potencialidades e expectativas da iniciativa; o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS), Eduardo Condorelli, que falou sobre a importância da profissionalização do produtor rural para a Duas Safras; e o ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, que destacou a importância da iniciativa.

Além desses, também falaram representantes de outras entidades que integram a Duas Safras, como o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Sergio Luis Feltraco; o presidente da Federação das Associações de Produtores de Arroz do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho; o diretor-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), Carlos Alberto Falchi; o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos; o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber; o representante da Associação das Empresas de Cereais do Rio Grande do Sul (ACERGS), Caio Nemitz; e a chefe de relações governamentais da Corteva, Rosemeire dos Santos.

Sobre o Projeto Duas Estações

Iniciado em 2021, o Projeto Duas Safras é uma iniciativa conjunta da Farsul, Senar/RS, Embrapa, ABPA, Fecoagro/RS, Asgav e Federarroz, que busca desenvolver a agricultura gaúcha por meio da intensificação sustentável da produção agrícola em duas safras, principalmente com intensificação das lavouras de inverno e integração entre a produção agropecuária. As Unidades Pecuária Sul, Clima Temperado, Trigo e Suínos e Aves (Concórdia, SC) participam do projeto da Embrapa.



Fonte: Noticias Agricolas

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