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“É uma pena o que está acontecendo no Carf”, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu hoje (31) o retorno do voto de qualidade ao Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). O voto de qualidade prevê que os conselheiros que representam o Tesouro Nacional, que presidem os grupos e câmaras do Carf, empatam os votos nas disputas tributárias a favor da União. Desde 2020, porém, a legislação estabelece que, em caso de empate, os contribuintes serão beneficiados.

“Gostaria de julgar meus próprios colegas, como todas as empresas estão fazendo hoje. Mas sinceramente, é uma pena o que está acontecendo no país. Não há país no mundo com esse sistema administrativo de solução de controvérsias”, afirmou.

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“Não tem como justificar uma coisa dessas. Não há países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] com esse sistema. Não existe nenhum país do G20 com tal sistema. É impossível o contribuinte julgar um auto de infração como está acontecendo agora. Estamos falando de 20 ou 30 empresas que estão se beneficiando com o empate do contribuinte”, acrescentou.

Para Haddad, o que ocorre hoje no Carf afronta a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema. “Como um órgão administrativo pode reverter uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que é um órgão colegiado com 11 ministros? E alguém vem dizer que isso é normal?

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Fevereiro
Na manhã de hoje, Haddad visitou a sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), acompanhado dos ministros Simone Tebet, do Planejamento; Esther Dweck, de Gestão Pública e Inovação; e Carlos Fávaro, da Agricultura, além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

A convite do presidente da federação, Isaac Sidney, os ministros e o presidente do BNDES conversaram com membros da diretoria da entidade. A reunião foi encerrada, mas os ministros falaram à imprensa ao deixarem o local.

Ao lado dos ministros do Planejamento e Gestão, Haddad disse que a reunião desta manhã com a Febraban serviu para o governo apresentar sua nova agenda econômica aos bancos. Essa agenda, segundo ele, tem como base a reforma tributária, o arcabouço fiscal e as mudanças no crédito.

Ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ministro já havia apresentado essa pauta aos empresários. Hoje, aos bancos, o ministro voltou a falar que a reforma tributária encontrou um ambiente favorável para ser aprovada pelo Congresso Nacional.

“Discutimos aqui, na presença da ministra Simone Tebet e na presença da ministra Esther, uma agenda para o setor produtivo”, disse. “A reforma tributária já poderia ter sido votada e não foi. E pode ser votado porque o Congresso está maduro. Os deputados e senadores estão tomando posse agora, mas existe um ambiente muito favorável nas duas casas e isso tem um impacto muito forte no crescimento econômico para melhorar a vida das empresas, melhorar a vida das indústrias, para dar mais transparência ao sistema tributário , para permitir que avancemos no segundo semestre e discutamos a regressividade do sistema tributário que penaliza as famílias mais pobres. Tudo isso está na agenda econômica do país”, disse o ministro.

“A segunda coisa é o quadro fiscal. Vamos enviar uma nova regra tributária ao Congresso. Isso já está contratado. Estamos dando tempo para a equipe econômica formular uma proposta. Isso dará segurança e previsibilidade aos agentes econômicos”, acrescentou.

Sobre a questão do crédito, Haddad disse ter conversado ontem com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “sobre uma agenda de crédito rápido no país, [que prevê] sistema de garantia, redução do spread [bancário] e melhoria do ambiente de competição para que haja crédito mais barato no Brasil”.

Outro assunto abordado no encontro e que, segundo ele, já vem sendo discutido desde a segunda semana de janeiro com os bancos do país, é sobre o Desenrola, voltado para a renegociação de pequenas dívidas.

“Será apresentado na próxima semana ao presidente Lula e deve ser lançado em fevereiro”, disse o ministro.

FMI
Aos jornalistas, ao sair do encontro, Haddad também comentou sobre as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia brasileira. A atualização do FMI mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 1,2% este ano e 1,5% em 2024.

“Os bancos brasileiros também fizeram projeções e todos estão aumentando o crescimento deste ano para 1,5% ou 1,7%. Estamos em janeiro e depende da política econômica também, que está em curso”, afirmou.

Combustíveis
Haddad disse que não discute isenções de combustível “desde 1º de janeiro”, quando o atual governo assumiu. Segundo ele, até o momento sua pasta não foi provocada sobre a possibilidade de prorrogação da medida.

“A partir de 1º de janeiro, não discuto mais esse assunto”, disse ele. “A decisão [de editar a medida provisória] foi levado pelo presidente da República, que, obviamente, pode revisitar o assunto, mas até agora não houve nenhuma provocação dele ao Ministério da Fazenda”, disse Haddad.

Eleição para o Senado
Em entrevista a jornalistas, a ministra Simone Tebet disse que participará de um almoço hoje em Brasília para “verificar os votos” para a presidência do Senado Federal. Segundo ela, o atual governo apoiará a candidatura de Rodrigo Pacheco à reeleição como presidente da Câmara.

“A estabilidade econômica depende da estabilidade institucional. Portanto, entendemos em Pacheco a figura de um presidente capaz de harmonizar-se com os demais poderes. Sem isso, não se pode falar em taxa de juros, garantindo menor inflação, crescimento econômico, geração de emprego e renda e qualidade dos serviços públicos. A democracia é o grande guarda-chuva”, disse ela.



Fonte: Noticias Agricolas

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