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EL NIÑO começou e deve ser mais forte que o esperado

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O Centro Americano de Previsão do Clima (CPC-NOAA) divulgou na última quinta-feira (08/06) um boletim confirmando a instalação do fenômeno El Niño. Essa condição se estende por todo o período de previsão, que compreende até o trimestre de janeiro, fevereiro e março de 2024. As probabilidades são superiores a 90% do trimestre de junho, julho e agosto de 2023 – indicando uma forte confiabilidade dessa previsão.

O gráfico mostra as probabilidades de El Niño (barras vermelhas) entre os trimestres de maio-junho-julho de 2023 (MJJ).

As projeções também indicam a possibilidade de um forte El Niño – com picos de temperatura de +1,5°C acima da média em alguns trimestres.

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Com a influência do El Nino, o padrão de chuvas muda em todo o planeta, modulando as condições nas regiões produtoras. Dessa forma, tentaremos projetar – com base no comportamento do clima – como esses padrões pluviométricos podem influenciar as principais commodities do mercado agrícola no cenário brasileiro.

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Trigo 2023

As condições pluviométricas e de temperatura são muito favoráveis ​​no sul do Brasil, a tendência é um inverno mais úmido, com temperaturas acima da média – com menor ocorrência de geadas intensas. Desta forma, não há restrições quanto às necessidades hídricas das lavouras ou baixas temperaturas. No entanto, essas chuvas mais recorrentes podem ser um fator de preocupação em relação às operações de colheita e proliferação de doenças fúngicas.

Milho Isso é soja 2023/24

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Em períodos de El Nino, embora não haja grande correlação entre as chuvas no Brasil central, as projeções indicam um período mais seco e mais quente. Essa combinação de falta de chuva e temperaturas mais altas é um fator limitante para o potencial produtivo das lavouras, principalmente em relação à restrição hídrica. Um verão mais seco pode comprometer a cultura, levando a menores taxas de germinação e, consequentemente, reduzindo a produtividade. Além disso, temperaturas mais altas podem aumentar a evapotranspiração, o que pode agravar os efeitos da falta de chuva. Esse cenário é previsto no Brasil central, tomando Mato Grosso, estado responsável por 33% da produção nacional de milho primeira safra e 26% da soja. No entanto, a boa disponibilidade hídrica pode alavancar a produção dessas cultivares no Paraná e no Rio Grande do Sul, responsáveis ​​conjuntamente por 20% da produção de milho e 29% da produção de soja.

Algodão 2023/24

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Mato Grosso (72%) e Bahia (20%) são os principais produtores da fibra no Brasil, com plantio iniciado em meados de dezembro na Bahia e janeiro no Mato Grosso. Portanto, o sucesso da temporada vai depender da disponibilidade de chuvas neste verão. E diante do cenário projetado, a tendência é de um período mais seco e quente, condição que aumenta a perda de água do solo e das plantas por evaporação. Além disso, temperaturas noturnas acima de 27°C limitam a formação de brotos e a floração. Com relação à qualidade da fibra, o estresse por falta de água pode causar redução no comprimento da fibra e, dependendo da severidade e estágio de desenvolvimento da planta, pode contribuir para o aumento ou diminuição do índice micronaire.

Arroz 23/24

A região Sul, responsável por 80% da produção nacional, enfrentará desafios no plantio e no desenvolvimento da cultura, principalmente em relação ao excesso de chuvas. Tanto para o arroz irrigado por inundação quanto para o arroz de terras altas, chuvas excessivas e frequentes podem prejudicar o crescimento das plantas, reduzindo a disponibilidade de luz solar durante o ciclo da cultura. Chuvas excessivas também prejudicam as práticas de manejo das lavouras. Ainda está fora do horizonte de previsão, mas se a colheita coincidir com um período de chuvas intensas, perdas são inevitáveis, como a redução da produtividade por acamamento das plantas.

Cana de açúcar

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Em geral, as principais regiões produtoras terão um clima sem grandes influências do fenômeno El-Niño. No entanto, as projeções indicam temperaturas acima da média em todos os setores do país, o que deve acelerar a perda de umidade devido às maiores taxas evaporativas. Ocasionalmente, períodos mais secos durante a fase de maturação podem causar redução na produtividade dos colmos, mas, por outro lado, podem aumentar a concentração de sacarose, o que, em alguns casos, pode até ser vantajoso do ponto de vista produtivo.

Café

De acordo com o cenário apontado com influência do El-Niño, o estado de Rondônia pode enfrentar um período mais seco. Essa condição pode prejudicar significativamente o cafeeiro, levando a danos como murcha, desfolha, galhos secos, deficiências nutricionais e suscetibilidade a pragas e doenças. As perdas se manifestam em prejuízos no desenvolvimento e produção dos frutos, mudanças no tamanho e tipo de café e diminuição da produtividade. Por outro lado, os estados produtores da região sudeste podem não ter mudanças significativas em relação às condições climáticas.

Matéria elaborada pelo meteorologista Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete

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Fonte: Agro

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